Page 213 - Revista da Armada
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Fazia trabalhos administrativos, rotineiros e  diminuir noutra. Talvez nalgumas mentes,  compreender as suas vozes e os seus sinais,
         fastidiosos, com uma precisão científica,  com determinadas combinações, com extra-  mas agrada-me pensar que algumas inca-
         que outros não conseguiam igualar, man-  ordinárias potencialidades de um tipo  pacidades que sinto, sejam compensadas
         tendo-se no serviço activo.        específico, ficasse menos capacidade para  por capacidades diferentes, a que muitos
                                            compreender um mundo como o nosso –  nunca terão acesso.
           Provavelmente de tanto lutar com os fan-  cheio de entidades malévolas como o são a  Agrada-me, acima de tudo, poder criar
         tasmas que o perseguiam, fazia uma vida  inveja, a ganância, a insensatez, o conflito e  um mundo, em que nem sempre o mais
         solitária de asilante. Não se lhe conheciam  a maior inaceitabilidade de todas – a morte.  forte vença, em que a felicidade seja um
         grandes amizades, excepto um par de peri-  Talvez, só talvez, essas pessoas, por um  atributo dos simples e em que cada um
         quitos grandes, que são conhecidos, entre  caminho que não escolheram, sejam  valha pelo que não se vê. Nesse mundo,
         os anglosaxónicos, por Love Birds, pois  forçadas a encontrar uma realidade em que  acredite o leitor, o fracasso pode ser um
         traçam uma união para a vida – de aparên-  as referências sejam outras, em que o medo  princípio, o medo é a escada do sucesso e
         cia harmoniosa, mesmo em cativeiro.  não exista, em que a pena não seja raínha e  este mede-se pela paixão...
         Transportava os seus amigos alados para  em que o ser, e o sentir sejam diferentes...  Quem sabe, talvez eu também necessite
         todo o lado e parecia falar-lhes, sempre que                          de uma injecção mensal, para me libertar
         os outros se afastavam. Imaginei, na época,  Sei, isso sim, em favor da minha teoria,  do incompreensível que me atormenta, de
         que talvez as aves tenham capacidades  que muitas vezes procurei vozes de um  forma recorrente, o espírito?
         especiais, que lhes permitam atravessar o  outro mundo, sem dor. Sei também, que
         limiar da compreensão de outros mundos,  procurei dizer a outros, nos piores momen-  Todos somos diferentes e cada um em
         outras dimensões, outras realidades, como  tos das suas vidas, que há paz, para além do  maior ou menor grau, procura arranjar o seu
         aquela do brilhante Matemático.    sofrimento. Mas raramente consegui.  próprio mundo. A mim parece-me muitas
           Acontece, que eu também tenho grande  Raramente fui suficientemente eloquente,  vezes que é a realidade que nos oferecem
         interesse por aves e admirava a dedicação  para romper as grilhetas que nos prendem a  que está errada e não os mundos que cria-
         com que ele as presenteava. Fazia-lhe per-  este mundo tantas vezes mesquinho, mau,  mos. Era bom, tenho a certeza, que cada um
         guntas sobre os seus pássaros, a que ele  incompreensível...          pudesse mudar o mundo, pelo menos um
         respondia com sorrisos vagos. Nem assim  Talvez o Matemático saiba, melhor que  pouco, no bom sentido. Por isso escrevo,
         era fácil chegar perto dele, isolado numa  eu, encontrar a passagem para além do que  mesmo com muito pouca inspiração, porque
         existência diferente.              está errado. Talvez num outro referencial  nestes castelos imaginários, sem matemáticas
                                            sejamos nós os doentes e ele o ajuizado.  e de equações banais, proscritas, compreen-
           Ocorreu-me então, que a mente deve  Numa existência em que o desenvolvimen-  do alguma coisa. Perdoe-me o caro leitor!
         estar em equilíbrio perfeito. Se fornece muito  to da mente aritmética, seja uma marca
         de uma categoria, forçosamente terá que  comum...Nunca o saberei, porque não sei                   Doc.

                                              SAIBAM TODOS

                                                   ESCOLA NAVAL

                                CONCURSO DE ADMISSÃO DE CADETES DA ARMADA - 2001

         ● Nos termos da Estatuto da Escola Naval, de 4 de Junho a 6 de
         Julho de 2001, está aberto o concurso para admissão de cadetes
         para os cursos de licenciatura de ingresso nas seguintes classes de
         oficiais dos Quadros Permanentes da Armada:
           Marinha  . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .40 vagas
           Administração Naval  . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .6 vagas
           Fuzileiros (1)  . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .2 vagas
           Engenheiros Navais -Ramo Mecânica  . . . . . . . . . . .10 vagas
                          -Ramo Armas e Electrónica . . .12 vagas
           Médicos Navais (2)  . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .6 vagas
            (1) Só para candidatos do sexo masculino.
            (2) Inclui a licenciatura em Medicina, na Faculdade de Medicina da
              Universidade de Lisboa.

         Informações
           Esclarecimentos e informações complementares podem ser
         obtidos nos seguintes locais:
           • Secretaria Escolar da Escola Naval – Alfeite-2810-001 Almada  • Endereço E-mail – comando@escolanaval.pt
             Telef. 212748941, 212747125, 212741682 - FAX. 212754499  • Gabinete de Divulgação e Informações da Marinha
           • Página na Internet – www.escolanaval.pt             Praça do Comércio- Lisboa – Telef. 213429408, 213429439



            No Centro de Medicina Naval, situado nas anteriores instalações do Serviço de Saúde da BNL, passaram a funcionar consultas
          de Clínica Geral para militares na situação de Reserva e Reforma.
            Estas consultas são diárias, com início pelas 14.00 horas e com marcação prévia, que pode ser feita, quer directamente no
          Centro de Medicina Naval, quer através dos telefones 212594548 da P.T. ou pelo 3388 da R.T.P.M.

                                                                                      REVISTA DA ARMADA • JUNHO 2001  31
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