Page 264 - Revista da Armada
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clenclas.
artes e letras
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construt/Vlsmo
na arte t
Quando a arte percorreu os ca- uma árvore, uma figura humana, nas suas particularidades mais
minhos da análise que lhe foram uma casa ou uma viola puderam notórias e certos pormenores mais •
abertos pelo impressionismo e ser tratados da mesma maneira, característicos adquirem maior re-
desabrochou numa série de ex- através de elementos comuns. levo e constituem aquilo que in-
perimentações e tendências que O objecto é, assim, dissecado teressa focar em detrimento da
foram outros tantos « ismos» (fau-
vismo, futurismo, abstraccionismo,
«Cabeça em Nicho Triangular.
dadaísmo, cubismo, etc.), houve
quem legitimamente se interro-
gasse sóbre o futuro dessa mesma
arte. Os dadaístas, por exemplo,
com a sua «democratização» da
arte, com a pretensão de a apear
do pedestal onde se mostrava
como artigo de luxo e de eleição,.
quiseram banalizá-Ia e elevaram
pràticamente todos os objectos
à categoria de artísticos, fossem
eles um urinol ou uma roda de
bicicleta. Era uma reacção natu-
ral contra uma certa presunção
abusiva da arte, reacção que, nos
seus extremos e desvarios che-
gou a pretender matar a arte.
Realmente, é bom que se diga,
havia muita coisa cadavérica na ,...
arte que tinha forçosamente de
acabar para que ela não apodre-
cesse nas mesmas formas. A uni-
dade formal do mundo exterior
- a forma - fora a base e o esteio
da criação artística. Ela apoia-
va-se directamente no mundo ex-
terior dos objectos. Pois o
cubismo, por exemplo, atacou
essas bases e quis prescindir
dessas formas ou pretendeu re-
duzi-Ias a escasso número de
elementos geométricos. A forma
deixou de interessar e apenas
permaneceu a essência. Assim,
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