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REVISTA DA ARMADA | 549
VIGIA DA HISTÓRIA 116
HOMENS
DE CHAPÉU
ste assunto já, em tempos, foi objecto de uma proposta de
EarƟ go que, tal como sucedeu com algumas outras, desa-
pareceu no espaço entre o meu computador e o computa-
dor onde deveria ter “atracado”. Como já aqui também Ɵ ve
oportunidade de referir, não tenho por hábito guardar cópia
do que escrevo, tão-pouco das fontes de que me socorri para
o escrever. Como o assunto me parece interessante, arrisco,
mais uma vez baseado na memória, recuperá-lo e esperar que
o eventual leitor acredite na veracidade do que deixo relatado.
No decurso do séc. XVII um cidadão natural de Goa, a viver
em Moçambique, não terá conseguido adaptar-se a ali viver,
alegadamente por moƟ vos de saúde, tendo requerido
ao Governador de Moçambique autorização para
regressar à Índia, bem como o transporte para
esse efeito.
A pretensão apresentada logrou a aprovação,
tendo-lhe sido concedido transporte numa das
embarcações que periodicamente faziam a liga-
ção entre Damão ou Diu e Moçambique, navios
esses cujas guarnições eram consƟ tuídas unica-
mente por indianos.
Confrontado com aquela situação, o protago-
nista desta história apresentou novo requeri-
mento solicitando, desta vez, que lhe fosse
concedido transporte, mas num dos navios
que, vindos do Reino, escalavam Moçam-
bique no decurso da viagem para a Índia.
A jusƟ fi cação apresentada para este
novo pedido era de que não estava
habituado às comidas (tanto quanto
julgo lembrar-me o termo apresen-
tado era o de “comeres”) dos tripu-
lantes, possivelmente bem condi-
mentadas, pois, contrariamente
ao que sucedia com os tripu-
lantes, ele era “Um Homem
de Chapéu“, termo que, ao
tempo, era usado na Índia
para idenƟ fi car os mesƟ ços,
que desse modo procuravam
afi rmar socialmente a sua
diferença e importância.
Cmdt. E. Gomes
N.R. O autor não adota o novo acordo ortográfi co
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