Page 188 - Revista da Armada
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passado. O esforço que o Estado está a fazer no reequipamento da Mari- lidade nacional. Pela costa portuguesa transitam diariamente cerca
nha tem sido devidamente publicitado e explicado para que os cidadãos de 100 navios de, e para o Mar Mediterrâneo, e de, ou para, o Norte
o conheçam e compreendam. Desde o último Dia da Marinha ocorreu da Europa. A Marinha está a preparar-se para, em articulação com
a assinatura de um contrato-quadro para a construção dos últimos 6 outras Marinhas, tratar e trocar toda a informação que lhe for dis-
Navios de Patrulha Oceânica que virão substituir as velhas mas hon- ponibilizada, de que os VTS costeiro e portuários serão peças essen-
radas Corvetas, bem como de 5 Lanchas de Fiscalização Costeira, que ciais, quando totalmente operativos. Sem informação não é possível
substituirão os velhinhos patrulhas da classe Cacine, todos estes meios conhecer o panorama de superfície, e sem o conhecimento deste pa-
ainda a prestarem inestimáveis serviços ao País, mas muito para além norama, a segurança fica fragilizada. Segurança que assume especial
do que alguma vez se pensou que lhes iria ser exigido. importância num País que tem feito do turismo uma das suas apos-
Embora os seus custos de manutenção sejam desproporcionada- tas estratégicas.
mente elevados, o seu abate tem que continuar a aguardar a entrada ao Esta é uma preocupação que não é só nacional, é de todas as Mari-
serviço dos seus substitutos, sob pena de se criar um vazio em termos nhas, tendo que ser cada vez maior a coordenação a nível internacio-
de presença naval nas águas de jurisdição ou soberania nacional. nal. Só por si um País pouco pode fazer. A nível portuário as questões
Foi também assinado o contrato base para a construção do Navio são ainda mais complicadas. Aqui também nada se conseguirá sem
Polivalente Logístico, elemento nuclear da futura esquadra e peça articulação e boa coordenação, sendo essencial, para bem da seguran-
essencial de acções conjuntas, com especial aplicação em missões de ça, que Autoridade Marítima, Administração Marítima e Administra-
Paz e de apoio a calamidades ou catástrofes naturais. Há agora que, a ções Portuárias trabalhem em total sintonia, e que gradualmente se
devido tempo, fazer assinar os respectivos contratos de construção. interiorize a importância da segurança nos portos que o País tem bem
A modernização da Esquadra, pela sua importância para o País, foi abertos ao mar. Como, pelas mesmas razões, continuaremos a traba-
tema escolhido para lhar no sentido de
emissão filatélica melhorar a coorde-
nacional em 2005, o Foto 1SAR FZ Silva nação entre as forças
que é bem revelador de segurança que
da atenção com que operam no mesmo
está a ser seguida ambiente, mesmo
pela sociedade civil. que para finalidades
Muito trabalho diferentes.
há, no entanto, ain- O caminho só
da pela frente. As pode ser o do apro-
prioridades estão fundamento da co-
claramente defini- operação, para que
das e, com o apoio entre as fronteiras
da tutela, irão sen- de competências
do naturalmente não possa passar
cumpridas, com os qualquer crimina-
necessários ajus- lidade.
tamentos, em pró- Falei da renova-
ximas revisões da Lei de Programação Militar. À substituição das ção da esquadra, componente essencial da modernização da Marinha
Fragatas da classe “Comandante João Belo” (das quatro iniciais só do futuro. Mas a Marinha continua a renovar-se por iniciativa própria
restam duas) seguir-se-á a substituição do reabastecedor de esqua- em muitas áreas. Em sintonia com o dia de hoje, entrarão oficialmen-
dra, o “Bérrio”, e só depois a modernização das Fragatas da Classe te em funcionamento as estações de GPS diferencial dos Açores e da
“Vasco da Gama”. Madeira. Toda a área de interesse nacional directo passará a dispor,
Este diferir no tempo de programas que há muito deveriam ter sido tanto no mar como em terra, de uma exactidão de posicionamento
iniciados é mais uma demonstração de que a Marinha não ignora as melhor que 2 metros, garantindo simultaneamente o alerta dos utili-
actuais dificuldades do País e quer ser solidária, assumindo, assim, o zadores para qualquer disfunção do Sistema GPS. Foi criada a Escola
seu dever de colaboração institucional. de Tecnologias Navais tendo deixado de existir os quase centenários
A Marinha tem consciência de que aquilo que pede ao Estado não Grupos n.º 1 e 2 de Escolas da Armada e, a partir do início do ano lec-
é uma despesa. É um investimento em segurança. tivo de 2006/2007 a Marinha sairá definitivamente de Vila Franca de
Como tem consciência de ter levado, tão longe quanto possível, a Xira. O novo centro de Comunicações e Dados da Marinha, no Alfei-
sua colaboração, aceitando os inerentes riscos para que, sempre que te, está prestes a ser inaugurado e dele serão comandados os centros
viável, não se perdesse, neste esforço de renovação, uma oportuni- transmissores e receptores de Coina e Fonte da Telha, ficando a cargo
dade de apoiar a indústria de construção naval nacional, dotando-a da Marinha todo o serviço NATO do JHQ Lisbon, situado em Oeiras.
das valências acrescidas de construção naval militar, abrindo-a assim Tudo medidas de racionalização que permitirão, por iniciativa própria,
a novos mercados de exportação. Competirá aos estaleiros melhorar poupar centenas de homens, concentrando, modernizando, automati-
a sua produtividade e ganhar competitividade, sem as quais este es- zando, ganhando eficiência. Três estações radio-navais já tinham sido
forço de pouco servirá. desactivadas. Em breve também o será a que ainda hoje é a principal
É o contributo da Marinha para a edificação do “cluster” maríti- – a Estação Radio Naval “Comandante Nunes Ribeiro”.
mo, catalisador do desenvolvimento da economia do mar que, sob Nesta mesma linha, mas no domínio do pessoal, a Marinha adapta-
pena de se ficar por aqui, tem que passar das palavras aos actos. Mais -se a novas realidades. Começou-se em 2004 a implementação do novo
uma vez a Marinha fez o que dela se esperava – contribuir para o de- Sistema de Formação Profissional da Marinha, tendo-se iniciado, já em
senvolvimento do País. Sempre assim tem sido. Recordando apenas Janeiro deste ano, os novos Cursos de Formação de Praças.
tempos mais próximos, a Marinha esteve na base da criação da EID O novo Sistema de Formação Profissional da Marinha visa a forma-
e da EDISOFT, hoje empresas nucleares do universo da EMPORDEF. ção, tanto inicial como contínua, dos sargentos e das praças, por forma
Assim continuará a ser no futuro. a conferir-lhes uma adequada formação profissional sólida e perma-
Falei da defesa e da segurança. Não por estar na moda ou ser cor- nentemente actualizada, nas suas componentes militar, sociocultural
recto, mas por ser uma questão vital para qualquer País. É importante e técnica. Na sua concepção e execução, tem em conta e articula-se,
cuidar da segurança em terra, mas todo este esforço pode ser ingló- com os requisitos determinados pela operação, em novos ambientes,
rio, se forem descurados os largos espaços da fronteira marítima, e dos futuros meios navais, não esquecendo os requisitos nacionais e
se desconhecer o que se passa na vasta área oceânica de responsabi- comunitários estabelecidos em âmbito de Formação Profissional.
6 JUNHO 2005 U REVISTA DA ARMADA