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REVISTA DA ARMADA | 496
âmbito da iniciativa MAR ABERTO, ao largo do Ambriz. Esta cida-
de angolana alberga a Escola de Fuzileiros angolana, facto que se
constituiu como uma excelente oportunidade para interagir com
aquela força angolana. Assim, no dia 24 de março, a Bartolomeu
Dias recebeu a bordo o comandante da Brigada de Fuzileiros an-
golana, CALM Castro “Bamba”, que se fez acompanhar pelo seu
chefe do Estado-Maior e pelo comandante da Escola de Fuzilei-
ros. Para além destas entidades, embarcou também uma equipa
de abordagem angolana que treinou a bordo com os seus con-
géneres portugueses. Foi realizada uma demonstração de capa-
cidades, nomeadamente com assalto e progressão a bordo por
parte da equipa de abordagem angolana. Durante esta demons-
tração, o P3 Orion da FAP sobrevoou o navio, tendo uma vez mais
sido testada a capacidade do ROVER.
EXERCÍCIO OBANGAME EXPRESS LUANDA
No dia 20 de março, o navio suspendeu de STP e navegou rumo Concluído o exercício OBANGAME, o navio atracou no porto de
Luanda na manhã do dia 26 de março. Neste porto, desde cedo
à República do Congo, a fim de participar no exercício. Para um foi notório o interesse por parte dos media angolanos, que espe-
melhor enquadramento da atividade desenvolvida deve ser re- ravam a chegada da fragata no porto. O navio registou ainda uma
ferido que o objetivo do exercício prendeu-se com a edificação grande afluência diária de visitantes oficiais, durante toda a es-
e consolidação das capacidades dos MOC (Maritime Operations tadia, designadamente de representações diplomáticas e repre-
Center, em português, Centros de Operações Marítimas) instala- sentantes da comunidade portuguesa ali radicados, bem como
dos em terra. É nestes centros que se concentra o conhecimento a visitas de estudo de diversa índole. Neste âmbito há a realçar
situacional marítimo, da respetiva área de jurisdição, e se asse- a enorme adesão e interesse por parte dos elementos das For-
gura todo o comando e controlo das operações que visam a ma- ças Armadas e de Segurança Angolanas em conhecer a fragata.
nutenção da segurança marítima. Já no mar, o conceito de ope- Foi ainda oferecida uma receção a bordo, a 27 de março, que
rações assentou em cenários em tudo semelhantes a potenciais foi presidida pelo embaixador de Portugal em Angola, Dr. João
situações de ocorrências no mar. Assim, a Bartolomeu Dias posi- da Câmara, e onde estiveram presentes altas entidades civis e
cionou-se em locais chave e simulou por diversas vezes ser um militares angolanas (destacam-se o Presidente da Comissão Ad-
‘navio’ com um comportamento suspeito, envolvido em diversas ministrativa de Luanda, o Comandante da Marinha Angolana e
atividades ilícitas, como narcotráfico, tráfico de armas, tráfico de o Comandante da Força Aérea Angolana), cidadãos portugueses
pessoas e bens, e ainda de pesca ilegal. O objetivo foi servir de ali radicados, oficiais portugueses da CTM em Angola, bem como
plataforma a ser abordada e proporcionar treino e avaliação aos diversos elementos do corpo diplomático acreditado em Luanda,
parceiros africanos, com recurso aos fuzileiros embarcados. Foi totalizando mais de 300 convidados.
igualmente proporcionado um treino de socorrismo de combate, Decorreram ainda múltiplas ações de cooperação, entre as quais
de uso da força e demonstrações sobre o planeamento e prepa- se salienta a instrução e treino na área do mergulho de combate
rativos de ações de abordagem. e de abordagem a navios. No dia 2 de abril, após um excelente
período de troca de experiências ao nível técnico-militar, aliada a
O exercício, que decorreu ao largo das costas da República do uma hospitalidade ímpar, a Bartolomeu Dias fez-se ao mar com
Congo, da República Democrática do Congo e de Angola, permi- destino à cidade de Lobito. Para este trânsito embarcaram 24 ca-
tiu várias oportunidades de treino e interação entre forças, ten- detes da Academia Naval Angolana, dos 3º e 4º anos, que realiza-
do a Bartolomeu Dias sido “abordada” por equipas congolesas e ram treino em alto mar, com enfoque nas perícias da navegação,
angolanas. Durante todo o exercício, o navio de patrulha oceâni- da marinharia e da segurança no mar. Estes cadetes integraram
co brasileiro Amazonas navegou em companhia da Bartolomeu os serviços de bordo, tendo igualmente acompanhado e partici-
Dias, rumo a Luanda, tendo-se proporcionado, num momento pado em ações de treino nas áreas de Limitação de Avarias, do
mais calmo do cenário do exercício, um treino de oportunidade socorrismo de combate, assim como em atividades no âmbito da
entre estas unidades navais, que consistiu em abordagens mú- segurança do tiro, da navegação e das comunicações.
tuas. Embora tivesse ocorrido durante o OBANGAME EXPRESS, a
Bartolomeu Dias realizou o seu primeiro treino com Angola, no LOBITO
A tirada entre Luanda e Lobito foi curta, tendo o navio atraca-
do na manhã do dia 3 de abril. Contudo, a experiência foi muito
gratificante para os cadetes angolanos, que tinham na mente um
sentimento de realização e uma vontade de repetir no futuro mais
uma experiência como esta. A iniciativa MAR ABERTO continuou
no Lobito com ações de treino no âmbito do mergulho de comba-
te, intercâmbio de experiência na área da saúde militar, bem como
diversas visitas a bordo por diferentes cursos de formação de espe-
cialistas da Marinha Angolana. Decorreu ainda uma visita a bordo
composta exclusivamente por militares do sexo feminino angola-
nas, para promover a troca de experiência com as nossas militares.
Foi ainda organizada uma receção a bordo, onde estiveram
presentes 177 convidados, muitos dos quais cidadãos portugue-
ses ali residentes.
Agora navega-se rumo à cidade da Praia, a caminho da segun-
da parte desta missão, onde se irá realizar o exercício SAHARAN
EXPRESS e dar continuidade à iniciativa MAR ABERTO, desta feita
com Cabo Verde.
Colaboração do COMANDO DO NRP BARTOLOMEU DIAS
20 MAIO 2015