Page 17 - Revista da Armada

REVISTA DA ARMADA | 493
NTM CREOULA
2014
Creoula. Lugre de quatro mastros. Construído em Portugal no
ano de 1937. Lançado à água em cerimónia presidida pelo
Presidente da República, com uma guarda de honra constituída
por uma companhia de marinheiros oriunda da antiga Sagres e
ao som do hino nacional interpretado pela Banda da Armada.
Nascia assim um dos melhores veleiros alguma vez construídos
em Portugal, ficando a Marinha associada à sua história desde o
nascimento, como que prenunciando o seu futuro.
Passaram setenta e sete anos, sempre a hastear a bandeira
portuguesa. Suportou trinta e sete anos de campanhas na faina
maior da pesca do bacalhau nas águas geladas da Terra Nova e
Gronelândia. Um histórico de navegações que equivale a mais
de vinte voltas ao mundo. Desde há vinte e sete anos a navegar
como navio de treino de mar, operado pela Marinha, levando jo-
vens civis ao encontro da nossa maritimidade.
Efetivamente, o agora navio de treino de mar tem mostrado
ser uma excelente plataforma para fomentar a ligação dos jovens
ao mar, sendo vários os fatores que para isso contribuem e de
onde se destaca:
− O incontornável e inegável passado histórico, marcado pelas de treino próprio. Após estarem atingidos os padrões exigidos,
duras e longas campanhas na faina maior. As histórias de vida
nele passadas nesse período, marcadas por um trabalho que exi-
gia enormes sacrifícios, conferem-lhe uma identidade própria e
uma umbilical ligação à nossa tradição marítima;
− A configuração do navio que, sendo um grande veleiro em
que a quase totalidade das manobras de velas é feita do con-
vés, permite a inclusão dos jovens na prática de todas as fainas e
trabalhos de bordo, proporcionando-lhes uma experiência muito
completa no que diz respeito à vida no mar;
− O facto de o navio ser operado por uma guarnição militar da
Marinha Portuguesa. É certamente importante para pais, familia-
res e instituições sentir que os jovens por que são responsáveis es-
tão em segurança, e que lhes são transmitidos valores estruturan-
tes como a disciplina, o espírito de entreajuda e o respeito mútuo.
O INÍCIO DA ATIVIDADE OPERACIONAL DE 2014
O Creoula saiu para o mar pela primeira vez em maio, tendo co-
memorado os seus 77 anos de existência no dia 10, data que me-
rece o devido relevo tratando-se do navio mais antigo e de maior
idade operado pela Marinha. No dia seguinte o navio integrou as
comemorações do Dia da Marinha, com a abertura a visitas em Lis-
boa e a participação no desfile naval em Cascais.
Após o desfile, o navio continuou no mar, para iniciar a fase
o Creoula embarcou os primeiros instruendos, constituídos pe-
los jovens associados do Clube Náutico dos Oficiais e Cadetes da
Armada (CNOCA).
FEVEREIRO 2015 17