Page 152 - Revista da Armada
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Bicentenário do Colégio Militar  –



                                                  o passado dia 25 de Março, Sua Ex.cia o Almirante Chefe do Estado Maior da Ar-
                                                  mada condecorou o Colégio Militar com a medalha Naval “Vasco da Gama”, reco-
                                            Nnhecendo, desta forma, os serviços que esta instituição tem prestado à própria Ma-
                                            rinha, patentes no número de oficiais que ali iniciaram a sua formação e que tanto brilho e
                                            prestígio trouxeram à Armada. A cerimónia teve lugar no próprio Colégio Militar, perante
                                            a formatura do batalhão de alunos, e a ela foi associada uma homenagem dos oficiais que
                                            frequentaram aquela prestigiada Instituição de ensino, que, durante todo este dia, levaram
                                            a cabo um conjunto de realizações que se integram na comemoração do segundo centenário
                                            do Colégio Militar. E seguindo a tradição do que são as romagens de saudade dos antigos
                                            alunos ao seu querido Colégio, assim os ex-Meninos da Luz da Marinha reuniram-se, pelas
                                            11h 45, nos velhos claustros colegiais. Representando todos os presentes, o Vice Almirante
                                            Alexandre da Fonseca (o mais antigo ex-aluno do Colégio em serviço activo na Marinha)
                                            apresentou cumprimentos ao Major-General Director, a que se seguiu a missa de sufrágio
                                            por todos os antigos alunos falecidos (co-celebrada pelo Capelão Chefe da Armada e pelo
                                            Capelão do Colégio Militar), e o descerramento de uma placa comemorativa manufactura-
                                            da, naturalmente, no Arsenal do Alfeite. Nessa altura foi lida uma mensagem escrita do Al-
                                            mirante Tierno Bagulho, decano dos ex-alunos que prestaram serviço na Armada. Hoje com
                                            92 anos de idade, entrou para o Colégio em 1920, onde teve o número 298, e num gesto tão
                                            significativo quanto a comemoração do bicentenário e a homenagem da Marinha, apesar de
                                            não poder estar presente, não quis deixar de transmitir a sua voz.
                                             É um velho costume do Colégio em circunstâncias deste tipo, que os antigos e novos alunos
                                            confraternizem e conversem sobre os tempos antigos e novos, recordando uns o que ali vive-
                                            ram, e ouvindo os outros o que foi um passado mais ou menos recente, não muito diferente
                                            do que são os dias de hoje, e que lhes dá a certeza e confiança de prosseguirem uma tradição
                                            que não morre. Cada um dos que regressa em visita encontra no jovem que agora usa o seu
                                            número, a continuação dos valores que ali aprendeu e que preservou com tanto carinho ao
                                            longo da sua vida, neste caso ao serviço da Marinha. Fala-se das aulas, do desporto, do que
                                            é hoje o regime interno e do que foi há anos atrás, fala-se de gente que ali prestou serviço e
                                            que deixou o seu nome gravado a ouro no historial da educação em Portugal, fala-se de tudo
                                            e mais alguma coisa, com especial relevo para as cumplicidades próprias de quem viveu ou
                                            vive dentro daqueles muros. É um momento que não pode deixar de ficar registado por uma
                                            fotografia em conjunto e pelo almoço respectivo.
                                             Às 15h 30 tinha lugar a cerimónia de condecoração, formalizada pela leitura da portaria
                                            do Chefe do Estado Maior da Armada e pela entrega da mesma à pessoa do Director, Major
                                            General Tavares de Almeida. No momento, o Almirante CEMA decidiu quebrar o protocolo
                                            tradicional e resolveu dizer algumas palavras de improviso, resultantes, sobretudo, do senti-
                                            mento que lhe provocava a condecoração do Colégio Militar. Assim começava: “Porque razão
                                            terá o comandante da Marinha decidido homenagear o Colégio Militar e não outro qualquer
                                            estabelecimento de ensino?” – e prosseguia, respondendo à sua própria pergunta – “Porque a
                                            Marinha reconhece os serviços relevantes que o Colégio Militar tem feito ao País.”. E dirigin-
                                            do-se especificamente aos alunos, disse ainda: “Não tenho dúvidas que o Colégio vos dá as
                                            bases, bem sólidas, para que possam, um dia mais tarde, ser mais úteis à sociedade e ao País,
                                            quer escolham serví-lo nas Forças Armadas, em qualquer Ramo, ou como civis, em qualquer
                                            profissão [...] Portugal precisa de elites. Saibam responder em conformidade!”.
                                             Às 17h 30 tinha lugar uma sessão extraordinária da Academia de Marinha, de homenagem
                                            ao Colégio Militar. As palavras de abertura, proferidas pelo Presidente da Academia, Contra
                                            Almirante Rogério de Oliveira, foram de reconhecimento e admiração pela instituição onde
                                            decidira educar o seu filho e onde já tem um neto, seguindo-se um balanço das actuais come-
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