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O N.R.P. “Vasco da Gama” na Stanavforlant
O N.R.P. “Vasco da Gama” na Stanavforlant
1ª Parte - 02 de Março a 01 Abril 2003
o início do passado mês de Março a Vasco da Gama zarpou
da Base Naval de Lisboa juntando-se no Tejo aos navios da
NForça Naval Permanente do Atlântico (Standing Naval Force
Atlantic – STANAVFORLANT). Com uma guarnição mista de cerca de
200 militares, onde se incluem o destacamento do helicóptero, uma
secção de fuzileiros e um reforço da equipa de mergulho, o navio vol-
tou, assim, a integrar esta Força Naval de Reacção Imediata da NATO
(Maritime Immediate Reaction Force - MIRF), à data sob o comando
do Contra-Almirante Manuel Otero da Marinha de Espanha, composta
pelas fragatas SPS “Victoria” (Espanha), navio-chefe, FGS Emden (Ale-
manha) e USS Halyburton (Estados Unidos).
Após uma curta participação no exercício multinacional espanhol
GRUFLEX 03/01, que decorreu nas águas do Golfo de Cádiz e envolveu,
para além da STANAVFORLANT, o N.R.P. “António Enes” e meios aero-
navais de Espanha, o navio foi pela segunda vez empenhado na Opera-
ção Active Endeavour, cuja novo conceito de operações se estendeu ao
Estreito de Gibraltar.
Esta operação da NATO, consubstanciada no empenhamento contí-
nuo de uma das suas Forças Navais Permanentes, é uma resposta directa Despedida do COMSTANAVFORLANT cessante, CALM SPN Manuel Otero.
ao pedido de apoio dos Estados Unidos, na sequência da invocação do
Artigo V do Tratado de Washington, após os atentados terroristas de 11 de
Setembro de 2001, na luta internacional contra o terrorismo e tem como
objectivo demonstrar a determinação e solidariedade da Aliança para
com um dos seus estados-membros.
Assim, no período de 10 a 19 de Março, o navio desenvolveu, jun-
tamente com unidades navais da STANAVFORLANT e da Marinha de
Espanha, apoiadas por meios aéreos espanhóis e norte-americanos, ta-
refas relacionadas com a vigilância dos espaços marítimos, o controlo
da navegação e a luta contra o terrorismo transnacional nas águas do
Estreito de Gibraltar e respectivas aproximações, tendo como objectivo
manter a segurança, estabilidade e liberdade de navegação nesse ponto
fulcral das rotas marítimas internacionais. Sublinhe-se a crescente preo-
cupação das nações marítimas em garantir a segurança e liberdade de COMSTANAVFORLANT, COMD UKN Richard Ibbotson a bordo da “Vasco da Gama”.
navegação nas linhas de comunicação marítimas de interesse nacional,
o que, no tempo presente, face à natureza das novas ameaças, ganha A AMEAÇA ASSIMÉTRICA
uma dimensão global. Como consequência desse facto, assiste-se a E A PROTECÇÃO DE FORÇAS
uma ocupação dos espaços marítimos internacionais por parte das For- As operações navais presentemente em curso no Estreito de Gibraltar revelam, uma
ças Navais, cuja extensão vai, provavelmente, para além das verificadas vez mais, a acrescida importância e influência que as ameaças de natureza assimétrica
nos conflitos mundiais do último século. assumem no quadro das novas missões das Forças Navais, consubstanciando-se, no pla-
Após este primeiro empenhamento operacional, a Força demandou a no prático, na adopção de medidas de Protecção de Unidade Naval e Força Naval.
Base Naval de Rota, onde, no dia 21 de Março, teve lugar a cerimónia de Recorde-se que o actual Conceito Estratégico de Defesa Nacional sublinha a ne-
entrega de comando da Força, tendo o Co- cessidade de dar resposta à ameaça do terrorismo internacional, cabendo às Mari-
nhas, naturalmente, desenvolver os instrumentos práticos para sua execução no am-
modoro Richard Ibbotson, da Marinha do biente marítimo.
Reino Unido assumido o comando da STA- Consubstanciam-se assim dois vectores de acção aos quais o navio tem de dar res-
NAVFORLANT, na presença do Comandan- posta. São eles a disponibilidade e especialização da Unidade de Abordagem e Visto-
te Supremo Aliado do Atlântico (SACLANT), ria no Mar (UAVM) e o dispositivo de protecção do navio, quer a operar isoladamente,
quer em ambiente de Força.
Almirante Forbes, UKN. Na mesma data, Decorrente do anterior empenhamento da Vasco da Gama na Operação Active En-
juntaram-se à Força dois novos navios, a fra- deavour, foram obtidos diversos ensinamentos e alguma experiência acumulada, que
gata inglesa HMS “Cornwall” (navio -chefe) e têm permitido ao navio adoptar dispositivos de prontidão e procedimentos que garan-
o reabastecedor alemão FGS “Spessart”, ten- tam o cumprimento da missão da protecção de força.
No essencial, a protecção de uma força ou unidade naval, consiste na protecção
do destacado a fragata espanhola “Victoria”. do seu potencial de combate, para que possa ser aplicado no momento e lugar ade-
Com esta nova composição a Força fez-se quados. Inclui um conjunto de medidas de auto-protecção perante os efeitos causados
ao mar em 26 de Março, tendo no dia 1 de por acções hostis, designadamente assimétricas, a fim de manter uma força ou unida-
Abril o Comodoro COMSTANAVFORLANT de naval viável e funcional.
Neste plano, as acções de protecção, apesar de fazerem uso dos sistemas disponí-
assumido as funções de CTF 440, Com- veis numa unidade naval, ou no seio de uma força, utilizam os mesmos de forma dis-
mander Task Force Endeavour, a Força Naval tinta, comparativamente às acções ofensivas e defensivas das disciplinas tradicionais
NATO, que sob a responsabilidade do Co- da guerra no mar, ao que acrescem um conjunto de novos requisitos e sistemas de
mando Naval do Sul (COMNAVSOUTH) tem combate e vigilância a curta distância, que no passado recente não eram associados
por missão a demonstração do empenhamen- às operações navais.
to e solidariedade da Aliança na luta contra o Z
terrorismo no Mediterrâneo Oriental. (Colaboração do Comando do NRP “Vasco da Gama”)
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