Page 371 - Revista da Armada
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Um dia no ...
Um dia no ...
Hospital da Marinha
Hospital da Marinha
Claro que já foi ao Hospital
da Marinha (HM). Para uma
consulta, de visita a um Desenho de CFR Couto Soares, 1990
camarada ou a acompanhar
pessoa de família. Talvez até
tenha tido baixa ou passado
por uma cirurgia. Hoje,
queremos falar-lhe do que
está para lá do que observou,
mesmo a si que trabalha no
HM, a quem, ocupado nas
suas tarefas, cremos poder Fachada principal do Hospital da Marinha.
revelar algo. ao longo de dois séculos, nem a evolução Assistido por uma equipa de médicos,
da medicina Geral (2), nem a Naval (3). paramédicos e mergulhadores (5), tem um
rdenada, pelo Príncipe Regente A entrada ao serviço dos, hoje ultrapas- pico de utilização em Dezembro (intoxi-
(1), a sua reedificação a 27 de sados, navios a vapor/carvão e, em 1913, cações por CO e gás) e ao longo do ano trata
O Setembro de 1797 sempre aco- dos submarinos (4), só muitos anos mais mergulhadores (militares e civis) e pilotos da
lheu os melhores, lhes deu a melhor for- tarde levantou problemas específicos. FAP (remoção de nitrogénio residual), mas a
mação e, enfim, recolheu os melhores Nestes, as rápidas vindas à superfície ou a sua utilização é maioritariamente para
elogios. E não terá sido fácil acompanhar, decorrente de evacuações de emergência doenças do foro da diabetes e outros como a
determinaram que, a comple- surdez súbita e a cistite rádica, constituindo
mentar o Tanque de Treinos e
assim mais um importante Serviço Público
Foto de António Sacchetti para o tratamento de acidenta- prestado pela Armada.
dos de mergulho que, entre-
Às consultas semanais (3 gabinetes mé-
dicos) e, diariamente, às duas sessões de tra-
tanto, passará dos 54 para os
90 m, fosse, em 1952, uma
chegam até 26 doentes / sessão. Nestas, as
primeira Câmara Hiperbárica tamento protocolado de cerca de 2 horas,
instalada na Escola de Mer- misturas de gases (% de oxigénio, hélio e ar),
gulhadores da Esquadrilha de as variações de pressão e de humidade são
Submarinos. informaticamente monitorizadas, mas com
Em 1968 foi adquirida uma soluções alternativas e sempre acompa-
nova câmara e iniciados trata- nhadas por um enfermeiro (6) no seu interior.
mentos com oxigénio hiperbá- E dois auxiliares ocupam-se dos, hoje
rico para patologias de nature- redobrados, cuidados de desinfecção.
za hospitalar. Um conjunto de compressores a óleo e
Anos depois compreendeu-se respectivos filtros, fornecem, através de bate-
o interesse em transferir os ser- rias de garrafas (7), o ar comprimido e o
viços ali prestados para o HM oxigénio, a partir duma Central anexa que
(excepto o tratamento de aciden- duas redes distribuem por todo o HM.
tados de mergulho) e em 1989 Uma câmara de apoio a Mergulhadores no
chegou uma nova Câmara. N.R.P. «Schultz Xavier» não dispensa o HM
O Serviço (1992) que é há de possuir uma câmara portátil para transporte
oito anos o actual Centro de de acidentados que devam recolher ao HM.
Medicina Hiperbárica (CMH), Na vertente formativa tem, nesta área, o
disponível 24 horas / dia e HM, com as Faculdades de Medicina de
365 dias / ano, atingiu a ru- Lisboa, realizado vários cursos. O CMH par-
ptura em 1998. Três anos ticipa ainda em projectos de investigação da
depois, nova Câmara, acopla- UE e tem acolhido ou promovido encontros
da à anterior, coloca o único científicos internacionais.
centro nacional, o Centro de No entanto, pelas 08h00, o Serviço ex-
Medicina Hiperbárica do ternamente mais concorrido é o de Análises.
Hospital de Marinha, entre os Cumprida a burocracia aguarde (8) que num
melhores e mais modernos dos quatro gabinetes se proceda à recolha de
Estátua do Príncipe Regente. centros da Europa. amostras e tome o pequeno almoço nos ba-
REVISTA DA ARMADA • DEZEMBRO 2002 9