Page 274 - Revista da Armada
P. 274

Fontoura da Costa






             Quando se fala de Descobrimentos Portugueses e das co-  aconselhamos o leitor a consultar o volume de Memórias, do
          memorações que vão ser feitas até ao ano 2000, não podemos   Centro de Estudos de Marinha que, em 1973, publicou os tex-
          olvidar (apesar  de  tal  acontecer,  com  frequência)  que  esta   tos das comunicações que, no ano anterior ali foram proferidas,
          empresa  s6  foi  possível  porque  se usou o  mar como  via de   como  homenagem  a  este  ilustre  oficiaJ  que  chegou  a  ser
          comunicação. E mais: que foram os  Portugueses que conce-  ministro da  Marinha.
          beram e construíram os navios adequados, que se aperceberam   Como a memória dos homens é fraca, estava aqui e agora
          do regime dos ventos, que fabricaram os instrumentos náuti-  a tentar avivá-Ia, lembrando que em  1990,  se completam 50   ,
          cos, e que desenvolveram, ou mesmo criaram, os métodos de   anos  da  sua  morte.
          navegação que permitiram aos nossos pilOlos realizar as longas   Há portanto que aproveitar esta data para distinguir este
          e  duras  viagens  oceânicas  que  os  levaram  aos  confins  do   português  ilustre,  tanto  mais  que  ele  tem  lugar dentro  do
          mundo.                                              período  em  que  comemoramos  os  Descobrimentos  Portu-
             Sem  dúvida  que  muito se  tem  escrito  sobre  o  assunto,   gueses.
          especialmente,  no que  respeita ao último  aspecto  apontado.   Actualmente,  a  Academia de Marinha,  em colaboração
          Todavia, seria injusto esquecer o comandante Abel Fontoura   com  a  Biblioteca  Central  de  Marinha  e  a  part~cipação da
          da  COSia, porque foi  ele. sem sombra de dúvida, o autor de   Comissão Nacional para a Comemoração dos Descobrimentos
          uma  obra  que,  ainda  hoje,  é  um  trabalho  de  referência  de   Portugueses,  já  tem  em  curso  uma  Bibliografia  Geral  de
          excepcional  importância.  Referimo-nos,  evidentemente,  à   Marinha, que será uma lista informatizada de todas as obras
          Marinharia dos Descobrimentos,  publicada inicialmente nos   impressas publicadas em Portugal sobre a Marinha e que, de
          Anais do Club Militar Nam/, em  1933, e cuja quarta edição.   facto,  não  é  mais  do  que  o  alargamento  e  actualização  da
          de  1983,  ainda  se  encontra à  venda.            Bibliografia  Náutica  Portuguesa  até 1700,  que  Fontoura da
             É  incalculàvel  o  interesse  que  este  livro  tem  para  os   Costa publicou,  pouco antes de  falecer.
          estudiosos (e estes que o digam), mas a verdade é que a obra   Mas, é pouco! Há que fazer algo mais. Consideramos que
          de Fontoura da Costa, é muito mais extensa.  No donúnio da   é aJtura de editar a obra completa deste investigador, e também
          náutica, este incansável investigador prolongou os estudos até   recordá-lo em bronze ou em pedra, num lugar público, para
          à  (sua) actualidade,  sendo autor,  com o  comandante  Victor   que esta figura seja conhecida de todos. Belém, nomeadamente
          Hugo de Azevedo Coutinho, das Tábuas Náuticas que, durante   junto ao Museu de Marinha,  seria  sem dúvida,  a  área mais
          dezenas de anos,  foram utilizadas pelos nossos pilotos, para   adequada para lhe  prestar esta merecida  homenagem.
          o  cálculo  da  posição do  navio.
             Não  é  possível,  nas  dimensões  deste  artigo,  referir  os
          múltiplos aspectos  históricos e  científicos por ele versados,                     A.  Estácio dos  Reis,
          em  grande  parte  ligados  aos  Descobrimentos  e,  por  isso,                               cap.·m.·g.



                                                                         Filatelia








          A DERROTA DA INVENCíVEL ARMADA                                       derrota da Invencível Armada,  emiti·
                                                                               ram  seis selos com os  motivos mais
                                                                               significativos dessa grande batalha do
             (Ver descnçAo  na Revista  da Armada n.o
                                                                               século XVI. Navios e diversos objectos   •
          182/Novembro  1986).
                                                                               que,  de algum  modo,  estão  relacio-
              No grupo das Pequenas Antilhas                          -        nados com o acontecimento, ou com
          de Barlavento encontra·se a  Ilha  de                       tõ l     os  parses  intervenientes,  comple-
          S.  Vicente que desde 1979 faz  parte                                mentam  a  ilustração  da  emissão.
          do  estado  de  S.  Vicente  e  Gra·   EssenCialmente  agrrcola,  ocupa   Referimos,  pormenorizadamente,
          nadinas.                           grande  parte  da  sua  população  na   apenas  dois  dos  selos  que  repre-
              Descoberta por Cristóvão Colam·   produção  da  banana  e  de  araruta   sentam acções dos dois países mais
          bo e colonizada pelos espanhóis, pas-  (tubérculo donde se extrai uma fécula   directamente envolvidos. No primeiro
          sou  pelo domínio inglês,  e pertence  utilizada no fabrico de papel bastante   pode  ver-se,  em  primeiro  plano,  o
          agora à Commonwealth. Segundo a   usado em electrónica) de que é forte   navio castelhano «NOSSA SENHORA
          constituição, O poder executivo reside   exportadora.                DO ROSÁRIO" e a cruz dum cavaleiro
          na monarquia britânica, representada   Foi em S.  Vicente que, em 1988,   espanhol. No segundo está represen-
          por um governador-geral.           para comemorar o 4. o centenário da   tado o galeão britânico «ARK ROYAL»

          20
   269   270   271   272   273   274   275   276   277   278   279