Page 25 - Revista da Armada

missões diversas nas costas do Continente e por unanimidade absolvido e restituído ao des sobre os funcionários civis de colónia. Foi
Director do Museu de Arte Religiosa, estabe-
da Madeira. gozo de todos os seus direitos. lecido no Convento do Bom Jesus. No âmbi-
to dos assuntos relacionados com a Marinha
Em Novembro de 1910, como reconheci- Mais tarde, em 23 de Fevereiro de 1916 presidiu à Comissão encarregada de proceder
ao estudo do plano geral das obras a realizar
mento pela sua contribuição para a implan- participou na apreensão dos navios alemães com a rede de canais de irrigação, melhorar

tação da República, o tenente Stockler foi surtos no Tejo, tendo neles embarcado em os canais de navegação e construir
e reparar desembarcadouros. Igual-
promovido a capitão-tenente, contando a sua diligência da Divisão Naval de Defesa e Ins- mente naquela área, foi nomeado
para estudar e dar parecer sobre a
antiguidade a partir de 5 de Outubro de 1910. trução, até ao dia 7 de Março. proposta relativa à concessão de
exclusivo por 20 anos para a cons-
Em acumulação com o comando trução de navios. Devido ao modo
excelente como cumpriu o cargo
do “5 de Outubro” integrou duas de Presidente da Comissão Admi-
nistrativa da Casa da Misericórdia
Comissões: a encarregada da reorga- de Goa, de Outubro de 1918 a Ju-
nho de 1920, foi louvado pela forma
nização da Armada e a técnica para inteligente, criteriosa e dedicada como
desempenhou as respectivas funções
aquisição de navios. em que revelou muito zelo e acentuado
patriotismo. Durante largo período
A par do seu prestígio no âmbito foi Vice-Presidente do Conselho Le-
gislativo tendo recebido um louvor do Go-
da Marinha era evidente a confian- vernador-Geral pelo muito zelo, alta competência
e acentuado patriotismo que sempre manifestou no
ça que desfrutava na área política, exercício do cargo. Nos anos de 1919 e 20 foi Vi-
ce-Presidente do Conselho do Governo, tendo
facto que motivou, em 1911, ter sido sido Encarregado do Governo do Estado da
Índia em Fevereiro e Março de 1920.
proclamado deputado à Assem- Em Março de 1923 terminou a sua comissão
em Goa onde durante cinco anos e meio pres-
bleia Nacional Constituinte, pelo tou notáveis serviços nos diversos cargos que
desempenhou.
círculo de Faro e eleito deputado ao Regressado a Lisboa, logo em Setembro,
fez parte de uma Comissão para estabelecer
Congresso da República. o horário de trabalho na Marinha Mercante
quando em navegação de longo curso de
Em Janeiro de 1913 foi exonera- grande e pequena cabotagem.
Em Dezembro foi nomeado 1º Coman-
do de Comandante do “5 de Outu- dante das Escolas de Recrutas da Armada,
no Alfeite, sendo exonerado em Outubro
bro” e nomeado para a Comissão Parada da Escola de Vale de Zebro. de 1924 a que se seguiu, até ao fim do ano, o
encarregada de estudar a reorgani- exercício do cargo de 2º Comandante da Es-
cola Naval.
zação da Escola Prática de Artilharia Naval. Em Agosto de 1916 foi nomeado capitão- Considerado Benemérito da Pátria no ano
de 1925 pela sua participação na implantação
A modernização da Marinha era um dos -de-bandeira do vapor “Moçambique” que da República, no primeiro dia de Maio assu-
miu as sua últimas funções, as de Secretário
programas do novo regime político e nesse transportou forças militares para África. do Conselho Superior de Disciplina que exer-
ceu até à data do seu prematuro falecimento.
sentido, em inícios de 1913, o cruzador “Re- Promovido a capitão-de-fragata em Agos- Em 24 de Maio de 1925 desaparecia do
mundo dos vivos o capitão-de-fragata João
pública” (ex-“Rainha D. Amélia”) entrou em to de 1917, mês em que cessou as funções de Fiel Stockler, herói da República, distinto
oficial da Armada que deve ser também
fabricos para servir de apoio às Escolas de capitão-de-bandeira, desembarcou em Lou- lembrado pela sua elevada estatura moral e
extrema dedicação à Marinha.
Aplicação da Marinha. renço Marques e dessa cidade partiu directa-

Em 8 de Dezembro de 1914 o Comandante mente para Goa onde, em Setembro, assumiu

Stockler foi nomeado para o cargo de encarre- o cargo de Chefe dos Serviços de Marinha do

gado dos fabricos do “República” e quando o Estado da Índia. Durante a sua permanência

cruzador passou ao estado de armamento,

em Maio de 1915, seu Comandante..

Foi em Julho criada a Divisão Naval para

a Defesa e Instrução que, além do “Repúbli-

ca” era constituída pelos cruzadores “Vasco

da Gama”, “Almirante Reis” e “Adamas-

tor”, os contratorpedeiros “Guadiana” e

“Douro”, os torpedeiros nºs 2 e 3, o submer-

sível “Espadarte” e o vapor “Lidador”.

Quando em navegação de Lagos para

o norte, o “República” encalhou no dia 15

de Agosto de 1915 na Consolação, perto de

Peniche. Do Diário Náutico do navio cons-

ta o seguinte: Quarto das 16 às 20 – Bom tem-

po. Nevoeiro cerrado, aclareando às 18. Logo se

viu terra às 18.45h. Às 19.15h encalhou o navio,

descobrindo terra e reconhecendo-se a posição. O

comandante ordenou que se escrevesse no livro

que o navio havia encalhado por culpa dele. O

odómetro 159. Às 18h 30m prumou-se com o

Tomson encontrando-se 21 braças. O quarto

está assinado pelo imediato do navio, 1º

tenente Pedroso de Lima.

O navio, em 20 de Agosto, passou ao

estado de desarmamento, já que foram Capitão-Tenente. J. L. Leiria Pinto
consideradas perdidas as esperanças CALM

de salvamento e a 28 o seu comandante na então Índia Portuguesa exerceu, em acu- Nota:

foi exonerado. Assumindo publicamente, mulação com os Serviços de Marinha, várias e Perpetuando a memória do Comandante
Stockler, sua mãe D. Carolina Rosa Canelhas
desde o primeiro momento, a responsa- importantes funções. Assim, fez parte do Con- instituiu, em 1929, um prémio com o nome de

bilidade do acidente o capitão-tenente selho Disciplinar, sendo vogal da Comissão seu filho o qual, desde essa data, contempla o

Stockler foi julgado, a 25 de Outubro, em encarregada de elaborar o regulamento relati- cadete que tenha obtido a mais elevada classi-

Conselho de Guerra da Marinha, sendo vo à acção disciplinar a exercer pelas autorida- ficação no 1º ano da Escola Naval.

25REVISTA DA ARMADA • JULHO 2011