Page 16 - Revista da Armada
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OS CONCERTOS
Os concertos do Dia da Marinha são sempre dos momentos Todavia, o concerto que concentrou o maior valor artístico da
altos das comemorações, quer pela sua expressão artística, nossa banda foi, sem sombra de dúvida, o concerto oficial do Dia
quer pelo entrosamento que permitem com as populações que da Marinha, que teve lugar no Auditório Senhora da Boa Nova,
se juntam para apreciar a música e confraternizar com os ma- no Estoril, pelas 22h00 do dia 17 de Maio. Dirigida pelo seu maes-
rinheiros. Normalmente a Banda da Armada oferece dois con- tro, 1TEN Délio Gonçalves, iniciou a exibição com “Resplendent
certos, por esta ocasião, sendo um deles de gala, mais formal e Glory”, do compositor norte-americano Rossano Galante, a abrir
virado para um público muito específico, mas o outro é feito ao o concerto de forma fulgurante, como um aperitivo a predispor-
ar livre e aberto a toda a gente. Este último teve lugar no dia 16 nos para um espectáculo em crescendo. Seguir-se-ia o que me
de Maio, pelas 22h00, na praça da Cidadela. A Banda da Armada pareceu ser a jóia do programa, na apresentação do “Concerto
foi dirigida pelo maestro 1TEN Peixoto Veloso e interpretou um para clarinete e banda” de Oscar Navarro. A orientação artísti-
programa que incluiu um conjunto de obras clássicas – algumas ca que o maestro Délio Gonçalves tem dado à Banda da Arma-
delas muito bem enquadradas nesta comemoração – equilibra- da tem permitido o protagonismo de alguns dos nossos músi-
das com trabalhos mais ligeiros, nalguns casos muito conhecidos cos, dando-lhes a oportunidade de actuar como solistas, e este
de quase toda a gente e com uma mais fácil adesão do público. “Concerto...” de Navarro foi propício a isso, permitindo realçar as
Assistiram ao concerto o Presidente da Câmara de Cascais, acom- qualidades do clarinetista, SAJ António Menino. A obra é um diá-
panhado pelo VALM Oliveira Viegas, Director da Comissão Cultu- logo entre o solista e a banda, que se desafiam mutuamente, e o
ral de Marinha, e um público entusiasta de umas largas centenas resultado é um delírio poético de grande intensidade que ficará
de pessoas que encheram o espaço confinado dentro do períme- como um dos momentos altos desta exibição.
tro fortificado. A Câmara, contudo, montou um ecrã gigante no
jardim fronteiro, que permitiu levar a música a uma assistência Fechou a primeira parte a interpretação de “Lembranças do
mais alargada, fazendo-se ouvir em toda a parte baixa de Cascais, Mar”, obra do compositor galego Antón Alcalde Rodriguez, com-
criando um natural ambiente de festa, numa noite suave e calma posta em 2009, em homenagem ao seu padrinho Manuel Alcal-
a abrir um fim-de-semana de comemorações. de Rañó, pescador que perdeu a vida no mar. Uma homenagem
que assim se estendeu a todos os marinheiros.
A segunda parte do programa abriu com “Danse Fouâtre”, a
que se seguiu a primeira actuação do autor e compositor António
Sala. Trata-se de uma figura consagrada no mundo do espectácu-
lo que associa a actividade musical à de locutor e grande comuni-
cador, dando ao espectáculo um carácter ligeiro que agrada sem-
pre a todo o público. Coube-lhe ainda introduzir a participação
de Maria Viana, que nos brindou com uma excelente interpreta-
ção de “Summertime” (Gershwin) e, logo a seguir, com a popular
canção francesa “La Mer”, escrita nos anos quarenta por Char-
les Trenet. A voz quente de Maria Viana, ajustada à sua vocação
de vocalista de jazz, emprestou a esta interpretação um carácter
muito singular, onde não faltaram tons que lembraram Edith Piaf,
recordando-nos Cascais dos anos quarenta com o seu turismo de
charme. Os dois artistas presentearam a Marinha, no dia da sua
festa, cantando no final o popular “parabéns a você”, e o concer-
to fechou com a “Marcha dos Marinheiros” cantada por todos.
N.R. O autor não adota o novo acordo ortográfico J. Semedo de Matos
Fotos 1SAR FZ Horta Pereira CFR FZ
16 JUNHO 2014