Page 37 - Revista da Armada
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Setting Sail
Setting Sail
9. PANO LATINO
No denominado pano latino encontramos velas das mais variadas for- Contra-estai – Cabo idêntico ao estai, que encapela por cima e em re-
mas, podendo a respectiva manobra de içar, caçar e arriar apresentar-se forço deste, podendo servir para envergar uma vela de estai.
de maneira muito distinta. Neste artigo vamos deter-nos naquelas mais
Envergadura (20) – Conjunto de envergues de uma vela, ou ainda o lado
comummente utilizadas a bordo de grandes veleiros, seguindo notação mais largo de uma vela e por onde esta se encontra envergada.
idêntica à referida no número anterior para os cabos do pano redondo.
Assim, os cabos com que se entra para carregar a vela surgem a rosa (–), Escota (21) – Cabo de laborar que fixo no punho com o mesmo nome
servindo a cor azul (–) para identificar aqueles dos quais dependem as tem a finalidade de caçar ou folgar o pano.
manobras de içar e caçar.
Estai (22) – Cabo que encapelado no mastro serve para o aguentar para
Adriça (1) – Cabo que tem a finalidade de içar a vela latina triangular vante. Toma o nome do ponto onde faz arreigada (entremastros), ou da
ao longo do estai onde esta se encontra envergada, tomando o nome da vela que nele é içada (estais de proa).
respectiva vela.
Extênsula – Vela de entremastro não envergada em estai, regra geral
Adriça da boca (2) – Cabo utilizado para içar a boca da carangueja, nas quadrangular, que é içada com ventos fracos acima das caranguejas do
situações em que esta é de arriar. O mesmo que adriça da boca da caran- traquete, grande, etc.
gueja. Na carangueja fixa recebe a designação de boça da carangueja.
Gavetope (23) – Nome dado ao mastaréu que espiga num mastro real
Adriça da escota (3) – Cabo que caça o punho da escota para o lais da dispondo de carangueja, sendo que a vela que aí enverga recebe igual
retranca ou carangueja. designação. O mesmo que gafetope.
Adriça do pique (4) – Cabo cuja função é içar o penol da carangueja Guardim (24) – Existindo aos pares, um para cada bordo, estes cabos
de arriar, operação essa que decorre em simultâneo com a manobra da fazem arreigada no penol da carangueja. Servem para aguentar para a
adriça da boca. Tanto esta como a adriça da boca são folgadas sob vol- borda as caranguejas das velas latinas quadrangulares, permitindo opti-
ta de forma coordenada, aquando da manobra de arriar a carangueja e mizar a respectiva mareação.
carregar a vela.
Guinda – Altura tomada na valuma da vela latina quadrangular, ou no
Adriça da pena (5) – Cabo que caça o punho da pena para o penol gurutil da vela latina triangular. No pano redondo representa também a
da carangueja. respectiva altura tomada a meio. Este termo é no entanto mais conhecido
e empregue como sinónimo da altura de um mastro ou mastaréu.
Amantilho – Cabo que habitualmente associado a um aparelho de for-
ça tem como principal função permitir o movimento vertical da retranca Lados da vela – gurutil – lado de vante (25) ou superior (26) –, esteira
(6), ou da carangueja (7), permitindo regular o ensacar ou enfunamento (27) – lado inferior –, valuma (28) – lado de ré – e testa (29) – lado de van-
da vela em função da intensidade do vento e respectiva marcação, opti- te da vela que enverga no mastro.
mizando o seu rendimento.
Mezena (30) – Designação do mastro situado mais a ré, desde que en-
Boças da carangueja – Cabos que sustêm a carangueja fixa, constituí- vergue pano latino. A vela envergada entre a respectiva retranca e a ca-
dos pela boça da boca e pela boça do pique. rangueja recebe igual nome.
Brandal volante (8) – Brandal móvel cuja função é reforçar a acção dos Mezena de tempo – Vela de menores dimensões e tecido mais resistente
brandais fixos que sustentam o mastro. Como tal é tesado a barlavento e do que a vela habitualmente envergada, podendo o respectivo gurutil chegar
para ré, dependendo o ponto de arreigada da marcação e intensidade do só até meia-carangueja, ou optar-se ainda por uma vela triangular. É enver-
vento. Também é apelidado de brandal solteiro. gada em substituição da vela de mezena quando se navega com vento forte
ou mau tempo, sendo também conhecida como mezena de capa.
Burro (9) – Cabo ou talha que faz arreigada na parte inferior próximo
do lais da retranca, dizendo para baixo e para a borda, de forma a aguen- Penol (31) – Lais de uma carangueja, também chamado de pique ou lais
tá-la, uma para barlavento e outra para sotavento. Surgem ainda como da pena. A expressão «muito penol» significa que a carangueja é compri-
sinónimos os termos escota da retranca, bolina da mezena, talha de fora da, podendo «pouco penol» ser utilizada com sentido contrário.
ou talha da retranca. Por vezes o termo contra-burro é utilizado para de-
signar o burro de barlavento. Punho – Nome atribuído a cada um dos cantos de uma vela, surgindo
a sua denominação dependente da posição e/ou função concretas – pu-
Carangueja – Tipo de verga cuja extremidade de vante trabalha encos- nho da boca (32), punho da amura (33), punho da pena (34) e punho da
tada por ante a ré de um mastro e onde enverga o gurutil da respectiva escota (35).
vela latina quadrangular. Pode ser fixa (10) ou de arriar (11).
Retranca (36) – Verga que se articula pela extremidade por ante a ré de
Carregadeira – Cabo utilizado para carregar a vela latina. Recebe o nome um mastro. A sua existência justifica-se pela necessidade de manter esti-
do lugar da vela onde trabalha, sendo que no pano quadrangular há a con- cada a esteira da vela latina, seja ela triangular ou quadrangular.
siderar as seguintes possibilidades: carregadeira da pena (12), carregadeira
do meio da pena (13), carregadeira da cruz (14), carregadeira do meio da Vela de estai (37) – Vela latina que enverga num estai, podendo a sua
saia (15), carregadeira da saia (16) e carregadeira do punho da escota (17). denominação ser refinada sob as designações de vela de proa – se envergar
Se para além das carregadeiras da pena e da escota existir apenas uma outra num dos estais de proa –, ou vela de entremastro, se por seu turno correr
entre elas, esta habitualmente toma a designação de carregadeira da valu- ao longo de um estai situado entre dois mastros que não o gurupés.
ma (18). Já nas velas de proa ou de entremastro, no máximo existirão duas Vela latina – Nome pelo qual é conhecida qualquer vela triangular (38)
carregadeiras. Uma delas pode inclusivamente desempenhar duas funções, ou quadrangular (39) que envergue no sentido longitudinal do navio.
carregando em simultâneo o punho da pena e o punho da escota (19).
Carregar – Tirar o pano da acção do vento, sendo que no pano latino António Manuel Gonçalves
se utilizam as carregadeiras com esta finalidade. CTEN
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