Page 153 - Revista da Armada
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– Homenagem da Marinha
morações efectuada pelo Vice Almirante Alexandre da Fonseca. Uma rápida resenha sobre o
historial do Colégio e uma especial referência aos que dali saíram para servir na Marinha. Três
por cento do total de alunos formados pelo Colégio Militar escolheram a carreira da Armada.
De momento são cerca de 140 os que foram ou são Oficiais da Marinha, de que o mais antigo
é o Almirante Tierno Bagulho e o mais moderno o 2º Ten. Beleza Vaz. Outros 60 escolheram
cumprir aqui o serviço militar, seguindo depois a sua vida, em diversas profissões e ocupa-
ções. Todavia – referiu o Alm Fonseca – a diminuição recente de jovens vindos do “Largo da
Luz para o Alfeite” é preocupante: “Hoje não existe nenhum ex-aluno a frequentar a Escola
Naval”. Será uma situação passageira – assim o desejou.
Seguiu-se uma riquíssima comunicação proferida pelo Contra Almirante Joel Pascoal, tam-
bém antigo aluno do Colégio e membro da Academia de Marinha. Nela nos deu uma pano-
râmica de alguns oficiais da Armada que foram ex-alunos do Colégio Militar e que, de algum
modo, se distinguiram por notáveis acções ao serviço da Pátria. Uma comunicação, sem som-
bra de dúvida, densa, porque muitas são as figuras que não podem deixar de ser referidas,
aguardando nós a sua publicação pela Academia, por se tratar de um apurado estudo, com
pormenores inéditos de grande interesse histórico para o Colégio e para a Marinha.
Por fim, falou o Contra Almirante Roque Martins, também membro da Academia, que não
tendo andado no Colégio Militar, nutre por essa Instituição uma particular admiração e lá
educou o seu único filho. Apresentou-nos a visão desapaixonada e objectiva de um pai que
foi alertado para a excelência do ensino e formação no Colégio e que pôde fazer uma análise
permanente sem se deixar influenciar pela natural ligação à casa, que têm os ex-alunos. Falou
do problema da adaptação ao regime de internato, realçando que o apoio familiar tem um pa-
pel fundamental, no superar das dificuldades inerentes à integração no grupo colegial e nas
suas particularidades, e elogiou, naturalmente o sistema de ensino. Não é fácil encontrar uma
escola onde a metodologia e o planeamento do ensino, o apoio escolar (expresso na quanti-
dade e qualidade de laboratórios de todo o género), as formas de avaliação e a qualidade do
corpo de professores, se articulem de forma tão relevante como acontece no Colégio Militar.
E acresce a quantidade de acções complementares à formação académica – como sejam as
visitas de estudo – que proporcionam um enriquecimento cultural normalmente ausente nas
outras escolas. Mais elogiou ainda a qualidade da preparação física – indispensável ao har-
monioso crescimento – a riqueza da vivência em conjunto (com o enquadramento feito pelos
próprios alunos), o sentido da tradição e da preservação de valores éticos e morais, enfim,
o que pode ser considerado um projecto educativo ímpar, que seria importante preservar e
alimentar com os necessários ajustes impostos pela evolução dos tempos. Sem nenhuma he-
sitação declarou que hoje voltaria a colocar o seu filho no Colégio Militar e exprimiu a sua
esperança “que as gerações vindouras continuem a ter pelo seu Colégio o orgulho que todos
os antigos alunos sentiram nestas comemorações do Bicentenário”.
Fechou o dia comemorativo a realização de um jantar no Farol da Guia, onde, mais uma
vez, esteve presente o Almirante Chefe do Estado-Maior da Armada, e que contou com a
presença do Major General Director, do presidente da Associação de Antigos Alunos do Co-
légio Militar, Arquitecto Tavares da Silva, de actuais alunos, e de numerosos oficiais antigos
alunos. No final do jantar, o Almirante CEMA voltou a exaltar as virtudes da formação no
Colégio Militar e manifestou a sua vontade – com um pessoal empenho – para que alunos
do Colégio Militar voltem a embarcar em navios da Armada, durante as viagens de instru-
ção da Escola Naval. Acrescentou ainda que – de forma imediata e sem prejuízo de outras
iniciativas – no próximo Dia da Marinha, quando os navios se deslocarem de Lisboa para
Aveiro, poderão levar alunos do Colégio Militar, que assim poderão ter a sua (eventual) pri-
meira experiência de mar.