Page 226 - Revista da Armada
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líss~mos vir um barct) o  IYlpOr tmdondo rio   sobre isso; nal'egonJo rio abaixo,  tentamos   posso  eStar  quieto  enquamo  MO  t;l'ennos
           abaixo. para n1tar quefoss~mos abalroados;   decidir se lamas ucluir os melancios, ou os   dada uma olhadela. Achas que Tom Sawyer
           pllra os barcos andOlulo rio acima niJo seria   m~ltJes, ou aspolpos, ou o qui. Mas ch~gado   deixaria  passar  ~sta oponunidade? NlJo  Q
           preciso acender o  lanterna.  a  niJo  ser que   o  dia,  t(nhamos  tudo  esclarecido  dumo   pen/eria nem por um doce.  ChallUlriO o toda
           nOl'eg6ssemos  numa  coisa  a  qul'  chamam   /ooneira satisfal6ria conconlalldo em excluir   ell/a coisa uma ol'entura; pois I, isso loque
            .passadeira  .. ; n(lo seria preciso, pois o  rio   as  mards  bral'ílS  e  os  dMspiros.  Antes de   diria.  E nlJo acltas que rt"finorio  fUI/O?  NiJo
           ainda tinha cheia e os bancos de areia mais   tomar  ~sta  decislJo  n(lo  nos  semEamos  d   seria muito mi1gn/1nimo ou coim semelhante?
           baixos aillda estavam um pooco coIMrtos pela   I'ontade, mtJs agora tudo estava bem. Fiquei   Oh, pd, pensarias que era Crist6vatJ Colombo
           6goo: por isso, os barcos idos rio acima n~m   muito  content~ com  ~st~ resultado.  pois as   d~scobrindo o  Poralso.  Gostava  qu~ Tom
           sempre urilizavam o CIJIIOI,  mos procuramm,   maçiJs bravas nunca presuJnI paro nada e os   So~er estil'~sse cá.
           sim, andor em  dguas mais calma5,   dióspiros s6 amtJllurec:eriam dai a dois O« tris   Jim resmungou um pouco, mas submeteu-
              NeslO  segundo noite IJIId6mos entre sete   m~s~s.                -se.  Disse que 1140  d~I'(amos folar mais do
            a oito horas. sendo a I'elocidade da corrente   De I'a em quando malávamos uma ol'e   que  o  necesstfrio  e,  quando  o fizlssemos.
            superior o quatro milhas por hora.  Pescdl'O-  aquática que se (inha  leIY1IItado demasiado   devia  ser  muito  baixo.  Um  retampago
            mos e faldWlmos.  De  I'et  em  qualldo  tomá-  cedo de manhb ou emlJo qtle se tinha deitado   iluminou-nos  de  nOI'O  o  barco  mesmo  110
            \'Omos  banho  para  mimter  o  sono  bem   demasiado  rard~ à  noite.  Resumindo tudo.   pr~ciso mamemo  e  fomos  para  o  grua  de
            afastado.  Era  solene  e  calmo  flutuar  no   vivlomos bastante bem.   estibordo,  ollde amarrámos.
            grande e silencioso  rio,  deitados de  COStaS   Na quimo noi/e depois de tennos passado   O convls era muito alto naquele lugar.
