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REVISTA DA ARMADA | 576
          NRP ARPÃO



          REVISÃO INTERMÉDIA COM DOCAGEM



          Findou recentemente a primeira Revisão Intermédia, com docagem (RI01+D01), do NRP Arpão.  Nos seus primeiros 8 anos de vida,
          o segundo submarino da classe Tridente, da 5ª Esquadrilha de submarinos portugueses, cumpriu mais de 16.000 horas de navegação
          e mais de 13.000 horas de imersão em águas nacionais e internacionais, participando em dezenas de missões.
          Ao fim desse tempo operacional, e de acordo com o plano de manutenção definido, o NRP Arpão entrou na doca seca do estaleiro
          naval Arsenal do Alfeite, S.A. (AA, SA), sediado na Base Naval de Lisboa – Alfeite.

          PRINCIPAIS SISTEMAS INTERVENCIONADOS                 A RI01+D01 do NRP Arpão comportou mais de 120.000 homem/
                                                              hora  de  trabalho  dos  principais  intervenientes,  AA,SA  e  TkMS,
                        om  um  acompanhamento  e  supervisão   tendo  ainda  pautado  por  um  esforço  assinalável  da  parte  do
                     Cpermanente  da  Divisão  de  Submarinos   estaleiro no incremento da segurança no trabalho e no recurso a
                     da  Direção  de  Navios  (DN-DS),  esta  ação  de   ferramentas de planeamento e gestão do projeto.
                     manutenção  envolveu  a  intervenção  e  revisão
                     da quase totalidade dos sistemas de bordo, com  HAT  – PROVAS FINAIS A CAIS
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                     especial  incidência  na  área  da  plataforma,  dos
          quais se destacam:                                   A flutuação, na doca seca do  AA, SA, milestone fundamental
           – A total retificação do Glass Reinforced Plastic (GRP), material   num projeto desta envergadura, ocorreu em novembro de 2021,
            que reveste e protege o casco resistente na área do convés,   tendo o submarino iniciado de imediato provas a cais – HAT – já
            torre e reservatórios de hidrogénio;              atracado no cais 6 da Base Naval de Lisboa, para aceitação dos
           – A inspeção ao casco resistente, com a identificação e retificação   sistemas intervencionados em estaleiro.
            dos  pontos  de  corrosão,  a  revisão  de  várias  válvulas  de   Esta fase é de elevada importância, uma vez que são colocados
            circuitos ao mar e pneumáticos, incluindo todas as passagens   ao serviço todos os sistemas, pressurizados os circuitos hidráulicos
            do casco, que são o garante da segurança da guarnição;   e pneumáticos. Deste modo, é levada a cabo a certificação dos
           –  A  substituição  dos  mais  de  seis  centenas  de  elementos  da   trabalhos realizados antes das provas a navegar, i.e., procede-se
            bateria  principal,  cuja  relevância  se  manifesta  por  ser  a   à confirmação minuciosa dos sistemas, para verificação da sua
            principal fonte de alimentação do submarino;      funcionalidade  de  acordo  com  o  elevado  padrão  de  exigência
           – As escotilhas e painel amovível;                 necessário ao funcionamento de um submarino em imersão.
           – Todos os componentes da linha propulsora e hélice;   Findadas as provas a cais, foi necessário treinar a guarnição de
           – O sistema hidráulico;                            forma a garantir a realização das Provas de Mar em segurança.
           – Os sete mastros, onde se incluem o Periscópio e o mastro   Começou-se  por  um  plano  de  treino  interno  de  revisão  dos
            Snorkel;                                          procedimentos  de  operação  e  de  reação  a  avarias,  seguido
           –  Todos  os  equipamentos  de  emergência  e  salvamento,  nos   do  Plano  de  Treino  de  Segurança  (PTS),  avaliado  pela  Equipa
            quais se destacam o tronco telescópico e o tronco da torre,   de  Avaliação  de  Submarinos,  entidade  da  Esquadrilha  de
            fundamentais para a realização de escape/ascensão livre em
            caso de acidente;                                 Subsuperfície (ES) que garante o treino e avaliação dos padrões
           –  Todos  os  tanques  interiores  e  exteriores  bem  como  os   de prontidão das guarnições dos submarinos.
            reservatórios de ar comprimido e acumuladores hidráulicos;   O PTS foi realizado com o navio atracado, simulando a condição
           –  Os  oito  tubos  lança-armas  e  o  respetivo  sistema  de   de  navio  a  navegar,  o  que  permitiu  avaliar  e  incrementar  os
            movimentação;                                     padrões de prontidão da guarnição. Este treino permitiu fazer a
           –  A  revisão  do  sistema  de  lançamento  de  armas  (para  os   avaliação da proficiência dos militares da guarnição na operação
            torpedos  «BlackShark»  e  misseis  «SubHarpoon»);  e,  não
            menos importante,
           – A renovação dos equipamentos da cozinha.
          AÇÃO DE MANUTENÇÃO EM PORTUGAL

           Este projeto constituiu um pilar para a sustentação da capacidade
          submarina  em  Portugal,  na  medida  em  que  até  aqui  todas  as
          Revisões  com  docagem  (PR  e  RI)  tiveram  lugar  no  estaleiro
          construtor, Thyssenkrupp Marine Systems (TkMS ), localizado em
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          Kiel, Alemanha. Por este motivo, representou também um marco
          para o Arsenal do Alfeite.
           Designada como Grande Revisão (GR) na anterior Classe Albacora,
          a última GR de um submarino da Marinha – o NRP Barracuda
          – findara em 2003. Atento o hiato temporal e salto tecnológico
          significativos, foi desenvolvido um programa de capacitação por
          parte do AA, SA, que  contemplou  o  empenhamento  de vários
          funcionários na RI01+D01 do submarino Tridente em Kiel, entre
          2017 e 2018, e ainda a aquisição de algum equipamento.   Navio em doca seca, sendo visível parte do interior do tronco da torre.


          12  AGOSTO 2022
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