Page 30 - Revista da Armada
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VIGIA DA HISTÓRIA
combate naval
Não fora o facto do comandante Satur- Vendo-se sem possibilidade de escapar,
nino Monteiro me ter garantido não ten- o corsário inimigo intentou a abordagem
cionar promover nova edição do seu ex- do navio português, tendo ficado com o
celente trabalho «Batalhas e Combates pau da bujarrona por avante do mastro da
Navais da Marinha Portuguesa», e não me mezena do Onça, assim ficando ambos os
teria atrevido a descrever mais um com- navios embaraçados. Prosseguiu então o
bate, de que recentemente tomei conhe- combate a tiros de mosquete sendo lan-
cimento, combate esse que não se encon- çados, do navio inimigo, saquinhos de pól-
tra contemplado na obra daquele autor. vora com pedaços de mecha cosidos, com
Para a defesa contra os corsários, em es- o peso de cerca de um arrátel, como se
pecial franceses, espanhóis e argelinos, fossem frascos de fogo, sacos esses que
que assolavam a costa portuguesa, encon- a guarnição do Onça conseguiu deitar ao
travam-se sediados, em Viana do Castelo mar, na sua quase totalidade, mas que
e em Faro, alguns navios de pequeno por- mesmo assim constituiu a causa do maior
te, armados em guerra, como corsários, número de feridos do lado português.
com a missão de defesa das embarcações
de comércio e pesca nacionais, bem como No decurso do combate e apesar do
de defesa da navegação que demandava fogo, os portugueses abordaram a bar-
os portos nacionais, no caso do Norte, e ca do inimigo tendo conseguido, após
da navegação com destino ou origem no a morte do 2º comandante, obter a sua
Mediterrâneo, no caso do Sul. rendição.
Um desses navios era o corsário Onça, No combate, que durou da 20h40 às
que o comandante Esparteiro, na obra 21h30, a guarnição do corsário inimigo,
«Três Séculos no Mar», indica ser um caí- constituída por 19 franceses e 10 espa-
que, armado em guerra, e que, em 1801, nhóis, teve 5 mortos e 6 feridos graves,
era comandado pelo 1º Tenente João Luís enquanto do lado português ficaram quei-
Moreira. madas 9 praças, das quais 5 gravemente,
para além de um marinheiro que fora feri-
De acordo com o relatório do coman- do com 2 balas de mosquete, uma no pei-
dante, escrito poucos dias após o sucedi- to e outra na ilharga, e que veio a morrer
do, este teria largado de Faro pelas 17h30 depois no hospital de Tavira, o mesmo su-
do dia 18 de Julho de 1801, escoltando 2 cedendo a um soldado da Brigada Real da
barcos (sic) com destino a Vila Real, um Marinha que havia sido ferido com uma
com géneros e o outro com munições de bala na barriga.
guerra. Ao passar junto da Fuzeta uns ho-
mens em terra tê-lo-ão informado que na- O Onça entrou em Tavira a 19 para dei-
quela tarde teria andado na zona um cor- xar os feridos no hospital, entregar os pri-
sário inimigo, o qual ainda se encontrava sioneiros, a presa e efectuar pequenas re-
fundeado frente à Torre de Ares. parações.
De imediato, João Luís Moreira ordenou Com. E. Gomes
que as embarcações que escoltava se pu-
sessem pela sua popa e dirigiu-se para o N.R . O autor nã o adota o no vo acordo o rtográfico
local indicado. O avistamento do corsário
inimigo ocorreu pelas 20h40, tendo aque- Nota
le aberto fogo quando o Onça para ele se 1 João Luís Moreira iniciara a vida no mar como piloto
dirigiu. Porque o tempo era de bonança de navios mercantes e depois capitão, em especial na
conseguiu o Onça colocar-se ao mar do Carreira do Brasil, tendo sido promovido a 1º Tenente em
inimigo que vinha navegando a remo, com 1798.
12 remos por banda, procurando des- Fonte
sa forma escapar. Por forma a impedir a AHU Maços do Reino cx. 17 A pasta 21
fuga, Luís Moreira mandou abrir fogo com
aFosntpeeças de vante e, quando em posição,
com as peças de BB, fogo esse a que o ini-
migo, que dispunha de 2 peças de calibre
4 à proa, 2 pedreiros, 2 trabucos e colu-
brinas, igualmente respondeu com vivaci-
dade.
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