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REVISTA DA ARMADA | 577
NRP ARPÃO
PATRULHANDO O MAR MEDITERRÂNEO
O submarino Arpão largou da Base Naval de Lisboa (BNL) a 25 de março de 2022, rumo ao Mar Mediterrâneo. A missão, no âmbito dos
compromissos internacionais com a NATO e com a União Europeia (nomeadamente com a sua Força Naval EUNAVFOR MED - ENFM),
marcou o início do ciclo operacional após a grande revisão. A guarnição era composta por 33 militares - 8 oficiais, 11 sargentos e 14 praças.
INÍCIO DE CICLO OPERACIONAL de tráfego marítimo e onde se misturam as águas do Oceano
Atlântico e o Mar Mediterrâneo. Esta última característica
aprontamento teve início em fevereiro, quando ao SAT se requer um planeamento minucioso por parte da equipa de
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O seguiu o treino operacional – a certificação necessária de navegação de bordo, pois é necessário:
que a plataforma se encontrava pronta e a guarnição atingisse os – Calcular com precisão as correntes no local, provocadas
níveis de padrão operacionais exigidos para o cabal cumprimento pelas significativas diferenças de densidade; e
das missões atribuídas. – Evitar as áreas de mistura das águas, habituais zonas
À medida que se aproximava o início do ciclo operacional, de turbulência e correntes verticais, as quais influenciam o
crescia a motivação e ansiedade. A motivação pela chegada movimento do submarino.
do dia em que se iria voltar ao mar, em contexto operacional. A Com os cálculos feitos, o NRP Arpão cruzou o Estreito de Gibraltar
ansiedade pelo aperto de deixar em casa as famílias e amigos. durante uma noite de março, entrou no Mar Mediterrâneo em se-
Aquando da largada, o CEMA, ALM Gouveia e Melo, dirigiu-se à gurança, apesar do desafio dalgumas correntes contrárias e efetuou
guarnição começando por enaltecer a importância estratégica dos uma primeira paragem logística no porto de Cartagena, em Espanha,
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submarinos para Portugal. Enquanto ex-submarinista e, portanto, local tão conhecido pela comunidade submarinista portuguesa.
bom conhecedor da realidade da vivência a bordo, manifestou no
discurso que proferiu o seu apoio perante o longo período que PATRULHAS
se avizinhava. As suas palavras próximas conseguiram promover
o espírito de missão e reforçar a motivação da guarnição, A primeira patrulha iniciou-se após a largada de Cartagena e
focando-a no cumprimento dos objetivos de interesse nacional e começou com a integração do Arpão na Operação SEA GUARDIAN
compromissos internacionais. (OSG) do NATO Allied Maritime Command (MARCOM).
Ao longo da costa portuguesa e a caminho do Estreito de Esta operação visa promover a segurança marítima no Mar
Gibraltar, a guarnição do NRP Arpão iniciou o seu treino de: Mediterrâneo, de forma a garantir a liberdade de navegação e o
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– Recolha de informação, para adestrar-se na capacidade de conhecimento situacional de áreas de interesse da NATO neste
recolha de dados de navios e pontos de interesse; e mar, com foco nas atividades de tráfico de estupefacientes, armas
– Reação a avarias e emergências, vulgo Limitação de Avarias, e pessoas, vigilância do tráfego marítimo e poluição marinha.
vital em termos de segurança da guarnição e da plataforma, mais Ao navegar para leste, o submarino entrou na área de operação
a mais por se navegar tão longe de casa. da ENFM – Operação IRINI , tendo assim a oportunidade de
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contribuir para esta missão da UE no Mediterrâneo central.
PRIMEIRO DESAFIO Findada a primeira longa patrulha em imersão, demandou-
se o porto de Cagliari, na ilha da Sardenha, em Itália. Nesta
À chegada ao Estreito, o NRP Arpão encontrou o seu primeiro paragem, além do merecido descanso, foi necessário aprontar
desafio - transitar em imersão numa área de grande densidade o submarino para a sua segunda patrulha, mormente pequenas
6 SETEMBRO / OUTUBRO 2022