Page 130 - Revista da Armada
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mental. pois irá permitir responder às hipóteses aven tadas pelos   (a caravela não terá motor) deveria rondaros30 mil contos. Esta
            investigadores.  Será.  por assim  dizer. um  laboratório vivo em   importftncia é bem modesta, comparada com os 300 milhões de
            que as diferentes teorias podenio ser testadas. Deste modo espe-  pesetas previstas pclo Estadoespanhol para o programa das Co·
            ramos esch,reeer definitivamente ,I  polémica existcnte entre o   memorações do V Centenário da Viagem de Colombo. em 1992.
            almirantc Gago Coutinho e o comandante Ouirinod,\ Fonseca,   com a reprodução das caravel .. s "Pinta,. e .. Nina» e da nau .. San·
            ~e a~ vergas trabalhavam por fora  ou por dentro das enxárcias   ta Maria,..
            e se as caravelas dos Descobrimentos viravam. ou não. por da-  O custo d .. viagem ao Cabo será certamente elevado. pois hã
            vante.                                             que contar com os transportes de componentes da tripulação.
              Desde o prime rio momento tem havido o cuidado de registar   que serão rendidos nas 4 ou 5 tiradas da viagem. Iremos ver se
            todos os estudos e  notas relativas ao projecto a fim  de serem.   a TAP e outras companhias de aviação nos poderão oferecer al-
            oportun<lmente. publicados para beneficio dos estudiosos.   guns lugares. para minimizaros custos.
              Por outro lado. O projecto pretende re1:mçar um certo e~píri­  Há aind" a prever uma verba importante para a publicação
            to de aventura nos jovens portugueses.  Assim, quando em  Agos-  de obras rel .. cionadas com o projecto. nomeadamente. estudos.
            to de  19M7 se der inicio 11  reconstituiç,io da viagem de Bartolo-  desenhos. construção. aparelho e viagem.
            meu  Dias. ii realizar totalmcntc 11  vela , com chegada ao cabo da   Para ocorrer a t?<las estas despesas. além das ajudas imensas   "
            Iloa E'pcrilnçil cm  Fe\'creiro de  I \lHX.  pen~;l-~e utiliz.ar.  n;\~ ~u­  que já tivemos por força de despacho do almirante CEMA. que
            ccs. .. ivas tiradas. em sistema de roulemem. tripulações constituí-  considera o Projecto do maior interesse. autorizando o Arsenal   •
            das por jovens dos 17 aos 24 anos. rapazes e raparigas.   do Alfeite a colaborar com o GRAMMA e prometendo o apoio   •
              Estou convencido que esta experiência vin'i  a constituir re-  da  Marinha nas diversas fases da eonstrução. aparelhamenlO c
            cordaç:io indelévcl na vida desses jovens.         utilizaçiio da caravela, prevê-se o recurso ao financiamento pro-
              «RA,. - O que o comandante nos conta é muito interess:m-  veniente ue partc do~ IlIcrOSt:O'll" cmilooS:LO de moedas comemo-
            te. especialmente a faceta de aventura para os jovens.   rativas da efeméride. já proposta ao ministro das Finanças.
              Tudo isto.  CeTlõlmente.  envolve  grandes  trabalhos  põlr,\  a   Pensamos "indil recorrcr a entidades e empresas patrocinil'
            construç;\oda caravela e põlra a feitura da viagem.   doras. para além das ajudas que pudermos obtcr com direitos
              Comoé que o GRAMMA est:í estruturado para resolver es-  exclusivos de cobertura da  viagem  por meios de comunicação
            tes problemas'! Oue ajudõls tem tido?              social. nacionais e estrangeiros. e bem assim pela publicidade.
              PC-Na realidade. o Projecto tem-nos dado algum trabõllho   E. certamente. que a futura comissão nacional para ascome-
            e pode dizer-se que li procissão ainda vai no adro. Contudo. te-
            mos tido algumas ajudas c apoios.                  morações do  V centenário da passagem do cabo dil  Boa  Espe-
                                                               r!lnçi! disporá dc orçamento par,! ajudar a financiar ..
              Desde que resolvemos meter mãos ii obra. isto é.em meados
                                                                  .. RAlO - Como se irá processar o recrutamento e o treino d .. s
            de  1983. estabelecemos um  planeamento das diferentes fases.   tripulaçõcs?