            e  olhando  as  estrelas.  NlUlca  semlamos a   SI. Louis.  til'~1II0S, depois da meia-noite. uma   CtJllrinhámos  à  socapa paro bomJJbrdo,  fiO
            n«Usidade ck folar alto e qumulo nos riamos   gratUIto  I~mp~stade,  com  muitos  /ro~*s ~   direcçlJo da clJmara do leme.  Estai'O escuro
            era  muitos  Vf!2;es  apenas  um  riso  cuno  e   relâmpagos. caindo o chuva lorrenda/mente.   como  br~u e  apalpámos  o  nosso cominho
            abafado.  T(nh/Jmos  em  geral  um  tempo   Ficámos  demro  da  cabana,  d~ixando  o   multo d~l'flgar, com  os pls,  ~SI~nd~ndO os
            excepciolUJlmeme bom e niJo nos aCQl1teceu   jangada  cuidar l/e  si  pr6prio.  Quando  os   braços paro d~S1ior as co"ellles. pois estOI'tl
            absolulOmente  nada  nessa  noite.  nem  na   relâmpagos  ituminal'OlfI  o  local.  podlamos   tIJo escuro que nl10 as Mamas.  Pouco depois
            seguinte.  nem  naquela depois.   ver o  rio direi/o  ~ grand~, ~, de ambos os   chegtfmos d ponta da  clorob6ia e trepdmos
              Passál"Omos  ~m CtUÚl  noite por po\lOQ.-  lados, altos e escarpai/as rochas.  De reMnt~   para ci/oo dela; o pr6ximo passo lel'Ou-nos
            ç6es.  Algumas de/as,  mesmo  ~m cima  dos   eu  disse:  .. Eh. lim, olhn paro ali! ..  Era  um   emfrente do ponodo cabina docapitlJo. que
            colinas  negras,  /JiJo  eram  m(Jis  do  que um   barco o  vapor que  ~sta\'O ~ncalhado nU/oo   eS/(/I"O  ab~rto. E,  l'a{ho-lIoS De/tS,  no fimdo
            cOlljumo de luzes brilhimtes. NiJo se via u/oo   rocha.  Fomos atlM. A  luz dos  rellimpogos   da  solo  vimos  uma  luz  e  logo  a  seguir
            cosa.  Na quinta noite passámos St.  Louis e   mOStrai'a-Q muito cloram~nte. O barco uta-  pareceu-nos  ouvir  wn.es  abafados  lá  ~m
            era como se todo o lIUUIdo acendesse as luzes.   1'0  inclinado  e  pane  do  convls  superior   baixo!
            Em SI.  Petersburgo rostuma\'IlnI diter qu~ em   encontral'O-se fora de água.  Viam-se clara-  N~sta  alturo  lim  tinha  já  voltado  à
            St.  Louis viliam vinte ou trinta mil pessoas,   mente todos os porm~nor~s e  tomb/m uma   jangada. Eu, por curiosidade, aindafiqll~i.
            ma.I' eu lIU1IW acreditei nisso ati que I; aquela   cadeira,junto do sino grande; quando outro   Pensei que Tom Sa~'er n.:lo se retiraria num
           festa maralilJrosa ck luzes, por WHta du.J duas   relilmpago iluminal'Q rudo de nol'O,  lia-se um   momento coma~stee. portanto, /ombIm n/J(}
            horas daquela  calma  noite.  NiJo  htn10  um   chaplu  i'elho,  qu~ estava  pendurado  fUlS   me r~/iraria. D~cidificar paro lemor desco-
            único som,  todos  esta 100m  a domrir.   costas des/o  cadeira.    brir o  qu~ ali se pasSOI'O.  P/tS-me a  rastejar
               CtuJa noite. cerca dtu d~t horas, COStu-  Como ~rojd tlJo tarde 'lOquelo noite (lJo   no estreito corredor, atravls da escuridiJo. na
            mava  ir  o  terra  ati  uma  pequena  vi/a   tempestuosa e com tanto mistlrio, senti o qu~   direcçiJo (ia proa.  Fina/mente, s6 hfll'io uma
            qtlOlquer.  comprar farinha  ou  toucinho  ou   qualquer outro  rapaZ.  teria  sentido  quando   eabilUJ el/tre mim ~ o sallJo. Ali vi 11111 homem
            qualquer outro coisa para comer, por dez ou   visse o navio natifragado, boiando tlJo triste   es/endido no  chiJo.  com  os  miJos  ~ os pls
            quinte  centavos.  Às  I'eus  roubava  uma   e solitário no meio do rio.  Queria ir a bordo   atados.  Dois  homens  eS/(Ji'am  junto  dele,
            golinho que nlJo esni'esse bem empoleirada   e uomin6-lo um pouco;  i'er o que Id havia.   I~ndo um dtles na miJo uma sombrio lmrtemn
            e  le\'Qva-o  comigo.  Meu  pai sempre  diva:   Por isso disse:      e o OUlro uma pistola. Esie O{JOIltOI'Q o pistoia
            «Leva uma galinha sempre que se te oferece   -  Vamos a  bordo, limo   d  cabeço  do  homem  que se encontral'O  110
            essa possibilidade, porque se rIi10 quiseres o   Inicialmente,  lim  foi  absolutamente   chl1o,  dit~ndo:
            galinha para li próprio I  fácil  enCQl1trares   COlltrdriO  o  essa  ideio.  Disse:   - Gostava muito! E devia f01.I-lo,  crio-
            olgulm que a  queira e uma aeçiJo bo,uloSll
                                                 -  NiJo  qu~ro  ir  brincar  num  navio   fUra  I'i/!
