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REVISTA DA ARMADA | 575
Nos 11 anos anteriores à revolução de 25 de abril de 1974, soía
realizar-se uma grande Cerimónia Militar na Praça do Comércio
(Terreiro do Paço), em Lisboa, a 10 de junho. Essa Cerimónia
constituía o ponto alto das comemorações do Dia de Camões,
de Portugal e da Raça; nela eram impostas condecorações por
feitos em combate no Ultramar.
Depois de abril de 1974, as comemorações do 10 de junho
deixaram de incluir qualquer cerimónia militar. Em 2003, através
de uma Resolução do Conselho de Ministros (RCM) de 7 de
fevereiro, foi “instituído o Dia das Forças Armadas, cuja celebração
ocorrerá a 24 de junho , data em que se evocam os aniversários
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da Batalha de São Mamede e do nascimento do Condestável
D. Nuno Álvares Pereira”.
Porém, mesmo sem a revogação da referida RCM, a celebração
das Forças Armadas voltou a estar associada ao Dia de Portugal, Notas
de Camões e das Comunidades Portuguesas. 1 Transcrito nas páginas 5 a 8 desta edição da RA.
Em Lisboa, fundeado frente ao Palácio de Belém, o NRP João 2 Segundo a RCM, "as cerimónias e atividades do Dia das Forças Armadas
Roby participou nas comemorações efetuando 19 tiros de salva realizam-se no sábado imediato posterior a 24JUN, sempre que a mesma não
coincida com este dia da semana”.
frente a Belém, na manhã de 10JUN.
Discurso do
Presidente da República
Portugueses, irrompeu a aventura coletiva de nos separarmos do reino de Leão,
de nos apartarmos dos nossos irmãos galegos, de arrancarmos
Braga recebe hoje, muitos anos depois, de novo, o 10 de junho, do galaico-português para a nossa língua do futuro, de sediarmos
o Dia de Portugal, de Camões, das Comunidades e das Forças cortes em Braga, mas também em Guimarães, de avançarmos
Armadas. O dia do Povo Português! para o Sul, de nunca mais pararmos na nossa afirmação nacional.
Porque Portugal é o seu povo. Camões cantou esse povo, as E o povo sempre presente. Presente na sua fé cristã, mas também
comunidades são o povo espalhado pelo mundo, as Forças abraçando outras fés e a liberdade de ter ou não fé. Uma e outra
Armadas são povo armado para servir Portugal. realidade que sofreu durante tanto tempo, presente naquele
E é justo e natural que Braga, o Minho, celebrem o nosso povo, templo primeiro de dar a sua vida pelos seus suseranos, pelo
como tão eloquentemente o ilustrou a magistral oração do seu rei, pela sua independência. Presente nos seus municípios,
mestre de vida, Professor Jorge Miranda. que nasceram diversos, nos usos e nos forais, antes de serem
Porque aqui, bem junto de onde estamos, a Sé de Braga, a submetidos ao poder político central.
primeira das Espanhas constituiu, sem o saber, um pilar essencial Sempre, sempre presente o povo! Porque se é verdade que
da nossa portugalidade. Muitos, muitos séculos antes de haver os seus soberanos, os seus líderes, os seus chefes, encheram
Portugal! Porque aqui, neste Minho, onde nos encontramos, também páginas da nossa história, não é menos que sem o povo,
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