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REVISTA DA ARMADA | 579

NATAL IGUAL... Presépio Real da Basílica da Estrela, de autoria do escultor Machado de Casto, Séc. XVIII.

EM TEMPOS DIFERENTES

O menino cujo nascimento nos preparamos para celebrar, não em bem, dá sentido ao viver e ao morrer, dá sentido ao sofrer...
é um menino qualquer, não surge do nada na história. Os Evan- desde o berço na manjedoura... até à cruz.
gelhos inserem Jesus na história dos homens, ao contemplá-lo Não há ressurreição sem haver nascimento, vida partilhada
na descendência mais sublime do povo Judeu. Deus teve esse e morte. Não podemos chegar à Páscoa da vida eterna, se não
cuidado, de querer ser homem plenamente inserido na história nascermos de novo, viver o natal implica renascer naquele que
e esperança de um povo, n’Ele se cumpre este tom profético do nasce, revestir-se do Seu manto de esperança, erguer a cabeça e
Patriarca Jacob: “O cetro não será tirado de Judá, nem o bastão presistir no encalce das suas peugadas e do Seu Mandamento:
de comando dentre seus pés, até que venha Aquele a quem per- “Ama o teu próximo com a ti mesmo!”
tencem e a quem obedecerão os povos”. Os dois últimos anos, vivemos natais diferentes: isolados e se-
Muitos de nós aceitamos e compreendemos o Cristo histórico... parados dos entes mais queridos, devido à pandemia. Este ano,
muitos de nós aceitamos as nossas tradições, que são milenares ainda paira no ar, mas, parece estar sob controle, e graças ao
e resultam da vida, da fé e da esperança daqueles que nos pre- esforço de todos, podemos estar juntos este ano.
cederam, que sustentou gerações e gerações, e se elas chegaram Agora clamamos por paz: “... na terra, e aos homens de boa
até nós, acredito que nos tenham transmitido o melhor que ti- vontade!”, é a súplica de Natal a Deus e aos homens, para bem de
nham, o bem mais precioso, e esse, inequivocamente é Cristo, o toda a humanidade.
Homem-novo, que inserindo-se na nossa história a marcou para Em caminho rumo à Jornada Mundial da Juventude, Lisboa
sempre... desde o nascimento até à morte... desde Belém até Je- 2023 (JMJ), somos convidados a contemplar Jesus, Maria e José
rusalém, e daí... até aos confins do mundo e dos tempos. em cada família que se reune na noite de Natal.
E o natal é apenas o principio da maior e mais bela história Será Natal se formos capazes de partilhar o que temos e o que
de amor de um Deus que assume a condição da criatura, para a somos, uns com os outros. O melhor presente a oferecer ou a
elevar à condição de filhos e herdeiros dos seus maiores dons. receber, não sejam coisas, mas sentimentos, palavras, sobretudo
Todos recebemos desses dons (com mais ou menos fé, com maior gestos que façam toda a diferença.
o menor indiferença), de um Deus que apesar de tudo o que re- A todos os militares, militarizados, funcionários civis e suas fa-
aliza na Sua grandeza, não impõe, mas converte-se em caminho mílias; aos doentes, reclusos, e sobretudo aos que nesta quadra
e caminhante. vão estar sós; à grande família da Marinha de Portugal, um Feliz
“O Verbo fez-se carne e habitou entre nós...”, e nós vimos a Natal e um Ano Novo de 2023 abençoado.
Sua glória, somos testemunhas enviadas a transmitir, vivendo o
mistério de um amor tão sublime, que responde ao mal com o São os votos da
bem, ao ódio com amor, à ofensa com perdão, à guerra com paz, CHEFIA DE ASSISTÊNCIA RELIGIOSA
e à crise com esperança. Converte as derrotas em vitórias, o mal

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