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REVISTA DA ARMADA | 524







          ACADEMIA DE MARINHA

          “A CPLP E O MAR”




            a sessão cultural de 24 de outubro foi                               cidades  ribeirinhas,  servidas  por  platafor-
         Napresentada a comunicação “A CPLP e                                    mas portuárias de excelência. Com exceção
          o Mar”, pelo Académico António Rebelo                                  de Brasília, a particularidade emerge de Lis-
          Duarte.                                                                boa a Díli, passando por Luanda, Maputo,
           O conferencista evidenciou que Portu-                                 sem esquecer Bissau e não contando, evi-
          gal, numa perspetiva geográfica, histórica                             dentemente, com os arquipélagos  como
          e cultural, não se esgota na Europa, e que                             Cabo Verde e S. Tomé e Príncipe, por maio-
          estando  virado  para  o  Atlântico  e  com                            ria de razão, atestando uma condição marí-
          os pés no Mediterrâneo, este é também                                  tima a que não será estranha a natureza e
          merecedor de inclusão histórica na nossa                               formato  histórico  das  descobertas  portu-
          identidade geoestratégica. Nessa medida,                               guesas. No atual panorama de globalização
          disse que “fará sentido a congeminação de                              mundial, a litoralização das cidades, estimu-
          um futuro que passe pela consolidação do                               ladas  pela  concorrência,  irá  determinar  o
          poder funcional que lhe advém da condição de plataforma oceânica   desenvolvimento daquelas grandes metrópoles, uma observação que
          de fachada atlântica”, onde a Lusofonia encontra a raiz estratégica   exprime um propósito de valorizar, numa segunda parte da comunica-
          fundamental, num futuro português em cujo horizonte, à semelhança   ção, o potencial marítimo do conjunto de membros da CPLP.
          do passado, sobressai o Mar, enquanto espaço estratégico de inte-  A terminar, foi mencionado que “o futuro da Comunidade deverá
          resse nacional permanente e espaço de ligação comum a todos os   passar pela mobilização da sociedade civil, académica e empresarial,
          países membros da CPLP.                             privilegiando os domínios da ciência e I&D e pelas dinâmicas dos
           A manifestação mais expressiva de uma renovada estratégia nacio-  diversos setores, incluindo saúde, transportes, formação profissional,
          nal pode situar-se no duplo contexto – MAR e CPLP –, as tais duas   economia e empresas, etc., cativando cada um dos parceiros para se
          “janelas de liberdade e oportunidade” de que fala o Prof. Adriano   associarem num elan estratégico de concretização das declarações
          Moreira, ao recomendar uma avaliação mais atualizada sobre a articu-  proclamatórias em realizações concretas que melhor possam servir
          lação e coerência da relação triangular Portugal-Angola-Brasil, natural   as aspirações e necessidades das populações em sede do desenvolvi-
          e necessariamente inclusiva dos demais membros da Comunidade.  mento e bem-estar de que carecem.
           Sobressai nesta comunidade a referida maritimidade comum, refor-                                   
          çada pelo facto das respetivas capitais se apresentarem como grandes     Colaboração da ACADEMIA DE MARINHA


          LIVROS

          “COMANDAR NO MAR”




           ulgo que ninguém contesta a importância da figura do “chefe”,   os diversos aspetos do exercício
          Jqualquer que seja a sua designação em concreto; em qualquer   das funções de comando no mar.
          organização será, provavelmente, a pessoa de maior relevo. Como   Mas não só! Este livro será tam-
          referia Camões ... um fraco Rei faz fraca a forte gente. Napoleão,   bém útil para quem desempenhe
          num registo diferente, dizia ... não há maus regimentos, há maus   funções de chefia ou de comando
          coronéis. Em perspetivas diferentes ambos acentuam a importân-  nos outros ramos das Forças
          cia da liderança.                                   Armadas e de Segurança, e em
           No mar, um Comandante é ainda mais importante. As guarnições   organizações civis e nas empresas.
          vivem isoladas, semanas ou mesmo meses a fio, nos seus navios,   Desde que exista um chefe, subor-
          que operam num meio muitas vezes hostil. Uma decisão errada do   dinados e colaboradores, e obje-
          Comandante, na navegação ou na manobra, pode colocar em risco   tivos a atingir, as reflexões que os
          o navio e todos os que estão a bordo; a confiança  na capacidade   textos aqui publicados suscitam
          profissional do Comandante é algo a assinalar e a reter.  terão certamente utilidade.
           A obra “Comandar no Mar”, recentemente publicada pelas “Edições   Este  livro,  de  cerca  de  300  páginas,  está  disponível  na  Loja  do
          Revista de Marinha”, com um prefácio do Prof. Dr. João Carlos Espada,   Museu de Marinha, na Livraria da Universidade Católica, no Clube
          recolhe  os  testemunhos  inspiradores  de  antigos  Comandantes  de   Militar Naval e no Clube de Oficiais da Marinha Mercante, ou poderá
          navios de guerra e de navios da Marinha Mercante, incluindo dois tex-  ser solicitado através do e-mail revistamarinha@gmail.com ou pelo
          tos assinados por Oficiais da Reserva Naval. Serão certamente úteis a   tlm 91 996 4738.
          quem for indigitado para Comandante, permitindo-lhe refletir sobre                                  


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