Page 268 - Revista da Armada
P. 268

O· //ROUX NOt/














                                                               Se  fizermos  a  pergunta  «quem  conhece  o  mari- '
                                                               nheiro  de manobra  Sebastião  da Silva  Nogueira?»,
                                                               ou,  ainda,  o  1081,  quase  apostaríamos  que  não
                                                               havia  uma  vintena  de  homens  na  Armada  que  res-
                                                               pondesse  pela  afirmativa,  Mas  se  disséssemos
                                                               «quem  conhece  o  «Rouxinol»?»,  pois  quase  apos-
                                                               taríamos  que  nas  gerações  de  há  30  ou  40  anos   \"
                                                               a  esta  parte  muito  poucos  responderiam  pela
                                                               negativa,
                                                               Não  se  escandalizem  os  devotos  das  letras,  mas   ..
                                                               também  poucos  serão  capazes  de  indicar  uma
                                                               das  obras  de  Joaquim  Guilherme  Gomes  Coelho,
                                                               e  muito  menos  de  Amandine  Aurore  Lucie  Dupin,
                                                               se  não  se  acrescentar  que  o  primeiro  foi  Júlio
                                                               Dinis  e  a  segunda  George  Sand.
                                                                «Rouxinol»  foi  também  daqueles  nomes  postiços
                                                               que  pegou,  que  eclipsou  o  verdadeiro,  que  ficou
                                                               na  boca  do  mundo  e  na  memória  de  todos.  Quem
                                                               não  conhece  o  «Rouxinol»?  Meão  de  estatura,
                                                               cabelo  como  trigo  maduro  que  foi  sendo  salpi-
                                                               cado  de  neve,  olhinhos  vivos,  azuis,  recebeu  há
                                                                dias  a  alegria  dum  abraço  amigo  do  mais  antigo
                                                               de  todos  nós,  o  almirante  Américo  Thomaz,  de
                                                               quem  fora  impedido  a  bordo  do  «5  de  Outubro».
                                                                «Quantos  contas? »,  perguntou-lhe  o  Presidente.
                                                                «Sessenta  e  sete! »  Mas  são,  diga-se  em  verdade,
                                                               67  primaveras.
                                                               Quando  assentou  praça  no  antigo  Quartel  de  Ma-
                                                                rinheiros,  em  Alcântara,  logo  lhe  reconheceram
                                                               o  jeito  especial  de  assobiar  ao  estilo  que  lhe
                                                                granjeou  a  alcunha,  Depois  veio  até  o  verso  de
                                                                pé-quebrado,

                                                                         Ó  «Rouxinol»
                                                                         Que  tão  bem  cantas
                                                                         Onde  aprendeste  a  cantar?
                                                                         Foi  nos  mastros  da  «Sagres»
                                                                         A  navegar",

                                                                No  seu  vaivém  de  bicicleta  de  mais  de  35  ,anos
                                                                de ordenança, o tempo esqueceu-se dele; foi ficando
                                                                com  a  mesma  cara,  o  mesmo  físico ,  faz  o  pino  em
                                                                cima  do  bebedouro  da  água  arrumando  em  des-
                                                                treza qualquer jovem  recruta do último alistamento.
                                                                E  em  matéria  de  cumprimento,  aprumado  no  seu
                                                                selim,  aí  está  a  fotografia  para  mostrar  como  se
                                                                faz  a  continência.

                                                                                                      S,  Machado

           14
   263   264   265   266   267   268   269   270   271   272   273