Page 25 - Revista da Armada
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ALMIRANTE PINHEIRO AZEVEDO

COMPETÊNCIA, FRONTALIDADE E AFABILIDADE

No ano de 1917, em Angola, era promul-           Mundial quando as ameaças à navegação           intensidade. Em Maio de 49 larga novamente
         gada a Carta Orgânica da Província, de  proliferavam no Atlântico, o que obriga o na-   para uma viagem de guardas-marinhas a África
         harmonia com o novo Direito Colonial    vio a passar o Cabo da Boa Esperança bastante   repetindo o itinerário de 42, tendo regressado a
de 1914, e principiava a exploração dos aluvi- ao largo, já que existiam campos minados nas      Lisboa em Agosto de 1944.
ões diamantíferos da Lunda. Na capital, em Lu- aproximações de terra. No dia 30 de Novem-
anda, nascia a 5 de Junho José Baptista Pinheiro bro, a 125 milhas a Nordeste da cidade de Dur-   Após sucessivos anos de embarque que na-
Azevedo, filho de europeus residentes no                                                         vegou em águas do Continente Africano, volta
território. Ainda jovem vem para Lisboa e
ingressa na Armada, em Outubro de 1934,                                                            a prestar serviço em terra. De Outubro de 44
como aspirante da Escola Naval, tendo o úl-                                                        a Janeiro de 46, no Corpo de Marinheiros, é
timo ano do seu curso tido lugar nas novas                                                         Comandante da 3o Brigada.
instalações da Escola no Alfeite.
De notar que as suas aptidões pela activi-                                                           Na época, para oficiais subalternos, o perí-
dade física eram notórias, facto comprovado                                                        odo de serviço em terra era sempre limitado
pelo louvor do Comandante da Escola Naval                                                          e por esse facto regressa ao mar em Janeiro
em que lhe afirma o seu muito apreço pela                                                          de 1946, agora como Comandante do na-
forma como trabalhou preparando-se com                                                             vio balizador Almirante Schultz, cuja missão
sacrifício do seu tempo de estudo e de repou-                                                      principal é dar apoio à farolagem e baliza-
so para a Prova do Pentatlo Militar de 1937,                                                       gem do Continente e Ilhas Adjacentes. No
honrando o nome desta Escola e da Armada.                                                          Verão desse ano o navio efectua missões nos
Promovido a guarda-marinha em Setem-                                                               arquipélagos da Madeira e dos Açores, e até
bro de 1937, realiza a viagem de fim de                                                            Maio de 1948 escala os principais portos do
curso a bordo do aviso João de Lisboa, que                                                         Continente, fornecendo apoio logístico e téc-
em Outubro inicia o périplo de África. Após                                                        nico no âmbito da sua especialidade.
a travessia do Mediterrâneo escala portos de
Moçambique, Angola, Guiné e Cabo Verde,                                                              Finalizada a comissão no Almirante Schultz,
regressando a Lisboa em Maio de 38. Segue-                                                         o então 1otenente Pinheiro Azevedo, promo-
-se um período de dois anos de embarques                                                           vidoem Março de 1947, é voluntário para ser-
de que se destaca o no aviso Bartolomeu                                                            vir em Angola, pelo que assume as funções de
Dias, em exercícios na Madeira e Açores.                                                           Comandante do patrulha Salvador Correia em
Como oficial imediato, já 2o tenente, tinha Aspirante Pinheiro Azevedo.                            Maio de 48 e logo em Agosto navega rumo a
sido promovido em Março de 1939, nas ca-                                                           Luanda. Durante cinco anos o navio fiscaliza
nhoneiras Ibo e Faro, em fiscalização da pesca ban, o Afonso de Albuquerque salva 183 vidas        as águas angolanas e esporadicamente escala
nas Zonas Norte e Centro do Continente e fi- do navio inglês Nova Scotia que com 1.200             S. Tomé e o Príncipe. De salientar que foi a
nalmente, Chefe do Serviço de Navegação do pessoas a bordo tinha sido torpedeado por um            única unidade naval que então se manteve
aviso Afonso de Albuquerque, em missões nos submarino alemão. É uma experiência de guer-           em comissão naquela área tendo sido, por
arquipélagos atlânticos.                         ra que marca o jovem 2o tenente.                isso, muito intensa a sua actividade. Cite-se o
Em Março de 1940 é nomeado                                                                       louvor que lhe é dado pelo Chefe do Depar-
para, no Instituto Nacional de Edu-                                                              tamento Marítimo de Angola pela valiosa co-
cação Física ( INEF ), frequentar o                                                              laboração prestada no ataque ao incêndio que
Curso de Professor de Educação                                                                   deflagrou no navio motor “Alenquer” no dia 7
Física de que fica habilitado em
Novembro de 42. Na ocasião a Di-                                                                            de Maio de 1951 em que relevou
recção do INEF notifica a Marinha                                                                           elevada competência, coragem e
relativamente ao 2o tenente Pinhei-                                                                         espirito de sacrifício. Esclarece-se
ro Azevedo dando merecido relevo                                                                            que deste violento incêndio poderia
ao aproveitamento deste oficial que                                                                         ter resultado a perda do navio com
num curso numeroso com bastan-                                                                              graves prejuízos para o porto do Lo-
tes alunos de valor ficou colocado                                                                          bito a cujo cais se encontrava atraca-
em nº 2. As altas classificações                                                                            do. Em Setembro de 1953 quando
obtidas no INEF levar-lhe-ão, mais                                                                          destaca é louvado pelo Governador
tarde, a ser conhecido por Mestre,                                                                          Geral de Angola pela maneira como
entre os cadetes da Escola Naval.                                                                           desempenhou cerca de 5 anos o
Entretanto, de Março a Setembro                                                                             cargo de comandante do “Salvador
de 42 é Instrutor de Educação Física, Deveres Terminada em Fevereiro de 1943 a missão a                     Correia” demonstrando durante tão
Militares e Infantaria na Escola de Mecânicos, África, de Outubro a Dezembro o aviso cum-                   longo período as suas qualidades
em Vila Franca de Xira.                          pre uma comissão nos Açores transportando                  de competência profissional, muito
Volta então a embarcar no Afonso de Albu- material e pessoal para a defesa dos portos de                    zelo e dedicação ao serviço.
querque, que larga em Outubro para uma via- Ponta Delgada e da Horta, porto de amarração
gem de guardas-marinhas, visitando portos da de cabos submarinos que asseguravam as co-                       De regresso a Lisboa os embar-
Madeira, Cabo Verde, Guiné, S. Tomé, Angola municações vitais, num período em que a Ba-          ques continuam. Depois de uma breve passa-
e Moçambique. Estava-se em plena II Guerra talha do Atlântico se desenrolava com grande          gem pelo petroleiro Sam Brás, em que o navio
                                                                                                 desempenha funções de reabastecedor de
                                                                                                 draga-minas em exercícios no mar, de Fevereiro
                                                                                                 a Abril de 1954 presta serviço no contratorpe-
                                                                                                 deiro Vouga, sendo louvado pelo respectivo Co-
                                                                                                 mandante pela dedicada colaboração que me
                                                                                                 prestou durante o período de exercícios navais

                                                                                                 REVISTA DA ARMADA • MAIO 2013 25
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