Page 264 - Revista da Armada
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criaram  um  carimbo  comemorativo
             (que  reproduzimos)  que  foi  aposto,
             no  dia  5-7-85,  na  correspondência
             apresentada no posto de correio ins-
             talado na sede do CMN.

                              Marques Curado,
                                      ' '''Ien  SG

              HISTORIAS  DE  MARINHEIROS

              74-Interrogações






                    vida  de  um  navio  no  mar  é
                    cheia  de  vicissitudes.  Para
             A alêm do mau tempo, a sobre-
             vir com mais ou menos violência e a
             envolver, por vezes, riscos  de  nau-
             frágio,  existe sempre a contingência
             das  avarias  a  incidir,  caprichosa-
             mente, aqui e além, sobre a maqui-
             naria que o navio abriga no seu bojo.
             De  referir, ainda, entre os precalços
             maiores,  os  Incêndios  deflagrando
             tanta vez indomáveis, numa ironia à
             imensa água circundante.
                Os  marinheiros,  uma  vez  largos
             dos portos e entregues a si próprios
             no  mar  alio,  apenas  contam,  nas
             emergências  múltiplas, que  podem
             surgir, com os recursos limitados que
             têm à mão. Por isso é essencial que
             cada  um,  do comandante ao último                   ,
             grumete,  se  tenham  preparado  in-
             tensamente  para  as  tarefas que os                   /J//===;;
             aguardam a bordo. Mas, para além
             disso, uma imaginação pronta facili-                          ./
             ta, por vezes,  a saída humorada  de                      ;/
             contingências  embaraçosas, sobre-
             tudo  quando os chefes  formulam,  a
             propósito, interrogações  dificeis  de
             iludir.
                 Recordo  que  uma  ocasião,
             nuns  exercicios da  esquadra  ingle-
             sa,  o  contratorpedeiro  «Diamond".
             numa  manobra  temerária, apanhou
             de flanco, fragorosamente, o cruza-
             dor .. Swiftsure ... Ambos os navios fi-
             caram imobilizados, um  com  a proa
             bem enterrada no costado do outro,
             numa posição grotesca, a cuja liber-
             tação imediata se opunha a profundi-
             dade do golpe. Só os esforços repeli-
             dos  da máquina  a ré, por  parte  do
             destroyer,  permitiu  que,  por  fim, os
             navios se desenvencilhassem.
                Já a bordo do .. Diamond» se res-
             pirava mais aJiviadamente, afastada
             a ideia do que poderia ter sido uma

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