Page 123 - Revista da Armada
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grandiosa exposição, que simbolizou o
                                                                               reapertar dos laços de Portugal com o
                                                                               resto da Europa, depois de uma longa
                                                                               presença em África.
                                                                                 Reconhecido a nível nacional e inter-
                                                                               nacional pelos seus méritos, é convidado a
                                                                               integrar diversas instituições científicas:
                                                                               membro da comissão de redacção da
                                                                               Imago Mundi, revista internacional de
                                                                               História da Cartografia; Vogal da Direcção
                                                                               da Sociedade de Geografia de Lisboa,
                                                                               chegando a ser director da sua biblioteca;
                                                                               sócio efectivo da  Academia Portuguesa de
                                                                               História; sócio efectivo da Academias das
                                                                               Ciências de Lisboa, onde ocupa a cadeira
                                                                               deixada vaga por Gago Coutinho; membro
                                                                               do Conselho Superior Científico do
                                                                               “Institut Français d’Afrique Noir”; represen-
                                                                               tante português e conselheiro da “Co-
                                                                               mission Internationale d’Histoire Ma-
         Teixeira da Mota numa sessão da Academia de Marinha.                  ritime”; membro correspondente da “Real
                                                                               Academia de la Historia” de Madrid;
         Teixeira da Mota regressa à África para  ção de 1973), ficando na efectividade de  membro da Comissão Internacional da
         chefiar o Estado-Maior do Comando da  serviço; desempenha funções no Tribunal  História da Náutica e da Hidrografia; sócio
         Defesa Marítima da Guiné. Mas no conti-  da Marinha e no Ministério da Defesa Na-  da “Society of Discoveries”; membro da
         nente negro tudo mudara. Muito do que  cional, é convidado por universidades e  Comissão Nacional de História das
         tinha construído na sua juventude parecia  instituições internacionais para proferir  Ciências; sócio honorário da Sociedade
         agora desabar diante dos seus olhos, pe-  palestras. Poucos anos mais tarde é encar-  Brasileira de Cartografia; membro do con-
         rante uma guerra atroz que se eternizava.  regado de esboçar o Guião para a XVIIª  selho orientador do Centro de An-
         Triste e desanimado, abandona a Guiné  Exposição de Arte, Ciência e Cultura Eu-  tropologia Cultural, da Junta de Inves-
         para ir chefiar o Estado-Maior do Comando  ropeia, no entanto, adoece gravemente e  tigações do Ultramar, e de muitas outras
         Naval de Angola.                   não consegue acabar o seu projecto para a  instituições que seria fastidioso estar aqui a
           Todavia, o interesse                                                enumerar.
         pela África continua.                                                   Avelino Teixeira da Mota veio a falecer
         Mantém produção,                                                      no dia 1 de Abril de 1982. Pouco antes, é
         assídua, de estudos                                                   eleito Presidente da Academia de Marinha,
         sobre contactos luso-                                                 uma das instituições que ajudou a erguer.
         -africanos, com a                                                     Como reconhecimento dos serviços presta-
         ajuda de colabora-                                                    dos ao País fora  promovido por distinção,
         dores em Lisboa. À                                                    em Setembro de 1981, ao posto de Vice-
         frente do Agrupa-                                                     -Almirante. Em acumulação de funções mi-
         mento de Estudos de                                                   litares e civis, este distintíssimo oficial de
         Cartografia Antiga                                                    Marinha e notável historiador, deixou uma
         pensa publicar, com                                                   vasta obra, assente em criteriosos métodos
         estudos críticos e                                                    científicos, ainda hoje, em muitos dos seus
         edições em várias lín-                                                pontos actual.
         guas, fontes portu-
         guesas para a História                                                      Carlos Manuel Valentim, S/Tenente
         da África. São sobre-                                                              (Comissão Cultural da Marinha)
         tudo crónicas, relatos,
         descrições geográficas
         e antropológicas de                                                   Notas
         autores dos séculos                                                     (1) Desenvolvemos esta problemática no nosso
         XVI e XVII. Contudo,                                                  estudo “Avelino Teixeira da Mota, historiador das
                                                                               sociedades e dos oceanos” in Actas do Colóquio
         não consegue con-                                                     Vasco da Gama, Os Oceanos e o Futuro, Escola
         cretizar esse desejo. A                                               Naval, 1999, pp. 129-130
         tarefa revelar-se-ia di-                                                (2) O título é precisamente “Guiné Portuguesa”,
         fícil, e irrealista para o                                            Lisboa, Agência Geral do Ultramar, 2 tomos, 1954
                                                                                 (3) Biblioteca Central da Marinha, Ms 519
         panorama científico e                                                   (4) “A viagem de Bartolomeu Dias e as ideias
         cultural da altura,                                                   geopolíticas de D.João II” in Boletim da Sociedade de
         atendendo ao facto de                                                 Geografia de Lisboa, série 76, nº9-12,1958 pp.297-
         o país estar a passar                                                 322
                                                                                 (5) Boletim Oficial da Guiné, nº 11, Março, 1947,
         por um período de                                                     pág. 94
         transição social e                                                      (6) In Anais do Clube Militar Naval, Maio – Junho,
         política.                                                             1948 pp. 301-61
           Em 1976 passa à                                                       (7) Os quatro primeiro volumes saíram em Abril de
         situação de reserva no                                                1960 e o quinto volume veio a sair um ano mais
                                                                               tarde.
         posto de Capitão-de-                                                    (8) Armando Cortesão, Cartografia Portuguesa
         -mar-e-guerra (promo-  VALM Teixeira da Mota.                         Antiga, Lisboa, Colecção Henriquina, 1960, pág.10.
                                                                                       REVISTA DA ARMADA • ABRIL 2002 13
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