Page 84 - Revista da Armada
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clenclas
artes e letras
AI:.BRECHT G
DURER ~~
comemorando
um centenário
Ocorre este ano o 5. o centenário do
nascimento do grande pintor e artista
alemão ALBRECHT DÜRER.
Comemorar um centenário de alguém,
implica, naturalmente, que esse
alguém tenha jus a isso pelo seu valor
e universalidade. Quem foi, pois,
DÜRER? Foi o artista que melhor
concretizou, na Alemanha, no âmbito
das artes plásticas, o movimento
universalista que se designou por
Renascença. A Renascença foi, no
século XV, o despertar do espírito
humano para novos horizontes cul-
turais. Antes que ela se evidenciasse
em todos os domínios da arte (evi-
dência que constitui hoje um dos
seus legados mais palpáveis), começou
pOr ser uma transformação do espí-
rito - uma nova maneira de encarar
o homem e o mundo, um novo tipo
de cultura, em suma, um humanismo
de feição universal. As Universi-
dades, raras no século XIV, multipli-
caram-se no século XV, abrindo-se
aos novos conceitos humanistas.
O saber e a cultura deixavam de se
desenvolver exclusivamente à sombra . A visão dos Sete Candelabros», da série de gravuras «Apocalipse . -1498
do mosteiro e do palácio para, livre-
mente, se darem aos homens que intercâmbio entre os povos. A~ mais pelo impulso que imprimiram t
passavam a constituir, nessa época, artes deixaram de se pautar por um às artes do que pelo poder temporal
uma terceira força - a burguesia espírito religioso normativo p?ra que exerceram. Foi o caso das cida-
dos comerciantes e dos artesãos. Não desabrocharem a outra luz, onde o des de Florença, Pisa, Génova, Ve-
contribuíram pouco para esse espí- profano tinha também o seu lugar. neza' Roma e outras. Não vamos
rito inquieto de sabedoria as novas A Renascença, como época artística, agora enumerar a plêiade de artistas
conquistas, que, para o conhecimento teve a sua origem na Itália - uma que representaram a Renascença
humano, representavam os descobri- Itália quinhentista que não era como italiana, mas dizer apenas que o
mentos marítimos, a compreensão a de hoje, onde havia uma pluralidade homem dessa Renascença - o homem
da mecânica celeste e as suas leis, a de estados, governados por príncipes de cultura e ciência, artista e huma-
imprensa e a maior facilidade de e reis que vieram a ficar célebres nista - encontrou a sua expressão
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