Page 316 - Revista da Armada
P. 316

Espectacular operação
                              Espectacular operação

             de salvamento no porto de Leixões
             de salvamento no porto de Leixões




               a manhã do passado dia 22 de Julho, encontrava-se o
               N.R.P. “Zambeze” em missão na Zona Marítima do Norte,
         Nquando o Cabo CRO Domingos alertou o Comandante,
         1TEN Miranda de Castro, que um carro teria caído ao mar na raiz do
         Cais do Marégrafo em Leixões, onde o navio se encontrava atracado.
           O Comandante dirigiu-se ao castelo e constatou que o veículo
         caíra para o lado da bacia de manobra do porto de Leixões. Ordenou
         que se pusesse a semi-rígida na água, enquanto o Aspirante Brandão
         Marques e o Imediato, 2TEN Pires Vicente, reuniam o material de
         mergulho. Rapidamente a embarcação foi posta dentro de água,
         aproximando-se do corredor de BB do navio.
           Vestido o fato de mergulho, o Comandante atirou-se à água e subiu
         para a semi-rígida, onde lhe foi passada a garrafa com o regulador, o
         cinto de lastro, máscara, barbatanas e uma retenida de segurança. Esta  A viatura sinistrada a ser içada para o cais.
         operação demorou aproximadamente 3 minutos, desde que o alarme
         chegou ao navio. Dirigiram-se então para o local do acidente.  para fora da viatura, mas sem conseguir libertar o sinistrado. Notou
           A profundidade era de cerca de 6 metros o que, aliado à baixa tem-  então que uma perna estava presa no volante e os pés debaixo dos
         peratura da água e fraca visibilidade, tinha gorado a tentativa de  pedais. Entrou de novo no veículo e soltou-os. Puxando novamente
         socorro já efectuada por um frequentador da Marina.  pelas axilas, conseguiu finalmente retirar o indivíduo e trazê-lo até à
           O 1TEN Miranda de Castro lançou-se então à água e iniciou a  superfície.
         busca, deparando com a viatura, que não estava bem assente no  Entretanto, tinha chegado uma embarcação do I.S.N. com dois
         fundo, com as janelas abertas e um indivíduo inanimado no lugar do  socorristas, passando um para a semi-rígida do navio. O Coman-
         condutor, com o cinto de segurança passado. Tentou abrir a porta  dante aproximou-se da semi-rígida com o sinistrado e, o Cabo Horta
         mas, sem sucesso. Entrou então pela janela e tirou o cinto de segu-  mais o socorrista, içaram-no para dentro, prestando a primeira
         rança ao sinistrado, que tinha a cabeça encostada à capa do tejadilho  assistência com massagem cardíaca. Simultaneamente, partiram para
         do automóvel (“Volkswagen Golf” conversível), dificultando a acção.  dentro da Marina.
         Após soltar-lhe a cabeça, puxou-o pelas axilas retirando os ombros  Na rampa do I.S.N. já se encontrava uma ambulância do I.N.E.M.,
                                                              bem como o sarg. enfer. do Zambeze, 2SAR HE Bastos, que acom-
                                                              panhou o sinistrado na ambulância até ao Hospital Pedro Hispano,
                                                              ajudando a entubá-lo e a prestar assistência.
                                                               O sinistrado chama-se Daniel Duque da Silva, tem 32 anos e encon-
                                                              tra-se nos cuidados intermédios pois, apesar da sua situação ser está-
                                                              vel e já apresentar alguma reacção a nível motor, continua em coma.
                                                              Estima-se que terá estado entre 12 a 15 minutos dentro de água.
                                                               O alarme só chegou ao navio alguns minutos após o acidente e
                                                              porque alguém se lembrou que, para além dos Bombeiros e I.N.E.M.,
                                                              as primeiras entidades a ser contactadas, também no navio podia
                                                              estar o auxílio.
                                                               Curiosamente, era dia do 35º aniversário do Comandante do
                                                              N.R.P. “Zambeze” e, 40 anos antes, naquela mesma bacia de
                                                              manobra, uma onda atirou ao mar um carro com os seus dois irmãos
                                                              mais velhos, a avó e uma tia. Na altura, foi a acção dos tripulantes da
                                                              lancha “Esposade” da A.P.D.L., que os salvou...!

         1TEN Miranda de Castro.                                                           (Colaboração do N.R.P. “Zambeze”)
                                                              O Ministro de Estado e da Defesa Nacional deslocou-se no passado dia 1 de
                                                            Agosto ao Instituto de Socorros a Náufragos, para condecorar com a Medalha de
                                                            Prata de Coragem, Abnegação e Humanidade, o 1º Tenente Pedro Gil Miranda de
                                                            Castro, comandante do N.R.P. “ZAMBEZE”, pela pronta decisão, coragem, altruís-
                                                            mo e sentido de humanidade, demonstrados por este oficial na acção de salvamen-
                                                            to realizada no porto de Leixões em 22 de Julho de 2002, com condições de visibili-
                                                            dade adversas e com risco da própria vida e que resultou no resgate, com vida, do
                                                            condutor de uma viatura caída ao mar.
                                                              Na oportunidade, o Ministro de Estado e da Defesa Nacional deu público realce
                                                            ao acto que originou  esta condecoração e referiu-se , também e em termos muito
                                                            elogiosos, à missão do Instituto de Socorros a Náufragos destacando a actividade
                                                            das tripulações das embarcações salva-vidas em que a dificuldade e o risco são evi-
                                                            dentes, não se compadecendo com o horário normal de serviço. A este propósito
                                                            comunicou ter subscrito um despacho atribuindo aos funcionários da carreira do
                                                            convés e motoristas das embarcações salva-vidas do Quadro do Pessoal Civil do
                                                            Instituto de Socorros a Náufragos, o subsídio pela disponibilidade.
                                                                                                    (Colaboração do ISN)

         26 SETEMBRO/OUTUBRO 2002 • REVISTA DA ARMADA
   311   312   313   314   315   316   317   318   319   320   321