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REVISTA DA ARMADA | 499

ADJUNTO DO COMANDANTE DO CORPO DE FUZILEIROS

No dia 24 de junho, no Salão Nobre do                            Reafirmou ainda contar com o SMOR Rodrigues para, além
     Comando do Corpo de Fuzileiros, to-                       das tarefas inerentes ao cargo, transmitir à estrutura de che-
mou posse do cargo de Adjunto do Coman-                        fia intermédia a restruturação em curso no Corpo de Fuzileiros.
dante o SMOR FZ Duarte Costa Rodrigues,
rendendo o SMOR FZ João Domingos Viei-                           No final, seguiu-se um almoço na Camarinha do Comandante.
ra Guerreiro. A cerimónia, a que estiveram
presentes delegações das diversas unida-
des do Corpo de Fuzileiros, foi presidida
pelo Comandante, CALM Sousa Pereira, e
incluiu ainda a imposição de condecorações
a diversos militares.

   No uso da palavra, o novo Adjunto do Co-
mandante afirmou assumir o cargo com
empenho, dedicação e lealdade, honrando
os valores há muito cultivados pelos fuzilei-
ros.

   No seu discurso, o Comandante referiu-se
ao Adjunto cessante como tendo sido um
grande apoio na comunicação interna, principalmente no que
envolveu as categorias de sargentos e de praças do Corpo de
Fuzileiros e simultaneamente na gestão da Secretaria de Co-
mando, vincando a sua lealdade e honestidade.

ESTÓRIAS                                                                                                              14

ESTÓRIAS DE CAÇA E CAÇADORES

Acaçada era aos patos. Tinha chovido imenso de véspera e       ques de restolho de arroz, uma neblina azulada começava a
    os caminhos que conduziam aos tanques do arroz, onde       erguer-se, reforçando o quadro fantasmagórico.
tencionávamos esperá-los, estavam quase impraticáveis.
Mesmo fazendo uso de um todo o terreno não me teria arris-       No horizonte, viam-se, de vez em quando, cordões compri-
cado se não fora a presença dum outro carro do mesmo tipo,     dos de carraceiros procurando abrigo nocturno.
mais potente e mais alto, que poderia, em caso de atascanço,
dar uma ajudinha. E lá fomos por becos e travessas que eu,       Os patos com quem tinha encontro marcado, demoravam
noviço nestas áreas, desconhecia por completo.                 a chegar.

  Chegámos a um local donde nos seria impossível prosseguir.     Tinha escolhido um dos tanques de arroz onde vira algumas
  Armámos o estojo e cada um seguiu para os tanques de res-    penas deixadas na noite anterior por uns quantos nubentes.
tolho de arroz que melhor entendeu. O Sol estava a esconder-
-se, era preciso ser célere.                                     A dado momento, não muito longe do local em que me en-
  Eu e mais dois companheiros afastámo-nos uns bons qui-       contrava, vejo aparecer um casal de patos reais, altos ainda,
nhentos metros e lá procurámos posicionar-nos por forma a      em missão de reconhecimento.
que os tiros não pusessem qualquer de nós em risco.
  Mal acabara de tomar posição, quando junto à ribeira onde      Com o chamariz começo a fazer-lhes o apelo de escolherem
tinha ficado um dos companheiros, se ouviu um tiro, a que      o meu tanque para a aterragem. Eles parecem ter entendido
outro se seguiu, sem que se vislumbrasse a razão de tal.       a mensagem fazendo um círculo sobre a posição em que me
  Entretanto, o atirador começou a correr ao longo da ribei-   encontrava.
ra e a gritar para mim que corresse também, apontando-me
um vulto, que depois percebi tratar-se dum javali, que se mo-    Encolhi-me o mais que pude de encontro ao “ourique” do
vimentava com alguma dificuldade. Ainda fiz uma tentativa      tanque e voltei a fazer o chamamento, enquanto continuava
de correr em cima do combro em que me encontrava, mas          com os olhos a fazer o seu seguimento.
depressa percebi que morreria de cansaço primeiro do que
o porco. O javali acabou por tombar uns trezentos ou quatro-     De repente, ouço um barulho de asas muito perto de mim,
centos metros para além do local em que havia sido atingido.   quase roçando a minha cabeça, enormes brancas como um
A caçada prosseguiu, finalmente aos patos.                     anjo da morte. Dei um salto para o lado, quase caindo dentro
  A noite caía sobre a várzea. O sol, há pouco escondido por   da água do tanque. Uma coruja respondera com um ataque,
trás dos choupos sem folhas, emprestava-lhes formas de al-     ao grasnar imitado dos patos que eu arrancara do chamariz.
mas penadas envoltas pelas chamas do inferno. Sobre os tan-
                                                                 Apanhámos, certamente os dois, um susto dos diabos.
                                                                 E, com todo este teatro, de patos… nem o grasnar.

                                                                                                                      Ferreira Júnior
                                                                                                                                  CMG

                                                               Nota: Extracto do livro “Terra-Mar-e-Guerra”
                                                               N.R. O artigo não respeita o novo acordo ortográfico.

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