            nunca serd esquecido ... No emonto. nunca li   naufragado.  Ati agora t;l'emoS muito sane   O homem do chlJo  encolheu-se e  disse:
            o pai niJo querer o galinha para si; mas, de   e  serd  melhor dei.xamlOs  ludo  como  ~stá,   - Por favor,  n(lofaças isso, Bill, nunca
            qualquer modo,  era is/o qtle ele costumava   assim como diz o bom livro.  Parece que esttf   vos  trair~i.t
            dizer.                            um  vigio  /lOque/e  /Ulvio  naufragado.   De cada vez  qu~ ele dizia isso, o hom~m
              De  manhlJ,  olltes de amanhecer,  ia  ati   - Vigio I  o tua ow1! - disse ~U. - NlJo   com o  lamerna  do-se.  ditendo:
            oos campos ck milho e fJftlia emprestado uma   há nada {Hlra  vigiar,  o  niJo ser o  conl"is e   - t w.rdade. niJo nos lrairds! Aposto que
            melancia ou um me/ao ou uma ab6boro ou   o  caso da ponte.  Achas que olgulm,  /luma   nunca disseste uma coisa mais \'erdadeira do
            algum milho novo, ou qualquer coisa seme-  noite  como  UIO,  l'Oi  arriscar a  vida  pora   que esta.  -Ik OUlra  \'Q, disse:  - OIh,m
            lhante.  Meu pai sempre ditio que niJO folio   I'igior um cotll'ls e uma casa de po1Ile. sendo   como ele suplica! Mos,  se MO o  ti\'lss~mos
            mal pedir coisas empreslluw, desde que se   muito provái'el  que O  borco  se  pana  ~ se   dominado e alado bem, ter-nas-ia mono.  E
            pmmdesse pagá-Ias mtJis tarde.  Mas o liúva   afunde no rio,  a  cada  minuto? - Jim  n/J(}   pora  qui?  Para  nodo.  Ter-nas-ia  morto
            diva  qu~ era  apenas  uma  maneira  mais   podia retorquir nodo contra isso e, portanto,   porque insis/(ramas nos nossos direitos.  Pois
            espena  de  roubar  ~ que  n~flhuma pessoa   nem s~quer o teltlou.  - Allm disso - disse   I.  Mos.  digo-/e,  tu  niJo  l'Ois  ameaçar mois
            decellte o faria.  lim disse que p~nsal'O que   eu -, podfomos pedir emprestadas coisas da   ningulm,  lim  Turner.  Bill,  afasta  lá  essa
            o  viúva  tinha  em  pane  raziJo  e  que  o  pai   cobin~ do capiliJO,  coisas que valha o peno
            ramblm  tinha  em  pane rat.iJo;  pononlo,  o   ter.  Apos/o que há  lá charutos,  ~ cada  um   pis/ola,
                                                                                   Bill disse:
            melhor poro  nós seria excluir duas ou trEs   d~ cinco centavos.  Os capi/iJes dos borcos a
            COiS4S da listo ~ prom~ter que nunca mtJis as   vapor slJo sempre uns ricoços e recebem, pelo   - NiJo afasto nado., laJu Padcard.  Quero
            pediriamos  ~mpresuJ(Jas  -  ~  neSte  caso,   menos,  uns sessenta d610ru:  ~,  salws,  nl10   matá-lo.  NiJo matou ~le o velho Hotfield da
            assim ca/cula~-a, já ndo seria mLJI pedir as   se inteussom {Hlo preço de uma coisa, desd~   mesmo  maneira  e  niJo  merta  por  isso
            rUlantes.  Uma  noil~ (alámos em pormenor   qu~ a queiram.  P6e uma  vela no bolso. NlJo   morrer?

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