Page 116 - Revista da Armada
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gulho de termos nascido em terra lusa e com a certeza   Venho  pois,  por este meio,  pedir que  nunca  se
            de termos cumprido, uma vez mais, a nossa missão.   poupe de esforços para que este elo jamais seja corta-
               (Fazendo escala nos portos de Boston, New Bed-  do.
            ford e  Ponta Delgada,  a  «SagresN  regressou à  base,   Conheci e convivi durante estes cinco dias com al-
            entrando num longo perlodo de grande reparação e   guns elementos da tripulação, esquecê-lo é quaseim-
            modernização no Arsenal do Alfeite.)               possivel,  pois  a  amabilidade,  a  cordialidade,  como-
                                                               veu-nos de tal forma  que as lágrimas da despedida
               Foi durante esta estadia (em Ponta Delgada) que   brotaram teimosamente dos nossos olhos.
            se fizeram  os preparativos próximos para a  viagem   Senhor Comandante, que a  'Sagres' volte sempre
            presidencial, pois era a primeira vez que tal aconteci-  e  com ela homens como estes e a Pátria Portuguesa
            menta se verificava na história da barca IISagres».   sera o eterno orgulho de todos nós.
               Sua Excellmcia o Presidente da República, dr. Má-  Muito e  muito Obrigado.  Que Deus vos abençóe,
            rio  Soares,  embarcou  às  12.00 horas  do  dia  10 de   são os votos muito sinceros de um emigrante, neste
            Agosto com as honras da Ordenança do Serviço Na-   momento separado de toda a famJlia. II
            val.  tendo sido recebido pelo vice-almirante Andrade   (Ruivo M. de Matos, New Bedford)
            e Silva, comandante naval do Continente,  em repre-
            sentação do almirante chefe do Estado-Maior da Ar-    «St. Jean de Maurienne, França, 6-7-86.
            mada. Tendo todo o pano largo, a guarnição estendeu   À guarnição do NE 'Sagres'.
            pela borda e  vergas. À  entrada de Sua Ex.·  a bordo,   Ao ver na  televisão,  hoje,  uma  reportagem  das
            a fragata «Comandante Hermenegildo Capeloll, que   festividades do centenário da Estátua da Liberdade,
            pairava nas proximidades do porto, salvou com 21 ti-  uma emoção me percorreu o espírito, senti bater no
            ros.                                               peito uma pancada mais forte e uma mistura de sau-
               E  o  relatório do  capelão Amorim  termina  recor-  dade  e  orgulho me ficou  atravessada  na garganta,
            dando a  despedida da América nas palavras que se   como um nó.
            seguem:                                               Estava  sozinho,  não  tinha  com  quem  partilhar
               Ã hora da partida já o cais se encontrava cheio, da-  esse momento em que, aos Alpes franceses, me tinha
            vam-se os últimos abraços. O navio afastava-se vaga-  chegado a visâoda 'Sagres'.
            rosamente, a multidão acenava e a guarnição corres-   Aqui, onde os piCOS  das montanhas parece fura-
            pomiia com o seu ultimo adeus. Na face de cada um   rem o céu,  tive a alegria de ver,  graças à tecnologia
            n'otava-se a satisfação de ter feito tudo para que a co-  dos homens, a muitos mil quilómetros de distância, a
            mum'dade portuguesa sentisse que Portugal estava   soberba, a inconfundível 'Escola' de sonhos, de ami-
            ali, bem junto dela.                               zadeede vida.
               Também tinhamos a  certeza que em cada portu-      Obrigado  a  todos  quantos  através  dos  tempos
            guês que contactámos, ou melhor, em cada luso-ame-  têm  sabido guardar,  estimar,  venerar,  o  mais lindo
            ricano, ficou bem gravada a  mensagem de portugue-  navio da Armada.
            sismo que todos lhe transmitimos,  tanto nos contac-  Obrigado a todos.
            tos oficiais como nos particulares e isso está bem pa-  No mar e na 'Sagres' o fascinio da aventura, a mis-
            tente nas inúmeras cartas de emigrantes que recebe-  tica de um povo e a ânsia de um Portugal voltado para
            mos e das quais seleccionámos estas:               omar.JI
               «Exmo. Senhor Comandante do NE 'Sagres '.             (Manuel  Rolo  Gonçalves  Moreira,  ex-mar.  R
               Não tenho palavras para lhe agradecer a tão valio-  95269, que prestou serviço na uSagresn de 30-5-70 a
            sa contribuição quea 'Sagres' mais uma vez ofereceu   30-10-71.)
            a esta com unidade Luso-Americana.




            Livro das Armadas (16)



              Texto  actualizado do códice  reproduzido na contra·   rar a mulher e dois filhos, que um deles  ainda mamava,
            capa:                                               como desesperado se me/eu pelo mato, e não houve mais
                        No mesmo ano de 5/9                     nova dele;
            e são da conserva da armada atrás:                     Lopo de Brito;
                                                                   Vicente Gil;
              João Roiz de Almada;
              «Serra,.,  o dOUlor  Pero  Nunes,  provedor da fazenda,   Duarte Feri/andes, capitão e armador.
            invernou em Moçambique;
              ... Serra»,  Pedro  Eanes Francês; depois de invernar em
            Moçambique foi ler a Ormuz;
                                                                   N.  R. -  A  armada dI!! qUI! Ira/a t lfl!!  c6diu esrá desenlrada tm duas
              Garcia Chaino;                                   pág;ncu, 27 t  18. A qr4t! SI!! "produz na nossa romracapa I a stgunda da-
              «Galeão»,  Manuel de Sousa; perdido em MOflpa, per-  qutlas. A pafft rtftrtn/t d p4gma 27 foi rtproduzida no númtro "n/trior.
           to de Qui/oa, em um baixo, e os ca/reso mataram, e assim
           a mais gente; este fidalgo era de Setúbal, e depois de emer-  ••••••••••••••••••••••••••••••

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