Page 348 - Revista da Armada
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Sinalização marítima
em Portugal
ANTECEDENTES HISTÓRICOS A partir da aprovação daquele plano, o Serviço de
Faróis conhece um notável incremento, desenrolando-
om a construção do Farol de Alexandria, man- -se a sua execução quase sem interregno até 1928, de
dado edificar pelos Ptolomeus 283 anos antes de tal forma que, não só se conseguiu apagar das cartas
CCristo, e considerado uma das sete maravilhas e roteiros dA navegação a mais que justificada desig-
do Mundo, podemos afirmar que se deu inicio a um dos nação para Portugal de costa negra, como também se
mais importantes serviços postos à disposição dos ho- ergueu um ediffcio dotado de meios técnicos e huma-
mens do mar, o Assinalamento Marltimo. nos que constitura motivo de legItimo orgulho da Nação
Na Penlnsula Ibérica, há notrcia de existirem pelo Portuguesa e o distinguia como serviço exemplar no
menos dois faróis construidos durante a ocupação ro- concerto das nações europeias.
mana, um na Corunha e oulro em Portugal próximo da Com a construção do Farol de S. Jorge -Madeira-
Vila de Pederneira. Nazaré, conforme citação de Frei em 1959, terminou um cicio de 200 anos, durante os
Bernardo de Brito. Com a queda do Império Romano. quais foram edificados 44 faróis, 184 farolins e coloca-
iniciou-se uma época de obscurantismo geral, a que não das 14 bóias, no Continente e Regiões Autónomas.
escaparam os assinalamentos marltimos.
A primeira notícia concreta da existência de faróis
em Portugal remonta ao ano de 1520. dando conta de AS AJUDAS A NAVEGAÇÃO NA ACTUALIDADE
um alumiamento na Torre do Convento da Primeira Ca-
pucha de S. Francisco, no Cabo de S. Vicente. Há tam- A diversidade de situações que se podem apresen-
bém noticia da existência de uma luz na zona da Foz. tar a um navegador, explicam por si os diferentes tipos
Porto. a cargo da Irmandade de Nossa Senhora da Luz. de ajudas à navegação que são colocadas à sua dispo-
donde veio mais tarde o nome para este farol, extinto sição. Por outro lado, o desenvolvimento tecnológico ao
em 1926. A localização destas luzes em grande núme- nlvel dos novos materiais, da electrónica, informática e
ro de conventos e ermitérios situados junto à costa, es- astronáutica, levaram não só ao desenvolvimento das
tá ligada com o facto de se considerar prática religiosa ajudas tradicionais, como ao aparecimento de novos sis-
prestar auxílio de uma luz aos que andavam no mar. temas de posicionamento de navios, que vulgarmente
Contudo, só em 1758, o Marquês de Pombal em al- chamamos de rádio-ajudas.
vará Régio com força de Lei. mandou levantar seis fa- É assim vulgar encontrarmos hoje em dia grupos de
róis. dos quais se edificaram entre 1761 e 1775 os da faróis e farolins com funcionamento automático, despro-
Guia. Roca, Arrábida, S. Lourenço do Bugio e S. Julião vidos de guarnição, e controlados via rádio, telefone ou
da Barra, completados em 1790 pelos do Cabo Espichei salélite a partir de uma estação principal; grandes bóias
e Carvoeiro. oceânicas que alojam no seu interior motores diesel e
A par da construção de faróis. também os sistemas alternadores de funcionamento automático; estruturas
de alumiamento sofreram uma evolução notável duran- com 15 metros de altura em fibra de vidro; bóias, bali-
te o séc. XIX, nomeadamente com o aparecimento da zas e farolins com funcionamento eléctrico através de
luz eléctrica e a sua instalação no Farol de BlackwaU baterias carregadas por painéis fotovoltaicos; cartas
-Inglaterra - em 1857, a Instalação da primeira óptica electrónicas que tornam mais fácil a entrada nos princi-
hiper-radiante em 1885 com 1,33 metros de distãncia pais portos do mundo, sistemas de posicionamento ba-
focal, o aparecimento dos sinais sonoros, a entrada ao seados em satélites. que dão a posição de um navio com
serviço das ópticas flutuantes em cubas de mercúrio, um erro de 5 metros, etc.
elc. Foi no inicio da década de oitenta, que a Direcção
é. a partir da reorganização do Ministério da Mari- de Faróis encetou uma nova fase da sua vida. ao iniciar
nha, em 1892, que o Serviço de Faróis até então depen- o plano de automatizações e remodelações da sua re-
dente da Direcção-Geral dos Correios, Telégrafos e de de ajudas à navegação. Com efeito, a automatiza-
Faróis do Ministério das Obras Públicas, passa para a ção do Farol do Bugio com a instalação de grupos
sua jurisdição. Decorre de 1892 a 1903 a elaboração do electrogéneos de arranque automático através de célu-
plano base de farolagem e balizagem do Continente e la fotoeléctrica, o sinal sonoro de funcionamento auto-
Ilhas Adjacentes, elaborado por uma comissão especial- mático e comandado por detectores de nevoeiro, a
mente nomeada para o efeito e da qual fazia parte o en- ausência de faroleiros e o telecontrolo informatizado das
tão capitão-de-fragala eng. hidrógrafo Schultz Xavier, condições de funcionamento através de uma estação si-
que mais tarde veio a presidir à sua execução. tuada em Paço de Arcos. foram o inrcio de um ambicio-
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