Page 268 - Revista da Armada
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condenada a desaparecer a conselho de um arquitecto o de João Venâncio Pereira, por desrespeito ao sobe-
napolitano, Vicenzio Cazale, que no seu lugar queria rano, a 3 de Setembro de 1830.
erguer uma fortaleza de maior aparato. Felizmente
essa ideia nunca se chegou a concretizar. Agora monumento nacional, o edifício da Torre é
No perlodo das invasões francesas, de 1807 a 1810, formado por um reduto hexagonal, que avança para
a Torre sofreu algumas alterações, sendo reduzidas as a água, e pela parte torreada que ergue do lado norte
ameias e retirados os arcos do varandim e outros a sua massa cúbica, e abriga no interior quatro salas
elementos decorativos. A 5 de Julho de 1814, recebeu abobadadas, sendo a do primeiro piso chamada sala
as primeiras obras de restauro, desde que foi edificada do Governador; a do segundo, sala Régia, com o tecto
e, em 5 de Março de 1834, assumiu o governo da Torre em ogiva, onde estão esculpidas as armas de Portugal;
o Duque da Terceira que permaneceu no cargo duran- a do terceiro, sala da Recepção, com um varandim a
te muitos anos. Foi este o último governador da Torre toda a volta e, por fim, a do quarto e último piso, sala
e promoveu também algumas obras de restauro. de D. Maria II ou do Oratório. Comunicam umas com
Nos calabouços da Torre, onde somente se ouvia as outras através de uma escada em caracol, muito
o ruldo da água a bater contra a muralha, eram cons- estreita.
tantes os lamentos dos presos ali encerrados tendo O reduto é ameado de escudetes com cruzes de
apenas a ténue iluminação de lanternas de azeite. Cristo, intervaladas por guaritas de cúpulas goniea-
No livro secreto do presídiO da Torre, existe uma das e tendo nos silhares obliquas (pedras lavradas em
relação dos nomes de todos os presos que por lá quadrado para formação ou reforço de paredes) estreio
passaram ou lá morreram. Nomes como D. João de tas vigias onde se veêm bocas de fogo que se desti-
Castro, que dali conseguiu evadir-se e fugir para navam a barrar a passagem de navios inimigos.
Castela, D. Francisco Manuel de Melo, o Marquês de No interior deste baluarte há a destacar o pátio
Vila Real e o Duque de Caminha são apenas alguns nobre ou claustro, situado no primeiro pavimento,
dos muitos de uma lista quase infinita. Também no cinco subterrâneos, um sob o pátiO e quatro sob a
tempo em que D. José e o Marquês de Pombal estive- cerca, com pisos abaixo do nível de água, antigos
ram a governar a Nação, ali se faziam ouvir gemidos paióis, depois prisões. Por último, existe a esplanada
e súplicas terminados mais tarde com o reinado de superior descoberta e com ameias e guaritas para o
D. Maria I (1777). exterior.
A data de 30 de Abril de 1824, ficou famosa nesta José M. C. Gonçalves,
Torre com a Revolta da Abrilada, que fez com que as 2,··mar. CM
suas prisões se abrissem novamente para dar entrada
a uma legião de presos polítiCOS, por ordem do Infante Bilbliografia: José Dias Sanches «Belém e arredores através dos
D. Miguel- Teles Jordão, o primeiro a chegar, Adrião tempos» - Lisboa 1940; NOs Lusiadas de Luis de Cam/5es» - Lis·
boa 1940, adaptaçlo em prosa de J~o de Barros; J. A. d'Oliveira
da Silveira Pinto, Capitão Francisco Xavier Belo,
Mascarenhas .. Vasco da Gama» (1); Norberto de Araújo «inventArio
Marquês da Fronteira e Conde de Taipa, etc., etc. de Lisboa" FescicuJo I, Lisboa 1946 e Grande Enciclopédia Portu-
O último nome que consta na relação de presos é guesa e Brasileira - Lisboa.
Terminologia Naval
• RIBEIRINHO - Lugar situado elevadas e aumentando ao longo do • RISCO DE ABALROAMENTO -
junto de um rio ou a população que seu percurso pelos caudais de outros Possibilidade de colisão entre dois
o habita. rios ou ribeiros, acaba por se lançar navios que mantenham as mesmas
no mar, num lago ou em outro rio de marcações.
• RIBEIRO - Curso de água menor que é afluente.
que um rio. • RISCOS DE MAR' - Todas as
espécies de acidentes de mar ocasio-
• RIO LlMITROFE - Aio que cons-
. ·RIJO - Vento forte, violento. titui. no seu curso natural, a fronteira nados pela acção dos elementos
naturais; perigos de mar.
entre dois países .
• RlJO DE BORDA - Característica
de um navio que resiste bem às incli- . ' RIZADURA - Cabo de linha
• RISCAR - Em gfria de bordo,
nações; duro de borda: Em gfria naval branca composto por três cordões
dormir em maca estendida no chão
aplica-se este termo para designar cuja bitola varia· entre 25 e 76 mm.
uma peSsoa austera, firme nas suas por não se dispõr de beliche, pare- Acção de rizar. Conjunto de rizes
decisões. cendo provir este termo dos traços a duma vela.
giz efectuados no chão delimitativos
• RIO - Grande massa natural de do espaço que se pretendia reservar S. E/pld/o,
água doce que, nascendo em regiões para o efeito. cap.·m.·g. AN
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