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QUINZE DIAS NA ESCOLA DE TECNOLOGIAS NAVAIS
1ª PARTE
AEscola de Tecnologias Navais Isto tem sido conseguido pela frequência vocarmos, nesse longínquo ano de 1916, a
(ETNA), localizada no Alfeite, é a dos cursos de Carreira (PAFM1) que permi- imediata Declaração de Guerra alemã que,
Escola onde, actualmente, a Arma- tem a ascensão a novos patamares de res- para preservarmos os nossos territórios ul-
da prepara tecnicamente o tramarinos, nos colocou acti-
vamente, durante a I Grande
pessoal militar, militarizado Guerra, do lado dos Aliados,
foi a ex-Quinta Real do Alfei-
e civil que a serve, principal- te afecta à Armada.
mente a bordo dos navios Aí se inaugurou, em
1918, a Escola Central de
da Marinha de Guerra, mas Recrutas da Armada que
veio a receber, seis anos
também nas Unidades e Ser- depois, a Brigada de Ma-
rinheiros e que, mais uma
viços que em terra e no ar lhe década passada, se conver-
terá no, ainda lembrado,
dão apoio. Corpo de Marinheiros da
Armada onde se albergou
Como qualquer escola a desembarcada Escola de
Artilharia Naval e mais tar-
militar segue um horário de a, então novel, Escola de
Limitação de Avarias. Em
espartano; é acordada e le- 1961, as circunstâncias invertem-se e a tó-
nica dada à Instrução revela-se na nova de-
vanta-se às 07:00, deita-se signação; Grupo Número Dois de Escolas
da Armada, o G2EA.
às 22:30 (Silêncio às 23:00!) Em 1924, na outra margem do Tejo, inten-
cionalmente ainda mais distante da tumul-
e quem não quiser pernoi- tuosa Capital, é adquirida, a juzante de Vila
Franca de Xira, a Quinta das Torres para ser
tar, o pessoal discente e aí, no ano seguinte, instalada a Base da Floti-
lha Ligeira; os Torpedeiros. Dez anos depois,
docente (oficiais, sargen- surge a Escola de Mecânicos e, já
incluindo as Escolas de Electrotec-
tos, praças e civis), sabe nia e de Informações de Combate,
em 1961, acompanhando o pro-
que as aulas começam às Um “Campus” Tecnológico de 40 hectares. cesso de reformas em curso, passa
08:30 e que a tolerância a ser o G1EA onde se integra, em
Naval, de que não convirá abusar, é de ponsabilidade e ainda pela flexibilização de 1963, a recém-criada Escola de
cursos de aperfeiçoamento, actualização ou Abastecimentos, um todo cujos
apenas... três minutos. méritos mereceram, no seio da
Ao longo do dia cumpre-se um adequa- de mero refrescamento (PAFM2) de matérias Briosa1, a famosa designação de
do programa de formação, ajustado a cada que sejam prévio requisito de embarque nos “Universidade da Lezíria”.
objectivo, de modo que o êxito dos seus navios, também eles organizados em Depar- Já nos idos de 39 é, à sua ilhar-
alunos dependa exclusivamente das suas tamentos que integram alguns dos Serviços ga, instalada a Escola de Alunos
capacidades e da persistência do propor- Técnicos que muitas gerações ainda recor- Marinheiros (EAM) que vem a ser
cionado esforço que dedicarem ao estudo dam. extinta em 94, com manifesto des-
A ETNA, embora recente, tem uma histó- gosto de tantas gerações de man-
das matérias ministradas. cebos e até de experimentados
Assegura-se tal, para cada nível, pela ria que fará, em 2014, cem anos de contínuos formadores a quem, inequivoca-
mente enfeitiçou, como “santuá-
execução integral do Plano de rio” de um ritual de iniciação que,
escusadamente, se perdeu.
Actividades de Formação da Novos ventos, tecnológicos e não só, de-
terminam a concentração das diversas escolas
Marinha (PAFM) pensados para técnicas num único organismo que dê a ne-
cessária resposta aos novos desafios e assim,
pôr a pensar, orientados por for- em 2004 é criada, em substituição dos dois
Grupos, a Escola de Tecnologias Navais para
madores, criteriosamente selec- onde, só cinco anos depois, serão transferidos
os, entretanto denominados, Departamentos
cionados e previamente forma- de Propulsão e Energia e de Administração e
Logística, a bem da verdade, os dois pilares
dos para formar, e recorrendo mestres de qualquer organismo vivo.
a manuais didácticos, teóricos e
práticos, que, face à experiência
adquirida, aqueles preparam e
que, depois de refinados e ho-
mologados pelo Departamento,
são, no que respeita à sua edi-
ção, produzidos, segundo uma
matriz gráfica didacticamente
optimizada, na Editora Escolar.
Toda a formação, para que
seja a pretendida, é aferida atra-
vés dum trabalhoso processo de Formatura Geral aguardadndo a chegada do Comando.
avaliação da aprendizagem dos
alunos, de modo a atingir-se um rigor que ajustamentos, decorrentes de múltiplas expe-
garanta que a formação ministrada possa ser riências acumuladas e de novos desafios que,
aferida na prova real que é o seu desempenho tecnológicos ou sociais, obrigaram a saltos que
no mar, onde, já integrados em equipas técni- a espaços foram sendo institucionalizados em
cas, interagem de maneira a sustentavelmente amadurecidas reformas, estruturais e estrutu-
potenciarem ao máximo o binómio Guarnição rantes, num processo dinâmico de causas e
– Navio, sobretudo quando confrontados com efeitos em permanente confronto.
Dois anos antes de termos confiscado de-
situações imprevisíveis ou decorrentes de mis-
sões na companhia de Armadas consideradas zenas de navios das potências do Eixo surtos
de referência, como frequentemente acontece em portos nacionais, com a dupla intenção
e em que, sem sobressaltos, tem o nosso País de provermos a nossa desfalcadíssima (como
hoje!) Marinha de Comércio e de assim pro-
conquistado um invejável respeito.
26 JULHO 2011 • REVISTA DA ARMADA