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VIGIA DA HISTÓRIA 17
VIGIAS
Orelato da viagem dos Marqueses de Távora para a Índia, em Tendo largado da nau pelas 1600 só cerca das 1715 é que o escaler
1750, pese embora o carácter laudatório quanto aos actos dos chegou ao local e, com espanto de quantos observavam de bordo da
Marqueses, apresenta um conjunto de informações importan- nau, logo iniciou o regresso.
tes sobre a vida a bordo e a navegação na Carreira das Índias.
Chegados a bordo pelas 1900 trataram de informar sobre o suce-
Os Marqueses, os seus familiares e os seus criados seguiam em- dido que mais não era do que um animal marinho, desconhecen-
barcados na nau “Nª Srª das Necessidades” de que era capitão o do se estava doente ou adormecido e que não puderam identificar
Capitão-de-Mar-e-Guerra Manuel Castro Ribeiro e Capitão-Tenente pois parecia estar de “barriga” para o ar, barriga era de cor branca e
Isidoro de Moura. sem escamas. O seu tamanho era maior que o casco de uma nau e
de quando em vez movia uma barbatana, não reagindo às aves que
A saída de Lisboa teve lugar no dia 28 de Março de 1750 e o episó- nele poisavam.
dio que seguidamente se relata ocorreu a 3 de Maio.
Não tivesse sido efectuada a pesquisa e bem provavelmente
Nesse dia a nau encontrava-se numa posição cerca de 2° Sul quan- nas cartas de navegação surgiria, na latitude de 2° S, a indicação
do, por volta das 1400, o gageiro informou ter avistado, à distância, de “vigia”.
por NW o mar a rebentar e várias aves no local.
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O capitão que se encontrava doente no camarote veio observar, com Com. E. Gomes
o óculo, tendo-se-lhe afigurado tratar-se dum baixo, baixo esse que não
se encontrava assinalado na sua carta de navegação onde somente se Notas:
encontrava referenciado, desde 1701, um baixo na latitude 2° 10’ S. (1) (1) Adeterminação da latitude, ao tempo, tinha o rigor suficiente para se admitir que
Convém referir que, ao tempo, sempre que se observasse uma zona aquele não seria o baixo avistado em 1701.
de rebentação o facto ficava registado nas cartas de navegação com O facto de não se conseguir então determinar a longitude levava a que em muitas
indicação de se tratar de um baixo, uma ilha ou um penedo caso ti-
vesse sido investigado ou, então, com a indicação, na carta, da expres- cartas aparecessem assinaladas ilhas todas na mesma latitude e com diferentes longi-
são “vigia” no local do avistamento caso não tivesse havido possibi- tudes e que, na realidade, eram uma única ilha cuja longitude fora erradamente esti-
lidade de investigar. (2) mada pelos diversos navegadores que a avistavam.
Perante o facto o capitão mandou que Isidoro de Moura, o 3º piloto (2)O que se refere pode ser observado por exemplo, numa carta do séc. XVIII exposta
Manuel Francisco e um marinheiro fossem, numa embarcação de 4 na sala de leitura da Biblioteca da Ajuda em Lisboa.
remadores, investigar a natureza do baixo assinalando-o, para o que
levavam uma agulha de marear e uma sondareza. A carta tem ainda a particularidade de nela se encontrar registada a derrota diária
dum navio em viagem entre Lisboa e o Brasil (Rio de Janeiro e Baía).
Fonte: Viagem para a Índia dos Marqueses de Távora por Francisco Raymundo de
Moraes Pereira, Lisboa 1753.
33º Aniversário da Direcção de Transportes
Presidida pelo Superintendente dos Ser- responder às muitas questões e dificuldades Direcção de Transportes. No final, o Director
viços do Material, VALM Conde Bagui- que se lhes deparam no dia-a-dia. referiu o impacte positivo que a aquisição de
nho, teve lugar no passado dia 23 de uma nova vedeta terá no SINTRA, com mo-
Setembro, a cerimónia comemorativa do 33º Durante a sua alocução, o Director fez ainda tivações adicionais na classe de militarizados,
aniversário da Direcção de Transportes. um balanço de toda a actividade desenvolvi- profissionais dignos de uma actividade que
da durante o último ano, cujo saldo classificou em muito serve a Marinha.
Assistiram e participaram na referida ceri- como de muito positivo e que só foi possível
mónia entidades oficiais, no âmbito da Supe- graças ao trabalho de equipa, que reconheceu Z
rintendência dos Serviços do Material, antigos publicamente. Frisou ainda que o trabalho
Directores da Direcção de Transportes, convi- desenvolvido estava longe de estar concluído (Colaboração da DIRECÇÃO DE TRANSPORTES)
dados, oficiais, sargentos, praças, militarizados e exortou todos os que servem na Direcção
e civis da unidade. de Transportes a manterem o mesmo espíri- REVISTA DA ARMADA U JANEIRO 2010 27
to, a mesma dedicação e o mesmo empenho
Na ocasião, o Director de Transportes, CMG para ultrapassar as dificuldades e cumprirem
EMQ Luis Manuel Ramos Borges realçou a im- a missão.
portância daquele dia e manifestou o seu reco-
nhecimento e da guarnição aos antigos Direc- Este dia ficou também marcado pelo desfi-
tores, em especial ao CMG EMQ REF Francisco le de viaturas antigas pertencentes ao “Núcleo
Manuel Lemos Pinheiro, o primeiro director, Museológico” da Direcção de Transportes que
pela dedicação e eficiência, desenvolvidas ao ficaram expostas ao público junto ao Palácio do
longo dos anos, o que permitiu que o presente Comando e cujas características ilustram a enor-
e o futuro fossem edificados com base na expe- me diversidade tipológica de viaturas utilizadas
riência e no conhecimento, contribuindo, de for- na Marinha ao longo do tempo, exibindo-se mo-
ma valorizada, para um melhor cumprimento delos de grande riqueza estética e tecnológica
da missão da Direcção de Transportes. para a época em que foram construídos e que
se apresentam nas páginas seguintes.
Numa demonstração clara de que a Direc-
ção de Transportes se alarga também ao con- As comemorações deste aniversário termi-
junto de militares condutores dos oficiais-ge- naram com a realização de um almoço a bor-
nerais da Marinha, também eles convidados do da vedeta “Zêzere” que, navegando pelo
para as comemorações, o Director recordou Tejo com Lisboa sempre à vista, proporcionou
que a DT está ciente da responsabilidade da- uma oportunidade de confraternização entre
queles militares, reafirmando a vontade de todos que prestam serviço e colaboram com a