Page 22 - Revista da Armada
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INSTITUTO MILITAR DOS PUPILOS DO EXÉRCITO
100 ANOS
O INSTITUTO MILITAR DOS Civil e Minas, o primeiro dos quais permitia o Dos 66 Pilões Navais ainda vivos (e regis-
tados), 50 são oficiais (7 dos quais oficiais ge-
PUPILOS DO EXÉRCITO (IMPE) acesso à Escola Naval. nerais), havendo ainda 4 sargentos, 3 agentes
da Polícia Marítima e 6 civis. Dos militares, 28
O Instituto Militar dos Pupilos do Exército António Miguez Chagas tornou-se o últi- encontram-se reformados ou na situação de
Reserva. Deste leque saíram, já, um Superin-
(IMPE) nasceu praticamente com a Repúbli- mo aluno da “Indústria” a frequentar o curso tendente dos Serviços Financeiros da Armada,
ca. Fundado a 25 de Maio de 1911 pelo então de Engenheiro Maquinista Naval. Acabaria, um Director do Serviço de Manutenção, três
Ministro da Guerra, General António Xavier também, por conquistar as estrelas de Contra-
Correia Barreto, tinha como objectivo declara- -Almirante em 1988. A preparação escolar e Directores de Abastecimento e um Ad-
do “formar cidadãos úteis à Pátria”, embora, humanística de todos os alunos era excelente ministrador do Arsenal do Alfeite.
na prática, se destinasse a acolher os mais Os Pilões Navais têm estado em to-
das as áreas funcionais da Marinha e
desfavorecidos descendentes dos milita- participaram em praticamente todas as
grandes missões navais dos últimos cin-
res das Forças Armadas. quenta anos, nomeadamente:
A qualidade do seu ensino acabou, • Campanhas do Ultramar (1961-75);
• Bloqueio naval à Sérvia e ao Monte-
porém, por prevalecer sobre a sua fun- negro (1992-97);
• Operação “Crocodilo” de resgate
ção de apoio social, mérito reconhecido durante a guerra civil na Guiné-Bis-
sau (1998)
nas diversas condecorações impostas • Estabilização de Timor-Leste (1999-2003)
• Combate ao terrorismo no Mediterrâ-
sobre o seu estandarte: Ordem de Cristo, neo e à pirataria nas costas da Somália (desde
2001/2002)
Ordem da Instrução Pública, Ordem de
O NÚCLEO DOS PILÕES NAVAIS
Santiago da Espada e Ordem de Avis.
Os Pilões Navais são todos os antigos
A instrução ministrada tinha uma com- alunos do IMPE que servem ou serviram na
Marinha de Guerra Portuguesa, em qualquer
ponente fortemente profissionalizante, Desfile do Batalhão Escolar. posto, categoria ou condição (militar ou civil).
basicamente orientada para as áreas No entanto, para se ser membro efectivo do
de Comércio e Indústria, que tornaram a fre- e a elevada craveira profissional dos “pilões”, respectivo Núcleo (com direito a voto nas deli-
quência do IMPE uma garantia inequívoca da quer em Contabilidade e Administração Fi- berações conjuntas) é condição necessária ser-
qualidade dos técnicos dele oriundos. O termo nanceira, quer em Engenharia de Máquinas, -se sócio da Associação dos Pupilos do Exérci-
“pilões”, com que a Posteridade baptizou es- era unanimemente reconhecida. to (APE), em cuja dependência funciona.
Com a reforma de 1959, o Instituto voltou a
tes jovens generosos demonstra bem a força Desde sempre os antigos alunos do IMPE
e o carácter tradicionalmente associados aos dispor de curso médio de Electrotecnia e Má- souberam trazer para a Marinha os laços
quinas, mas até 1974 apenas 4 alunos ingres- de camaradagem que os unem desde os
antigos alunos do Instituto. bancos da sua velha Escola. No entanto,
Em meados da década de 1970, os cursos saram como oficiais dos quadros tradicionais só a 14 de Dezembro de 2001 se organizou
de bacharelato em Electrotecnia, Electrónica, da Armada, embora outros o tenham feito o primeiro jantar destinado a reunir todas
Contabilidade e Engenharia de Máquinas, noutras categorias, como foi o caso de Alberto as gerações de Pilões Navais. O pretexto
abertos a alunos de ambos os sexos, conferi- Rebordão de Brito, que da classe de Adminis- era de peso: discutir a ameaça de encerra-
ram ao IMPE um inequívoco valor acrescen- tração Naval da Reserva Marítima passou ao mento que pairava sobre o Instituto.
tado em relação aos outros estabelecimentos quadro de Fuzileiros Especiais, no qual se dis- Os participantes gostaram da experi-
militares de ensino. Com muitos alunos a en- tinguiu em combate no Ultramar e foi agracia- ência e decidiram repeti-la regularmente.
contrar vantajosas ofertas de trabalho mesmo do com o grau de Oficial da Ordem da Torre e Seguindo uma sugestão da Direcção da
antes de terminarem os cursos, é natural que o Espada do Valor Lealdade e Mérito. APE, criou-se uma Comissão Executiva
oficiosa, convidou-se para Presidente o
chamamento da carreira militar não fosse Pilão Naval mais antigo no activo – Con-
tão forte como era, por tradição, no seu tra-Almirante de Administração Naval José
Nunes da Cruz - e elaborou-se uma proposta
congénere Colégio Militar. de criação de um núcleo. A proposta foi vota-
da e aprovada em Assembleia Geral da APE
Tal não impediu, no entanto, que em Fevereiro de 2003. A 15 de Junho desse ano
tomaram formalmente posse o Presidente e a
muitos antigos alunos optassem, com su- Comissão Executiva. A cerimónia decorreu a
bordo da corveta “João Coutinho”, na altura
cesso, pelo ingresso nas Forças Armadas. comandada por um “pilão”, o Capitão-de-
-Fragata Valentim Rodrigues. Como Presiden-
A Marinha não foi, naturalmente, uma te tomou posse o Contra-Almirante Nunes
da Cruz que, no mesmo acto, devido ao facto
excepção.
OS PILÕES NA MARINHA
Embora o alistamento de “pilões” na
Marinha seja, provavelmente muito ante-
rior, só em 1939 se registam as primeiras Condecoração do Estandarte.
entradas na Escola Naval (EN), para o
Só em 1981 um antigo aluno do IMPE, Va-
curso de Administração Naval. Foram “pio-
neiros” Alfredo Esperança Barroco e Carlos lentimAntunesRodrigues,entrariaparaocur-
Alberto Mota (que passou à Reserva com o so de Marinha. Pela primeira vez se quebrava
posto de Contra-Almirante, o topo da carreira a longa e recorrente tradição de entrada quase
para aquela classe). Eram ambos oriundos da exclusiva de engenheiros e oficiais de adminis-
área de Comércio. Da área de Indústria tam- tração naval. Em 1986 o “pilão” Rogério Mar-
bém ingressaram na Escola Naval – curso de tins de Brito entra para a classe de Fuzileiros
Engenheiros Maquinistas Navais - diversos (aberta pela primeira vez naquele ano como
“pilões” até que, no final da década de 40 o curso tradicional da EN) e em 1999 viu-se o
então Ministro da Guerra decidiu encerrar primeiro ex-aluno matriculado no curso de
os cursos de Agente Técnico de Engenharia Engenharia de Armas e Electrónica, Nelson
de Máquinas e Electrotecnia e de Engenharia Gomes Morais.
22 JULHO 2011 • REVISTA DA ARMADA