Page 224 - Revista da Armada
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pintores, como Martins Barata, com quem
privei, já na Marinha, e sob cujo convite e
orientação pintei, 2 anos seguidos, postais
de Boas Festas para os CTT, esses contac-
tos e outros, como Frederico Ayres, por
exemplo, em Lourenço Marques, fui sem-
pre autodidacta, devorando muitos livros e
praticando ou experimentando continua-
mente em modalidades como a aguarela,
o guacho e acrílico, o óleo, gravura de
água-forte, pastel, linóleo, a lápis e à pena,
modalidades pelas quais me reparti como
ilustrador de revistas, e jornais, quase sem-
pre no campo de assuntos navais. Fui
membro da Sociedade Nacional de Belas
Artes, onde expus, bem como noutros
locais, particularmente no Clube Militar
Naval, e nas exposições regulares mais
recentes, designadas “Os Militares e a
Arte”, que ocorreram por vários anos,
patrocinadas pelo EMGFA e levadas a
diversas cidades do território nacional.
Capas das Revistas da Armada n 1 e 2.
os
Pintei alguns painéis de azulejos, de-
signadamente um para a POLNATO dos
de “Bibliografia”, “Numismática”, R.A. – Uma das suas características é Açores, dois para os edifícios das dele-
“Filatelia”, assuntos do Ultramar – quan- a segurança do traço que, designada- gações Marítimas de Mira e Póvoa do
do havia – e escrevi histórias e episódios mente nas diversas ilustrações que Varzim, dois para o refeitório da Escola
navais, tendo ilustrado também muitos executou, o individua-
outros contos de outros autores. Co- lizam entre os artistas e
laborei na secção “Quarto de Folga” o tornam muito conhe-
com algumas anedotas navais. Além cido, principalmente no
disso também escrevi e ilustrei alguns meio naval.
manuais escolares, quando professor na Como foi conseguida
Escola de Artilharia Naval, e na Escola essa segurança que o
Naval, usando aliás da minha facilidade identifica tão bem?
de desenhar para desenho didáctico
durante as aulas, inclusivamente nos S.M. – Duma maneira
liceus onde também ensinei ocasional- muito simples. Sabe que
mente, sobretudo no Ultramar (Cabo quando a maçã caiu da
Verde e Guiné / 5 anos). árvore e o Newton des-
Escrevi também para a Editorial Verbo cobriu a gravidade tam-
(para a qual fiz várias traduções) dois bém lhe fizeram uma
livros sobre pilotagem de aviões igual- pergunta semelhante.
mente ilustrados, claro, fruto do curso de Pensando muito nisso,
P.P.A. que tirei. respondeu ele. E eu, ao
desenhar, com o tempo,
aos cinco anos já dese-
nhava, comecei a fazer
tantos e tantos desenhos
que fui aperfeiçoando o
traço e então a pessoa
habitua-se a ver os por-
menores dos desenhos
que consegue executar e
com o decorrer do tem-
po vai ganhando per-
feição.
R.A. – Como nasceu Painel de azulejos na POLNATO – Açores.
em si o gosto pela pintu-
ra e que trabalhos importantes exe- Naval (perdidos em incêndio há poucos
cutou? anos).
Pintei ainda alguns retratos de nave-
S.M. – Como nasceu, não sei. Sempre gadores para o antigo Corpo de Mari-
me senti atraído pela representação gráfi- nheiros, o retrato do Marquês de Niza
ca, por exemplo, de temas escolares. Sem para o Comando da Escola Naval, o retra-
outro curso que não fosse o liceal. to de Pêro Escobar para a fragata do
Em termos de pintura mais avançada, e mesmo nome, bem como outros retratos
Cartaz comemorativo. abstraindo de conversas ocasionais com para entidades exteriores à Marinha como,
6 JULHO 2001 • REVISTA DA ARMADA