Page 353 - Revista da Armada
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           ta  portuguesa,  do  início  do  século   contributo do capitão-de-fragata en-  Os  correios  portugueses  emiti·
           XVI, mantido aceso pelos frades do   genheiro  hidrôgrafo  Schultz  Xavier   ram, a  12-6·87, quatro selos,  todos
           Convento de S. Francisco,  no cabo   que veio a presidir à sua execução e   da taxa de 25$00, ilustrados com ou-
           de S. Vicente, local onde se encontra   a  fazer  com  que,  até  1928,  fosse   tros tantos  faróis portugueses. Para
           hoje um importante farol.          construída uma grande parte dos fa-  a emissão foram escolhidos os faróis
              Parece poder dizer-se que o pri-  róis que ainda hoje existem em Por·   de:  Aveiro,  cabo Mondego, cabo de
           meira  farol  propriamente  dito  a  ser   tugaL                     S. Vicente e da Berlenga.
           instalado  na  costa  portuguesa  leve   De intensidade luminosa e alcan-  O carimbo de 1. dia de circula-
                                                                                                  0
           lugar na barra norte do rio Douro, em   ce  variáveis,  há  actualmente  no   ção  representa  um  pormenor  dum
           1761.                              Mundo mais de 25000 faróis, e  em   dos faróis da emissão que nos pare-
              Os faróis passaram, em 1893, do   Portugal existe um total de 54, sendo   ce  um  bom  elemento filatélico  para
           Ministério das Obras Públicas para o   a  sua  supervisão  assegurada  pela   quem se dedicar a este tema.
           da Marinha, e em 1903 foi apresenta-  Direcção de Faróis, da Marinha, que
           do um plano de Farolagem e Baliza-  garante as exigências do mundo mo-
           gem do Continente e Ilhas Adjacen-  derno, em termos de ajudas à nave·                Marques Curado,
           tes, que pôde contar com o precioso   gação.                                                 ,."-tenSG


           A verdade dos factos





                  verdade  histórica  é  um
                  bem que devemos, a todo o
           A custo,  preservar.  Apesar
           desta afirmação ser incontestável,
           por vezes não é seguida por razões
           que  se situam nos  mais  variados
           sectores.  Interesses  pessoais  ou
           vantagens políticas que convidam
           a  uma  propositada  alteração  dos
           factos fazem com que os homens
           escondam ou, pior ainda, alterem a
           verdade, o que, aliás, também ser·  o ojtante de John Had1ey (Museu NacWnaJ   o  sextante  (desenho do cap.-m.-g.  Sousa
           ve para que alguns se proclamem    Marítimo, Greenwich).             Machado).
           autores daquilO  que não fizeram,   de 1807 a 1850. Confessamos que   nar,  não sei se, para não faltar à
           mas que gostariam, ardentemen-     nos  custou a  escrever tal facto  e   verdade,  teriamos  continuado  o
           te, de ter feito.                  muito pesquisámos nos papéis do   trabalho  que estávamos realizan-
              Não contesto que, por vezes, se   Arquivo Geral da Marinha, com a   do.  Aliás,  o  que  definitivamente
           foge  à  verdade por boa intenção,   esperança vã de encontrar justifi·   nos animou a prosseguir foi o facto
           para não magoar aqueles de quem    cação do contrário. Se não fosse es-  do  dique,  durante  os  últimos  62
           gostamos  ou  o  país  que  muito   tar claramente à vista que as prin-  anos  da  sua  existência,  ter  tido
           amamos.  Recentemente  experi-     cipais  razões  deste  descalabro   uma vitalidade irrepreensível.
           mentámos  esta  última  situação   eram resultantes da situação polí-   No entanto, mesmo não haven-
           quando,  estando a  tentar fazer a   tica do país e  das consequências  do  intenção,  quantos  erros  não
           história do dique do Arsenal, veri-  negativas que se verificaram  nos  têm sido cometidos, seja o seu au-
           ficámos que esta prestimosa insta·   campos administrativo e  financei-  tor um simples contador de histó-
           lação, indispensável para fabricar   ro, o que de certo modo iliba os ho-  rias ou um consagrado investiga-
           os navios em seco, esteve, devido   mens que se empenharam, sem o    dor?
           a  intolerável  incúria,  inoperativa   conseguir, em póro dique a funcio-  Isto  vem  a  propósito,  porque

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