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REVISTA DA ARMADA | 579

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O CASACA - II

Autor: 2TEN TSN-ARQ Paulo Guedes

orria o ano de 1971. O destacamento (DFE 4), já com muito imponente, e que ainda hoje existe, estava encostado ao rio,
Ctempo de Ganturé, foi transferido para Vila Cacheu, na margem perto da ponte-cais e da fortaleza, e as suas traseiras dão para as
esquerda do Rio Cacheu, muito perto da foz. Aqui, a actividade era bolanhas, a leste.
diferente. Apesar de haver infiltrações do IN, a maior largura do O Comandante admoestava o Casaca um dia; passados uns
rio dificultava as cambanças e as patrulhas de botes eram muito dias já estava metido noutra. Um dia o Casaca apareceu com três
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tranquilas. Também ajudava a proximidade de S. Domingos, na vacas, que tinha ido roubar a uma aldeia na margem sul do Cacheu
margem norte, Chão Felupe, que não apoiava a guerrilha. durante uma patrulha nocturna. Mais uma prelecção ao Casaca
Por outro lado, Vila Cacheu estava a Oeste de uma zona por ter posto em risco as vidas do resto da patrulha, proibição de
considerada libertada pelo PAIGC, o Churo-Caboiana. A intensa voltar a ter iniciativas semelhantes sob risco de ir preso.
actividade militar, as operações “Rusga Grande” nos meses que Nunca se percebeu como couberam três vacas vivas em dois
antecederam a chegada do destacamento e nos seguintes, tinham Zebros!...
aparentemente pacificado a zona. Posteriormente, numa patrulha ofensiva na margem Sul, fomos
Decorria a construção da estrada Teixeira Pinto – Vila Cacheu, pelo alvejados por uns IN que andavam por ali. No momento, quem
que foram realizadas várias patrulhas ofensivas, estas chamadas levava a MG-42 era um pupilo, o Carnide, que mal tinha força para
de “Abre Pista” e que levaram à captura de várias dezenas pegar na arma, mas logo abriu fogo e ajudou a enxotar o IN. O
de populares e o do seu realojamento ao lado dos quartéis . Casaca ficou atrás duma árvore sem se mexer. O Comandante viu
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Essa estrada implicava desflorestar uma faixa de duzentos metros tudo e foi perguntar-lhe porque não tinha ele assumido o fogo.
para cada lado, antes de se construir a infra-estrutura e aplicar Respondeu que estava cansado e que o pupilo estava a sair-se bem.
o alcatrão. Eram operações sem história, pois o IN, sem apoio E assim começou a declinar a aura do Casaca.
logístico, aparentemente afastara-se para outras paragens.
Nos intervalos realizavam-se patrulhas de botes no rio.
Cabia aos Fuzileiros as patrulhas ofensivas, normalmente na região Ricardo Lisboa da Graça Matias
de Caboiana aonde, rezavam as crónicas das unidades anteriores, 14º CFORN
de vez em quando havia chumbo grosso. Essas patrulhas ofensivas In Crónicas Intemporais da Guerra e da Fraternidade
tinham sempre o mesmo padrão: por meio de botes subia-se um
afluente do Cacheu e desembarcava-se na Ponta Costa, zona de N.R. O autor não adota o novo acordo ortográfico.
mato denso que encostava ao rio e que me surpreendia por o IN
não armar umas emboscadas ou, no mínimo, plantar umas minas,
tantas vezes lá fomos. O Comandante disse sempre que ao IN não Nota
interessava minar a zona. De qualquer modo, havia sempre uma 1 Travessias de rio não autorizadas, feitas clandestinamente (pelo IN) para
sentinela que dava o alarme. Depois de sairmos da berma dessa transportar mantimentos e material de guerra.
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Em Vila Cacheu estacionava uma companhia do Exército, a CCaç 3460. O DFE e a
mata, já se podia manobrar à vontade. CCaç dependiam ambos do Comando de Agrupamento Operacional 1 (CAOP 1) à
O destacamento estava alojado no antigo palácio de governo época sediado em Teixeira Pinto e subordinado directamente ao Comando-Chefe.
da Guiné, quando Vila Cacheu foi capital da colónia. Esse edifício,

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