Page 79 - Revista da Armada
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diferentes maneiras, consoante o critério damentalmente militar e outra principal- capacidade oceânica de superfície e a de
seguido. Na Marinha portuguesa adoptou- mente orientada para o serviço público, projecção de força perdem quase todo o
-se a classificação de acordo com a utiliza- cada uma com o seu conjunto de capaci- seu valor. Com tais deficiências, as missões
ção operacional primária, o que se traduz dades próprias e ainda a capacidade de da componente militar não podem ser exe-
pela colocação das fragatas na capacidade comando e controlo e da componente fixa cutadas com a mínima eficácia e a Marinha
oceânica de superfície, os patrulhas na (órgãos e serviços de apoio), comum às transforma-se rapidamente em simples
capacidade de fiscalização, o navio poliva- duas vertentes. Só algumas dessas capaci- Guarda Costeira. Na realidade, esta é uma
lente logístico (LPD) na capacidade de pro- dades (oceânica de superfície, submarina, questão de extrema importância que se
jecção de força, etc. Esta “arrumação” tem projecção de força, guerra de minas e, em- coloca aos portugueses. O país precisa de
os seus defeitos porque provoca alguma bora de forma não exclusiva, a hidro-ocea- uma Marinha digna desse nome ou de
confusão com capacidades funcionais ou nográfica)(1) são específicas das Marinhas uma Guarda Costeira disfarçada de Ramo
com capacidades integradas, que não cabe de Guerra, já que as restantes se inserem das Forças Armadas? É certo que a
aqui discutir, mas terá as suas virtudes, essencialmente na componente de serviço Marinha sai cara ao país. Mas não será mais
pois permite distinguir as necessidades no público, sendo típicas das Guardas Cos- dispendioso não a possuir? Não convém
planeamento de forças, sem invalidar o teiras. Porém, a capacidade de projecção de esquecer que entre as parcelas do território
princípio da polivalência dos meios e a força não sobrevive sem o apoio da capaci- nacional se estende teimosamente o oceano
sequente aplicação nas missões. Por exem- dade oceânica de superfície. Por sua vez a atlântico. Uma Guarda Costeira não mostra
plo, para projectar força serão provavel- capacidade oceânica de superfície não faz a vontade de afirmação do país, nem
mente necessárias fragatas, o LPD, uni- sentido sem a capacidade submarina. Para sequer no espaço estratégico salgado que
dades de fuzileiros, submarinos, unidades os descrentes nesta afirmação, apesar das lhe é mais precioso. O pior é que esta é uma
de mergulhadores, ou outros meios. muitas razões existentes, há um facto indes- das características dos Estados exíguos,
Todavia, só encontramos o LPD, o Batalhão mentível a comprová-la. Consulte-se o sem visibilidade no sistema internacional.
Ligeiro de Desembarque e o Destacamento Jane’s Fighting Ships e verifique-se que, em
de Acções Especiais na capacidade de pro- todo o mundo, existe apenas uma Marinha V. M. B. Lopo Cajarabille
jecção de força da Marinha porque essa é a com uma significativa capacidade oceânica CALM
utilização operacional primária destes de superfície e que não possui submarinos. Notas
meios. Trata-se da Tailândia, que tem planos para (1) Em rigor haveria que incluir a capacidade de reser-
Num plano mais genérico é sabido que a os adquirir em 2006. A conclusão é evi- vas de guerra, que envolve um determinado número
nossa Marinha tem uma componente fun- dente. Sem capacidade submarina, a de mísseis, torpedos, munições, minas,etc.
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REVISTA DA ARMADA • MARÇO 2002 5