Page 12 - Revista da Armada
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Guiné 1998 - Os Fuzos na Operação
Guiné 1998 - Os Fuzos na Operação
“Crocodilo/Falcão”
“Crocodilo/Falcão”
Fuzos! Prontos. Do mar! P’rá terra. Desembarcar!...
ORGANIZAÇÃO, PREPARAÇÃO
E EMBARQUE!...
s chamados feriados de Junho
proporcionavam, este ano, um fim
O de semana prolongado que po-
deria ter sido uma regeneradora pausa na
actividade operacional dos Fuzileiros.
Contudo, pouco depois das licenças
dadas no dia 9 de Junho, soava o alerta
para um regresso à Unidade, iniciando-se
a preparação de todo o dispositivo que
partiria para as águas da Guiné-Bissau,
constituindo a Força de Desembarque
(FD) numa operação plena de êxito que
muito revelou da capacidade de exe-
cução e do espírito da nossa Marinha.
O tipo de missão, as condições do
teatro de operações e as condições supe-
riormente definidas levaram a que o efectivo de 84 homens, distribuídos por A noite de 9 para 10 de Junho foi toda
Corpo de Fuzileiros disponibilizasse os um Pelotão de Atiradores, um Pelotão de ocupada no planeamento e na prepara-
elementos característicos para a realiza- Reconhecimento, uma Secção Anti-Carro, ção de todos os meios necessários à ope-
ção do que seria uma Operação de Apoio uma Secção de Morteiros e uma Secção ração que se iria desenrolar. Valeu muito
à Paz, mas com todos os elementos de de apoio de Serviços. A sua vocação era a a experiência colhida no Zaire cerca de
uma Operação Anfíbia típica. Foram pre- de desenvolver manobras tácticas, tendo uma ano antes e, pelas 17h00 do dia 10,
parados os seguintes meios: em vista o controlo de pontos chave e a as forças eram dadas como prontas para
1. Destacamento de Acções Especiais protecção de corredores de evacuação. embarcar, com 45 toneladas de material
(DAE), comandado pelo 2º Ten FZ Fonseca 3. Um Grupo de Botes de Assalto, coman- (sem contar o combustível), dos quais 32
e com um efectivo de 9 homens, voca- dado pelo Guarda-Marinha FZ Vaqueiro, eram munições e explosivos. O pessoal
cionado para a execução de Operações de com um efectivo de 22 homens e dispon- estava preparado para uma missão de 30
Força Avançada ou para acções específi- do de 24 botes de assalto. A sua missão dias, tendo capacidade para suportar 7
cas, no âmbito da própria operação. De- seria a de desembarcar e reembarcar a FD dias de combate de baixa intensidade,
signadamente para acções em profundi- e o DAE, bem como proceder ao trans- com mais 7 dias de reserva. Cento e vinte
dade no terreno, para reconhecimento, porte de evacuados. homens viriam a ser divididos pelos
eventual resgate sigiloso, ligação inicial 4. Uma Equipa de Ligação, para apoiar navios “Vasco da Gama” (Equipa de liga-
com autoridades e entidades e missões directamente o CTG, compreendida pelo ção ao CTG e DAE), “Honório Barreto”
de protecção especial. 2º Comandante do BF 2, o Comandante (Comando da FD, Pelotão de Atiradores,
2. Uma Força de Desembarque (FD), de da Unidade de Meios de Desembarque Secção Anti-Carro e uma Secção de
escalão Companhia (reduzida), coman- (UMD) e um Oficial de Comunicações do Botes), “João Coutinho” (Pelotão de Re-
dada pelo 1º Ten FZ Mendes e com um Corpo de Fuzileiros. conhecimento e Secção de Botes) e
“Bérrio” (Secção de Morteiros e Secção
de Apoio de Serviços).
Com excepção do “Bérrio” (que só
pôde partir a 13 de Junho) a Força saiu a
11 de Junho em direcção à Guiné. Natu-
ralmente, as condições de vida a bordo
não foram as melhores, pesando o facto
da missão ser muito prolongada e se
realizar em condições climáticas pouco
favoráveis.
Muito calor e demasiado pessoal a
viver num espaço que não prevê a pre-
sença de uma força de desembarque
foram os principais problemas, mas
valeu o bom ambiente e a camaradagem
que minimizaram o desconforto e favore-
ceram uma plena integração na vida a
bordo dos navios.
10 JANEIRO 99 • REVISTA DA ARMADA