Page 11 - Revista da Armada
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·"           .
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                   falando                                       artes e letras                             '1


                                                                                           .-
                          de pintura


                                                               ,
                                           O que e

                                         o Impressionismo





       . Muitas  p·essoas,  ainda  que  de                                  dade -  a  ve'rdade'ira  re'alidard"';::=-----=-
      certo  nível  cultural,  emprelgam,                                   e  quando  a  trans·creveru  através
      por ve'zes,  termO's  ou delsignações                                 de  criações  artísticas,  ° comum
      cujo  significado  não  conhecem                                      dos mortais não se deu lo·go conta
      i nte·i ramente.  Desta  fO'l"ma,  arris-                             derla.  A  realidade  tinha  sido  já
      cam-se a· cometer erms que-serriam                                    deformada  por  século,s  de  gosto
      evitáveris  se  tivessem  tido  o  cui-                               artístico esteriotipado e quando os
      dar do de se documentarem e· es-cla-                                  «impressionistas ..  trouxé'ram  para
      rerce·rem.  Como o  sabe'r  não ocupa                                 a rua os seus cavalete,s e pintaram
      lugar,  vamo's  ho~e  falar  de  uma                                  o  ar  e  a  luz  que  envollverm  os
      palavra  que,  se  alguns  conhecem                                   objectos,  a  maio,ria  das  pessoas
      bem,  outms  haverá  que  a  desco>-                                  negava que o  ar e a  luz existissem
      nhecem'ou têm  do seu  significado                                    daquerla  mane,ira.  A  novidade  fO'i.
      uma  vaga  ideia.  Trata-se  de  -<Im-                                mais  que  qualquelr  outra  coisa,  a
      pressionismo» . O  movimento artís-                                   cor.  Analisaram-na  por  todas  as
      tico  assim  de'signado  iniciO'u-se                                  formas, cientificamente  até,  e  tira-
      pôr  volta  do  último  quartel  do                                   ram  as suas conclusões .. A «forl\la ..
      século  passado.  A  sua  expressão                                   passo'u  a  vale,r  menos  do  que  a
      maIS  gritante de,u-se precisamente                                   cor  e  esta  foi  mu ita.s  vezes  em-
      na  pintura,  mas  cedo  influenciou                                  pregada  para  traduzir  aquela.
                                         Ingres  (1828) -  Interior  de  Harém
      também outras artes como a escul-                                     O  uso  do  negro  fo'i  quase  aban-
      tura  e  a  música,  por exemplo.   naturalista e re'alista, tinha atingidO'   dO'na,do porque o  ne1gm não é cor.
        O  contributO'  dado  à  pintura   o  extremo das suaiS possibilidade's   As  próprias sombras têm mais  de
      pelos  cultO'res . deste  estilo  fOri   figurativas,  com  exigências  mais   azul  e  anil  do  que  de  negm.  Já
      enorme  e  correspondeu  a  uma    que  foto-gráficas.  Tinha  sido  atin-  repararam,  por  exemplo,  na  som-
      autêntica revolução estética. Como   gida a perfeição formal, dentro do's   bra de um beiral sobre uma parede
      é  natural,  fo,i  mal  aceite  parlo  pú-  padrões  aceites.  Essa  pintura  é   branca?  Essa  tarja sombre'ada não
      blico e  perla  críti.ca  de índoler con-  ainda  a  única  que  muita  gente   é  cinzenta  como  muitos  poderiam
      servadora.  A  França,  nomeada-   considerra  como  válida,  por  não   imaginar. t  fundamentalmente azul,
      mente  Paris,  foi  o  te-rreno  onde  o   exigir  qualquer  esforço  da  parte   de  mistura  com  a  co,r  que consti-
      ·Impressiornisrmo ganhou fundas raí-  de quem  vê. Ante o  «Ângelus» de   tui  a  parte  de  baixo  do  be,iral.
      zes,  irradiando  daí,  como  árvore   Mille1\: e as  «Ninfas»  e  «Odaliscas»   As  coisas  têm  aspectos  dife ...
      forte e fecunda,  para  outros merios   de  Ingrels,  o  espectador  meno-s   rentes  consoante  a  luz  que'  as
      artístico's.                       evoluído  sentir-se-á  admirado  e   ilamina  e  de'sde  manhã  até  ao
        Que ' tinha  de  especial  a  nova   rendido  pela  «perfeiçãc»  do  tra-  pôr-do~so·1  e  da  Primavera  ao  In-
      maneira  de  pintar?  Se  observar-  balho  realizado.  IdeaÜzou-se  o   verno,  os  cambiantes  são  inúme-
      mos  a  pintura  anterio-r,  fàcilmente   objecto e transportou-se para  uma   ros.  O  pinto·r  cO'lhe  a  visão  oca-
      nos  damoo'  conta  de  que  ela  era   atmosfera morna e envolvente que,   sionai  do motivo,  nece'ssàriamente
      -fabricada..  em  «atei ierrs» ,  quer  ao fim  e  ao cabo,  não tem  corres-  fugaz  como a  ho,ra  que passa.
      pelo tipo convencional  de ilumina-  pondência  com  a  realidade. ..  Por   O nome «impressionismo,,.  resul-
      ção,  quer  pelo  colorido.  O  Ro-  estranho  que  pareça,  o  «Impres-  tou  de.  uma  espécier  de  insulto.
      mantismo,  com  as  suas  variantes   sionismo»  ·procurou  essa.  rea.li-  Monet  expôs  em  1863,  no  -salão

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