Page 23 - Revista da Armada
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dados e em bom recato de museus nacionais livros e outros tantos trabalhos de investigação, fortuna de contar com António Estácio dos Reis,
e estrangeiros. Um legado extraordinário que grande parte deles publicados e disponíveis com a sua capacidade, com o seu trabalho e a
ajudou a construir de forma consistente, mas de para as gerações vindouras. Num reconheci- sua experiência. Fazemos votos de grandes fe-
que nos dá uma explicação simples, em franca mento público e superior desta sua obra no- licidades para ele, desejando que as limitações
demonstração da grandeza do seu carácter: foi tável de mérito científico, artístico e literário que agora assolam a sua capacidade de visão
obra do acaso. Um acaso que – todos sabemos – deve salientar-se – foi agraciado com o grau sejam tão temporárias quanto possível, para
muito bem – só está ao alcance dos espíritos de comendador da Ordem Militar de Santiago que possa dar continuidade aos projectos que
sabedores, dedicados e atentos como o dele. da Espada, que foi entregue nesta Academia tem em mão, por que todos ansiamos.”
no passado ano de 2004. Uma condecoração
Também devemos a um destes “acasos” – e que premeia a carreira que conseguiu construir Ao terminar, foi entregue ao académico Antó-
saliento as aspas com que escrevi a palavra – a a partir dos anos oitenta, a complementar outra nio Luciano Estácio dos Reis, pelo Ministro da
descoberta do único instrumento igualmente brilhante enquanto Oficial da Mari-
náutico equipado com o nónio nha Portuguesa, assinalada por uma panóplia Educação e Ciência, o diploma de
concebido por Pedro Nunes, cujo invejável de louvores e condecorações milita- Membro Honorário da Academia
funcionamento está explicado res, nacionais e estrangeiras. de Marinha.
nas suas obras. Estácio dos Reis
encontrou uma cópia mal iden- Quando uma instituição científica, como a A segunda parte da sessão
tificada desse instrumento, em Academia de Marinha, distingue alguém com iniciou-se com a entrega dos di-
Nova Iorque, e foi à procura do a qualidade de membro honorário, confere-lhe plomas aos Membros Eméritos
original que estava em Florença, um estatuto que decorre das suas excepcionais e Efetivos que ascenderam de
no Museu de História da Ciência. qualidades e serviços prestados. Há neste acto categoria, por eleição na assem-
Tratava-se de um quadrante náuti- uma causa honoris comum a ambas as partes. bleia dos Académicos de 12 de
co, de que hoje existe uma cópia Direi eu – agora com alguma ironia ou por gra- dezembro de 2012. Foram ainda
no nosso Museu de Marinha, que ça – que o “acaso” nos proporcionou a ditosa entregues os diplomas de Mem-
esperou desde 1595 pelo “acaso” bro Efetivo ao General Alexandre
de ser descoberto e descodificado de Sousa Pinto, Presidente da
o seu funcionamento pelo nosso Comissão Portuguesa de Histó-
confrade António Estácio dos Reis. ria Militar e ao Almirante José
Carlos Saldanha Lopes, Chefe do
É vastíssima a obra académica do novo con- Estado-Maior da Armada, eleitos por distinção
frade honorário, abstendo-me de aqui fazer na Assembleia dos Académicos atrás referida.
uma lista exaustiva de realizações, por inca- A terminar a sessão, a académica Raquel So-
pacidade própria e pela manifesta falta de eiro de Brito apresentou as “Memórias do Anti-
tempo. Mas tenho que referir – para além da go Ultramar Português – coletânea de diapositi-
já falada XVIIª Exposição – a sua participação vos”, da sua autoria, que contêm uma selecção
na Comissão Nacional para as Comemorações de fotografias de oito antigos territórios ultrama-
dos Descobrimentos Portugueses e as múltiplas rinos portugueses – Timor, Índia Portuguesa,
associações e instituições científicas e culturais, Macau, Moçambique, Angola, S. Tomé, Guiné
nacionais e estrangeiras, de que faz parte. E, so- e Cabo Verde – extraídas do vastíssimo acervo
bretudo, a quantidade enorme de exposições, que a autora foi produzindo, ao longo da sua
artigos, comunicações científicas, conferências, brilhante carreira profissional de geógrafa.
ACADÉMICO HONORÁRIO
COMANDANTE ANTÓNIO LUCIANO ESTÁCIO DOS REIS
Comunicações nas sessões culturais Comunicações nos Simpósios de História
da Academia de Marinha Marítima da Academia de Marinha
Homenagem ao Prof. Doutor Luís Albuquerque Os primórdios da navegação astronómica no Atlântico
I Simpósio de História Marítima, 10 de Dezembro de 1992
22 de Outubro de 1987 O Problema da determinação da longitude no Tratado de Tor-
desilhas
Concerto para dois globos II Simpósio de História Marítima, 22 de Abril de 1994
8 de Junho de 1988 Livros publicados pela Academia de Marinha
O primeiro navio Português que atravessou o Canal do Suez O Dique da Ribeira das Naus
13 de Março de 1991 1988
O único exemplar vivo do nónio de Pedro Nunes? Uma Oficina de Instrumentos Matemáticos e Náuticos (1800-65)
14 de Março de 1995 1991
Eric Tabarly – um marinheiro de excepção Homens, Doutrinas e Organização. 1824-1974
tomo II - 2008
3 de Novembro de 1998 “Nota Prévia”
Introdução do sistema métrico decimal em Portugal
28 de Maio de 2002
Quatro (dos) pilares da expansão Portuguesa
17 de Novembro de 2004
Navio Almirante ao fundo!
17 de Janeiro de 2006
O Almirante Marquês de Nisa na Rússia – Os últimos meses da sua vida
30 de Março de 2010
Max Justo Guedes, o Homem e o Marinheiro
17 de Janeiro de 2012
Colaboração da ACADEMIA DE MARINHA
REVISTA DA ARMADA • MAIO 2013 23