Page 16 - Revista da Armada

seus primeiros acordes são a al- pôs alguma mÚSlÍCa sacra, da qual tos auditórios, no entanto, o vie-
vorada de uma nova era para a despe todo o sentimentalismo, ram a compreender e a aplaudir.
música. para se quedar na essência. Mui- Conheceu em vida a verdadeira
De Firança, Stravinsky passou à tos preferem a sua primeira música consagração. Morreu com 89 anos
América. Aí, analisou o «jazz» e à dos últimos tempos. Stravinsky, e quis que o enterrassem num ce-
colheu dele aquilo que de inte- então, comentava: «Se desagradei mitério de Veneza, junto do gran-
resse tinha para a sua música. aos meus auditórios por me ter de amigo de outrora - Diaghilev.
Por fim, fixou-se definitivamente afastado da música colorida do Pelas naves da Igreja de S. João
nos Estados Unidos. Agradava..llhe -Pássaro de Fogo», paciência! e S. Paulo, ecoaram os acordes e
esse país cujas experiências cul- O que me delicia, delixa-os indife- coros de uma das suas missas,
turais não eram estorvadas por rentes, e o que continua ainda a durante o serviço religioso sufra-
tradições rotineiras. interessá-los, já me não atrai. gando a sua alma. A gôndola, pe-
,
Experimentador infatigável, ten- Nesse particular, acredito que só jada de flores, que o transportou
desde essa igreja até à última II
tou todas as pOSSibilidades que raramente tenha havido verda- através dos canais da cidade
lhe pareceram válidas. Escreveu, deira comunhão de espírito entre
por exemplo, uma sinfonia só para nós.» A atitude desses outros não morada, veio pôr um toque român-
instrumentos de sopro ... Nunca se conseguirá demovê-lo do caminho tico no final de uma vida que
achava satisfeito! Tratou os coro·s que traçou. -Não cederei diante nunca transigira com o roman-
como n i n g u é m o fizera antes. daqueles que, em sua cegueira, tismo.
A sinfo·nia dos Salmos é disso um não compreendem que o que me
exemplo. Para o fim da vida, com- pedem é que eu 'retroceda.» Mui- O. LEMOS

bibliografia

o Ministério' oa Marinha pro- livro recheado de episódios da na verdade, pedaços de vida que
moveu a reedição· de· algumas nossa história marítima, cl.!'ja lei- o autor, na fluência do seu e·stilo,
obras antigas de indiscutível va- tura é um p·razer, tãO' fortes e vi- caracterizou com agudeza e niti-
Iar e de actual interes,se, para nós, vidas são as imagens, _na prosa dez, por fo,rma a interessar-nos
marinheiros. Desta forma conse- do almirante Brás de Oliveira. na sua narrativa. Retalhos do dia-
guirá faze·r chegar aos olhos do -a-dia, com seu quê de angústia
maio'r número possíve,l de' pe's- e de patético, o livro pode dar-
soas os textos que até aqui cons- -nos umas horas de· leitura des-
tituíam, alguns deles, quase rari- O comandante Joaquim Costa contraída.
dades bibliográficas. As obras até publicou, há pouco, mais um livro
agora editadas são: seu - SALTOS DO VENTO.
Trata-se de uma colectânea de
A ARTE DA GUERRA DO MAR, LIVROS RECENTEMENTE
contos navais, oferecendo reta-
da autoria do padre Fernando Oli- lhos flagrantes da vida de' bordo, APARECIDOS ..
veira, livro precioso quer pela
em narraçõe's e motivos huma- (ESTE) ROSTO, de Fiama Hasse
actualidade dos seus antigos con- nos cheios de interesse" onde se Pais Brandão (Poesia).
ceitos, quer pelo espírito e humor
sente a vivênci'a real dos factos POEMAVRA, de José Valle de f
da prosa. que se contam. O estilo cativante
Figueiredo (Poesia).
do comandante Joaquim Costa é
OS FACTORES IMPONDERÁ- NOS SEUS OLHOS DE SIL~N­
uma garantia para o le.itor que
VEIS DA GUERRA, da autoria do CIO, de António Ramos Rosa
procure ocupar o seu tempo em
vice-almirante Alfredo Botelho de (Poesia).
leitura amena e inte,re'ssada.
Sousa, livro che'iO' de conceitos RUMOR BRANCO, de Almeida
doutrinários, de· nature'za forma- Faria (Romance).
tiva e cuja leitura todo o chefe
A LEBRE, de Alvaro Guerra
terá interesse em fazer.
O comandante Jacinto Pere·ira (Romance).
NARRATIVAS NAVAIS (I e publiCOU recentemente, um livro AMBAS AS MÃOS SOBRE °
II partes), da autoria do contra- a que chamou DEZ HISTÓR'IAS CORPO, de Maria Teresa Horta
-almirante João Brás de Oliveira, DE AMOR E DESENCANTO. São, (Romance).

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