Page 332 - Revista da Armada
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NRP “Álvares Cabral”
                              NRP “Álvares Cabral”

                     Navio-Almirante da SNMG1
                      Navio-Almirante da SNMG1

                                                                                                      PARTE II

         “ÁLVARES CABRAL GUARNIÇÃO,         sem sombra de dúvida, a concorrência a léguas  assimétrica de diferentes ameaças.
         MESTRE À PONTE, MESTRE À PONTE”    de distância.                        A fase inicial de seriado correspondeu às ex-
                                              A Base Naval de Toulon arranjou-se para  pectativas, tendo levado ao empenho esforçado
              ádis ficou para trás e com ela fica-  receber os cerca de 18 navios que se prepara-  da guarnição no sentido de conseguir manter,
              ram boas recordações de dias de fim  vam para o exercício vindouro, Loyal Midas 09  de forma sustentada, as capacidades exigidas
         Cde Estio.                         (LM09). Toulon é uma pequena cidade cujos  ao Navio-Almirante da SNMG1. Este exercício
           Após os quase 20 dias de operação Active En-  encantos não vão muito além de uma pitores-  decorreu durante duas semanas, no tranqui-
         deavour, chegou o primeiro porto de descanso,  ca avenida marginal e marina típicas da costa  lo Mediterrâneo. Foi um exercício ambicioso
         a milenar cidade de Cádiz. Os dias                                             que se saldou com uma nova visi-
         foram, ainda, de Verão, para delei-                                            ta a Toulon, agora sem os prepara-
         te da guarnição. Alguns banhos de                                              tivos operacionais, apenas com o
         mar com águas a rondar os 25º e                                                objectivo de proporcionar tempo
         os passeios pelo Casco Viejo trou-                                             para pequenas manutenções, al-
         xeram de novo rasgados sorrisos e                                              gum descanso e a reconfirmação
         retemperadas forças para a nova                                                da virtude gastronómica da Pro-
         tirada que se avizinhava.                                                      vence Francesa.
           Passou rápida, também, a se-                                                  De novo no Mar, uma curta
         mana de mar que nos separava de                                                pernada nos separa agora do pró-
         Marselha. Depois dos dias de Ac-                                               ximo porto de abrigo. Depois de
         tive Endeavour em que o esforço e                                              consolidadas as lições aprendidas
         dedicação foram sobretudo dirigi-                                              na sequência do LM09, é tempo
         dos ao controlo da navegação mer-                                              de voltar o foco das atenções e do
         cante, era agora tempo de voltar                                               treino para uma nova fase de em-
         ao treino interno. A base sólida de                                            penhamento na operação Active
         conhecimento permite uma evolu-  Exercício de tiro com a peça de 100 mm.       Endeavour. Esta centrar-se-á no
         ção constante em busca do aperfeiçoamento,  mediterrânica. O exercício Loyal Midas foi inte-  extremo leste do Mediterrâneo, ao largo das
         e como tal, aliando o tempo disponível a uma  gralmente preparado por uma parceria Franco-  costas do Egipto, Israel, Líbano, Síria e Tur-
         vontade de fazer cada vez melhor, voltámos ao  -Italiana no sentido de obter uma verificação de  quia. O futuro perspectiva ainda 3 meses no
         treino. Contudo não se trata já de apenas trei-  proficiência e certificação da NRF 14. Coube  Golfo de Aden no combate à pirataria, e fruto
         no interno. A SNMG1 é constituída, além do  à “Álvares Cabral” desempenhar o papel de  da experiência transmitida pela “Côrte-real”
         NRP “Álvares Cabral”, pelo USS “Stephen W.  navio-almirante do Task-Group (TG), constituí-  ponderam-se, treinam-se e discutem-se quais
         Groves” e o FGS “Rhön”, sendo este último o  do pelos escoltas que asseguravam a protecção  as melhores soluções e abordagens. A doutrina
         navio reabastecedor que nos apoia. Depois de  das várias unidades valiosas, incluindo o porta-  é muito recente e quase inexistente, como tal
         consolidada a proficiência individual de cada  -aviõe s ITS “Garibaldi”. O exercício acabou  o treino e preparação da guarnição para este
         navio houve que crescer como                                                   novo cenário é tema comum a to-
         Força, elevando cada vez mais os                                               das as conversas. Antes da chega-
         níveis de exigência dos diversos                                               da a Malta ficarão na memória as
         exercícios levados a cabo.                                                     imagens da ilha de Stromboli e o
           Marselha recebeu-nos com                                                     seu activo vulcão. Ainda o quarto
         uma solarenga manhã. Esta que é                                                da Alva mal havia rendido e já se
         a segunda maior cidade Francesa,                                               ouvia pela ponte, «…está ali qual-
         cedo mostrou os seus encantos,                                                 quer coisa cor de laranja…». Com
         pois seria difícil não ficarmos des-                                            os primeiros alvores viria a confir-
         lumbrados com a magnífica entra-                                                mar-se a visão atenta de horas an-
         da do seu Vieaux Port. A gastrono-                                             tes. Da imponência dos seus 3000
         mia da Provence não defraudou                                                  mil pés fumegantes, o Stromboli
         todos aqueles que optaram por                                                  deu as boas vindas de regresso à
         arriscar sair um pouco da cidade                                               Sicília. Poucas horas mais tarde foi
         e deixarem-se envolver pela pai-                                               a vez do Estreito de Messina sau-
         sagem rústica e pela simpatia do                                               dar a SNMG1.
         povo Provençal.             Navegando junto ao vulcão Stromboli.                Com La Valletta já no horizonte,
           Durante os três dias que nos separavam de  por se revelar bastante completo, pois além  é tempo de preparar o navio. Serão 5 dias de
         Toulon houve oportunidade de trocar sempre  de se ter “combatido” nos vários ambientes da  merecido descanso respirando História na se-
         enriquecedoras experiências através de mais  guerra aérea, superfície e sub-superfície, houve  cular cidade de Il-Belt Valletta, entretanto bal-
         um Cross-Pol com o navio Americano. Para  também a oportunidade de treinar operações  deia-se o navio, aprimora-se e prepara-se tudo
         além da oportunidade óbvia de ver como uns  de embargo e de interdição marítima. Espaço  para posições de porto.
         e outros trabalham, e de explicar ao “outro”  houve ainda para refinar os procedimentos de   Sinal de terra firme próxima, à voz do Oficial
         lado como os “nossos” fazem e entendem os  apoio a navios sinistrados e escolta a navios  Imediato «Mestre à Ponte, Mestre à Ponte».
         exercícios, ficou clara a supremacia que leva-  mercantes. A Baía de Toulon foi também cená-           Z
         mos em termos gastronómicos, tendo deixado,  rio para jogar uma vez mais a sempre actuação   (Colaboração do COMANDO NAVAL)

         6  NOVEMBRO 2009 U REVISTA DA ARMADA
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