Page 303 - Revista da Armada
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NRP “Comte. Sacadura Cabral”.                       NRP “António Enes”.
         nados com o funcionamento do respectivo  das folgadas (4 quartos). Desempenharam a   SEGUNDO ANO – CURSO
         serviço, com as mais prováveis situações de  bordo, rotativamente, as funções de adjunto   “COMANDANTE CONCEIÇÃO
         emergência e com a resolução dessas mes-  ao Oficial de Quarto à ponte, adjunto para a
         mas emergências nas condições de navio a  navegação, vigia e “marinheiro de leme”, a   E SILVA”
         navegar. E foram efectuados exercícios de  que se acrescentaram palestras de formação   Os cadetes do 2º ano embarcaram no
         todo o tipo, envolvendo circunstâncias de  sobre os serviços de bordo, preparativos do  NRP “Sagres”, efectuando a viagem de instrução
         feridos isolados (com queimaduras, into-  ferro para fundear, os indispensáveis exercí-  mais longa de todas, com saída da Base Naval a
         xicações, politraumatizados, “homem ao  cios LA e, essencialmente, instrução prática  17 de Junho e regresso a 28 de Agosto. Pela pri-
         mar”,...) ou surtos epidémicos (gastrointe-  de navegação costeira, com a identificação  meira vez o curso esteve junto no mesmo espa-
         rite). A abordagem feita, seguramente, trans-  de conhecenças em terra, balizas,
         mitiu aos alunos a ideia do que é pequeno  faróis, etc..
         mundo do navio e da sua guarnição, mos-  A TU teve também atribuída a
         trando-lhes quais são as situações paradi-  missão de serviço SAR e, no dia 19
         gmáticas em que é exigida a presença do  de Julho, a Sacadura Cabral rece-
         médico e qual deve ser a sua acção.  beu a informação de um pedido de
                                            socorro, enviado pelo navio mer-
         PRIMEIRO ANO – CURSO               cante  Úrsula C, que estava em pe-
         ALMIRANTE ROBOREDO E SILVA         rigo, registando um adornamento
                                            a BB de cerca de 45º. A sua tripu-
           Os alunos do 1º ano não têm ainda os  lação foi recolhida e desembarca-
         conhecimentos nem a experiência neces-  da em Portimão, mas a TU voltou
         sários para tirar rendimento de uma gran-  ao local para apoiar uma tentativa
         de viagem de instrução. Apenas podem  de recuperar o navio. Infelizmente   Instrução de navegação.
         praticar um pouco de navegação costeira  tal não foi possível, e os cadetes do
         e estimada, tomando contacto com a orga-  1º ano viveram a angustiante experiência de  ço durante um período prolongado, permitindo
         nização do navio, nas missões que normal-  dois dias a observar o Úrsula C a mergulhar a  um maior conhecimento entre os seus mem-
         mente lhe são atribuídas. Trata-se, no fundo,  popa e a afundar-se sem remédio. O sinistro  bros e fortalecendo o necessário espírito de cor-
         de uma primeira sensibilização para a vida  ocorreu a algumas milhas da costa, e a possi-  po. Certamente que este embarque constitui um
                                                             bilidade de prática de  dos grandes desafios da sua vida. Ao entrarem a
                                                             navegação costeira  bordo, procuram na coberta o espaço onde vão
                                                             ficava assim substan-  arrumar as suas coisas, miram os mastros e os
                                                             cialmente reduzida.  cabos, imaginam o que vão fazer em cada faina
                                                             Restaram os dias 26 a  e não deixam de sonhar com qualquer coisa de
                                                             29, navegando entre  diferente. O que vou fazer aqui? Vou ter de subir?
                                                             Portimão,  Sesimbra/  Mais acima? Como será? – São estas as interro-
                                                             Tróia e Lisboa. A via-  gações que começam a esfumar-se ao dobrar o
                                                             gem terminava assim,  pontão de Cacilhas, com o navio a guinar para
                                                             cumprindo-se o seu  bombordo em direcção à barra, de partida para
                                                             principal objectivo.  Portsmouth. Os dias seguintes devem ter sido os
                                                                               mais difíceis, com a adaptação ao balanço que
                                                                               não deixa dormir em condições, que mói as
                                                                               pernas, que os faz cair permanentemente para
                                                                               cima do camarada do lado e que provoca o de-
         a bordo e para a habituação à perma-                                  sagradável enjoo. É preciso dominar tudo isso e
         nência no mar, ainda por períodos re-                                 viver no pouco espaço de bordo, estar prepara-
         lativamente curtos. Contudo, para o                                   do para a faina em qualquer altura e, sobretudo,
         desempenho desta missão, foi forma-                                   acreditar que o grupo é suficientemente forte
         da a TU 443.24.02, constituída pelos                                  para funcionar como uma família nos bons e
         NRP “Comandante Sacadura Cabral” e                                    maus momentos. É  isto a tal adaptação ao mar
         NRP “António Enes”, alojando os ca-                                   e à vida de bordo. Subir ao “grande”, trepar pela
         detes divididos em dois grupos, orga-                                 “enxárcia” até ao “sobre”, entrar decididamen-
         nizando-se para um regime de borda-  Afundamento do “Ursula C”.       te com a “ostaga” de “leva arriba”, ao ritmo do
                                                                              REVISTA DA ARMADA U SETEMBRO/OUTUBRO 2005  13
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