Page 228 - Revista da Armada
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Batalhas e combates da Marinha portuguesa (XVI)
CHAUL (24/26 ., de Março de t~08)
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Numa sexta-feira, a que supomO! BATALHA DE CHAUL - 1508
corresponder a data de 24 de Março,
estando D. Lourenço de Almeida. ao fim
da tarde, na praia de Chau!, atirando
lanças na companhia doutros fidalgos,
foram avistadas cinco naus dirigindo-se
para a barra. Uns diziam que eram os , ...
Rumes; outros que era a annada de
Afonso de Albuquerque, esperada na (\o: 6 '·&ora
índia a todo o momento. A dúvida
desfez-se quando se começaram a poder
distinguir os guiões e as bandeiras,
vermelhas e brancas com grandes luas
pretas. Toda a gente que estava em lerra
recolheu apressadamente aos seus
navios, enquanto estes se aprontavam
para combate.
As naus e caravelas portuguesas
0..,
estavam fundeadas numa linha perpen-
dicular ao eixo do rio, por forma a de Ci,""
controlar todas as entradas e saídas. As , ...
galés estariam junto à praia, fundeadas
ou, mais provavelmente, varadas. " .....
A armada turca entrou em Chaul
com vento e maré de feição. as velas
grandes colhidas, como sempre se fazia
em combate, fortes redes cobrindo os
navios para os proteger dos arremessos
do inimigo, as bandeiras e os guiões
desfraldados, atroando os ares com o
toque das trombetas e a a1gazarra das
guarnições, numa demonstração impres-
sionante de força e determinação.
É natural que a intenção de Mir-
-Hocem fosse abalroar imediatamente os
, """"
navios portugueses. Mas, quando a sua No"
nau se aproximou da de D. Lourenço foi "-
recebida por uma salva tão violenta de
artilharia que não conseguiu, ou não
quis, aferrá-Ia, seguindo avante. Durante
os curtos instantes em que os dois navios
estiveram nas proximidades um do
outro, os frecheiros turcos dispararam
uma enorme quantidade de setas sobre
os portugueses ferindo muitos deles. Por
sua vez, os espingardeiros e besteiros feridos em consequência dos tiros dos tiro dos seus canhões, na intenção de ir
portugueses alvejaram os turcos, nossos espingardeiros e besteiros e fica- abruroar o inimigo. Mas a manobra
matando e ferindo grande número. Os ram com os navios muito maltratados em demorou mais do que seria de esperar
navios que iam na esteira de Mir-Hocem, consequência do fogo da nossa artilharia. porque, entretanto, as galés turcas
vendo que o seu capitão-mor não Ultrapassados os navios portugueses vieram atacar com a sua artilharia os
aferrara, seguiram-lhe o exemplo e, e perdido o barlaveDlo, Mir-Hocem foi batéis que andavam na faina de recolher
passando por entre os nossos navios fundear com a sua annada mais adiaDle, os ancorotes, tendo avariado o de
foram após ele. junlo à praia de Chaul de Cima. D. lou- D. Lourenço. Por isso, e rambém porque
Durante esta fase da batalha, ficaram renço mandou logo levantar os ancorotes era já quase noite, decidiu este adiar o
muitos portugueses feridos com setas. Os que os navios tinham espiados pejo ataque aos turcos para o dia seguinte.
turcos tiveram também muitos mortos r través. para melhor poderem orientar o Ao outro dia, que era sábado, pude-
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