Page 370 - Revista da Armada
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o processo de paI em Angola









      No dia 31  de Maio de 1991, após demoradas            em  consequência  do  conftito,   um  exército  único que  dever~
      e complexas negociações que decorreram                com  a  verificação  da  Cruz   estar  formado  à  data  das  elei·
                                                            Vermelha Internacional; a acei-  ções;  respeito  pelos  direitos
      em  Bicesse, procedeu-se à assinatura dos             tar  que  o  cessar  fogo  não   humanos e livre associação.
      Acordos de Paz para Angola, para os quais             pusesse  em  causa  a soberania   O Protocolo do Estoril clarifica
                                                            nacional,                   o processo eleitoral, as  atribui-
      foi  unanimemente reconhecido o decisivo              Os  Princípios fundamentais   ções da  CCPM, o processo de
      contributo da mediação portuguesa.                    para a  instauração  da  paz e   formação  das  novas  Forças
      Com a realização desse acto, o cessar fogo            conceitos  para  resolver  ques-  Armadas  Angolanas  (FAA)  e
                                                            tões ainda existentes são, entre
                                                                                        outros  entendimentos  relativos
      entrava formalmente em vigor no território            outros,  os  seguintes:  reconhe-  a assuntos politicas e militares.
      de Angola e tomava posse a Comissão                   cimento,  pela  UNITA,  do
      Conjunta Político-Militar (CCPM) e a                   Estado  Angolano  e  do  seu   A parti r de  3'  de Maio  de
                                                             Presidente,  até  às  eleições   1991,  ficara m constituídas  as
      Comissão Mista de Verificação e                       gerais; aquisição, pela UNITA,   comissões  previstas  nos
      Fiscalização (CMVF).                                  do direito de realizar e partici-  Acordos.
                                                             par livremente em  actividades   A CCPM  tem a responsabilida-
                                                             políticas,  de  acordo com  a   de pelo controlo global do pro-
          SseS  acordos, que a panir   fogo, os  beligerantes  obrigam-  Constituição  revista,  tendo em   cesso  de  cessar  fogo  e  pela
          de  então  passaram  a ser   se:  a terminar as  hostilidades   vista  a criação de  um  Estado   aplicação dos  Acordos de  Paz,
      E conhecidos  por  Acordos   militares em  todo o território e   multipartidário;  compromisso   decidindo  em  última  instância
      de Bicesse,  incluem o  N Acordo   a violência  contra as  popula-  do  Governo  em  auscultar  as   sobre eventuais  violações,  e
      de cessar fogo",  os  "Princ(p;os   ções; a garantir a circulação de   forças  políticas emergentes,   não  substitui  o Governo  nas
      fundamentais  para  a instaura-  pessoas e bens; a terminar com   visando  as  alterações  a intro-  suas  atribuições.  A CCPM
      ção  da  paz e conceitos para   a  propaganda  hostil, quer a   duzir  na  Constituição;  realiza·   inclui  representantes  do
      resolver questões ainda  exis-  nível  nacional, quer a  nível   ção de eleições gerais,  livres  e   Governo,  UNlT A,  Portugal,
           w
      lenles e  o  N Pr%colo  do   internacional, e à não  aquisi-  justas,  após o registo eleitoral   Estados  Unidos  e  Rússia, ao
      Estorír.                   ção de  material  de  guerra;  a   sob  fiscalização  de observado·   mais alto nível.
      Através  do  Acordo  de  cessar   libertar  os  prisioneiros  fei tos   res  internacionais;  criação de   A CMVF tem  a responsabilida-
                                                                                        de  pela  criação  de  todas  as
                                                                                                   necess~ r ias  ao
                                                                                        estruturas
                             Protagonistas                                              desempenho das suas funções,
                                                                                        incluindo  os  Grupos  de
                                                                                        Fiscalização (GF) necessários
       Na sequência dos  Acordos de   Guiné,  embarcou  na  (ragata   O  CFR            em  todo  o território.  É a pri-
       Bicesse,  três  oficiais  da   "Almirante Pereira da  Silva"', e   Aniceto       meira  responsável  pelo  cum-
       Armada  foram  integrados em   prestou serviço no Comando   Garcia               primento do cessar fogo,  pela
       algumas  das Comissões então   Naval  do  Continente  e  na   Esteves            recolha  do  armamento, pela
       criadas.  Foram  eles,  o CMG   Capitania do Porto de LisOOa.   integra  a       desmobilização dos  efectivos
       Vasco  Frederico  da  Silva   É especializado  em  Armas   CMVF ,                excedentes  e pela  supervisão
       Blanc  lupi, o CMG  FZ  José   Submarinas  e  em  Fuzileiro   com  as            do  processo de desminagem. A
       Floriano  Lopes  Fernandes e o   Espec~/.             (unções                    CMVF  inclui representantes do
       CfR Aniceto Garcia Esteves.                          de  espe-                   Governo e da UNITA,  e obser·
                                  O  CMG  -~=,---.  cialista                            vadores  de  Portugal,  Estados
       o  CMG                     FZ  José                   naval,  previstas  nos  Acordos   Unidos  e  Rússia,  O  grupo de
       Vasco                      Floriano                  de Bicesse.                 observadores  inclui  6  oficiais
       Frederico                  L o p e s                  Tem 42 anos de idadee, dentre   portugueses, dos  quais  um
       8 f a n c                  Fernan-                   os  diversos  navios em  que   deles, nos tennos dos Acordos,
       Lupi  in-                  des  inte-                embarcou,  destacam-se  os   é um especialista naval.
       tegra  a                  gra    a                   draga-minas 'Velas'" e "Lagoa",
       CCFA ,                     CMVF.                     o patrulha  "Zambeze", em que   Para  a  realização dos  seus
       tend<rlhe   '"     ' ....   Tem  45                   efectuou uma comissão de ser-  objectivos,  a CMVF  promoveu
       sido COfl-  o  .  .        anos  de                   viço  em  Cabo  Verde  e na   a  fixação  de  50  Áreas  de
       Fiada  a                   idadee, até 1974, integrou unida-  Guiné,  as corvetas  "Honório   Localização  (Al),  onde  foram
       tarefa  de  reestruturação  da   des de fuzileiros  especiais, desta-  Barreto" e "Augusto de  Cas-  acantonadas  as  tropas  e onde
       Marinha de Guerra Angolana.   cadas em comissões de serviço   tilho"',  e a  fragata  "Almirante   seria  reunido  O  armamento.
       Tem  50 anos de  idade e,  ao   em Moçambique e na Guiné.   Gago Coutinho"'. Foi  coman-  Destas  AL  foram  atriburdas  27
       longo da  sua  carreira,  entre   É especializado em Fuzileiro   dante  dos  N.R.P "Lagoa"  e   ao Governo e 23 à UNITA. Ca-
       outros caf8os,  (ai Imediato de   Especial e em Educação Física.   "'Augusto de Castilho".  t espe-  da  AL  dispunha  de  um  Grupo
       um Destacamento  de Fuzileiros   tem  o curso de mergulhador-  cializado em Artilharia e está   de  Fiscalização  (GF1,  havendo
       Especiais em  Angola,  coman·   vigia e está habilitado com o   habilitado com o Curso  Geral
       dante  do  N.R.P. "'Hidra'"  na   Curso Geral Naval de Guerra.   Naval de Guerra.       (Continua na pág.  16)
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