            Neste momento está cm vias de condus;io o projecto- 5." ver-
            s:io - no Gabinete de Estudos do Arsenal do Alfeile.   PC - A caravela .. São Cristóvão" será uma embilrcação dc
              As madeiras- pinheiro manso das matas de Alcácer do Sal.   18 metros na quilha e 22 de comprimento de fora a fora. Terá
            pinheiro bravo das da Figueira da Fozecarvalhodasdo Buçaco.   3 mastros. ondc .. rmam velas latinas triangulares. Para a poder
            oferecidas pelo Ministério da  Agricultura. e sobro cedido pelo   manobrar contaremos com uma tripulaçiiode 18pessoas,consti·
            engenheiro agrónomo Vaz PinlO -estão já cortadas. aguardan-  tuindo três turnos: A.  B e C. O  turno A será o elemento fixo
            do o tr .. nsporte em camionetas das Forçlls Armadas para o A rse-  da tripulaçáo. serlio os profissionais por assim dizer; os turnos
            nal do Alfeite.                                    B c C. cad" um com seis elementos. serão formados por jovens
              Espera-se dar inicio à construção em meados do anocorren-  portugueses. de ambos os sexos. dos 17 lIOS 24 anos. quc farão
            le.  pensando-se que  a c .. ravela  possa  ficar  pronta  em  fins  de   apenas uma tirada da viagem. sendo rendidos por novos elemen-
            1986.                                              tos que terão scguido de avião para o porto de escala.
              Em  1987 comcçará  um  programa de treino de tripulações.   Pensamos dar início este ano ao treino dos elementos fixos
            para em  AgoslO  se  dar inicio à  viagem ao cabo da  Boa  Espe-  da  tripulação. o qual começará  a ser efectuado nas canoas de
            rança.                                             bastardo .. Boneca» e «Anfitrite,.. Os ensinamentos colhidos se-
              No que respeita ii organização do Projecto. ela compreende   rão depois aproveitados no aparelhamento e manobm da cara-
            Comissão Executiva. de einco membros, a que tenho a honr:1 de   vela.
            presidir. 11  qual coordena o trabalho de várias subcomissões. no-  Entretanto. iremos brevemente lançar uma eampanha para
            meadamente: Construç.io e Armaçãoda Caravela. Arqueologia   recrulamento. seleCÇfLO e treino de jovens candidatos. de forma
            e História (que integradoccntesda Universidade). Relações PÚ-  a podermos aproveitar uns60que revelem aptidão especial para
            blicas.  Adminislmção.  Logística.  Operaç6cs (recrutamento  e   a viagem. o que impliea algum conhecimenlO de barcos. profis-
            selecção.  treino. comunicaçôcs). prevendo-se a criação de  um   sôcs ou hobby útil a bordo (enfermeiro. carpinteiro. cngenheiro
            Sccretariõldo pcrm .. nente. quando houver alguém p .. ra oefeito.   clectrÓnico.  artífice.  técnico  de  velas.  cozinheiro.  pescador.
              Duas vezes por mês há  uma  reunião no  Museu de  Marinha   mergulhõldor, fotógrafo. etc.) e estej,ull dispostos a comprar um
            cm que se .. precia o trab;!lho desenvolvido pelas subcomissões   beliche pilta atirada.
            ese definem novos objectivos.                         Os profissionais do turno A ser,io incumbidos da prepamçüo
              Entretanto. O Ministério dos Negócios Estrangeiros prepara   dos jovens que inio constituir os turnos  BI. CI. B2.  C2. etc ..
            um decreto-lei. a subscrever também pelos ministros da Educa-  confonne orientaçfLo da Subeomiss:io de Operaçõcs.   ,
            ç;io. da Cultura e das Finanças.  tendo em vista  a formação de   A Subcomi<;s;\o de Logística terá a seu cargo o planeamento
            uma comissão nacional para as comemorações do V centcnário   e execuçiio do aba<;tecimenlO e do transporte das tripulações nas
            da  passagcm  do cabo da  Boa  Esperança.  Está  previsto.  para   diferentes timulIs da villgem.           •
            cfeilOs destas comemorações. que o Projecto se integre n .. quela   Por or ... é  tudo o que poderei dizer. Os problcmas ir;io. en-
            comissiio nacional. vindo .. constituir uma subcomissão del'l.   tretanto. ser enfrentl\dos ;\  medida que forem surgindo. pois é
              Deste  modo,  esperamos  ver  reforçados  os  apoios  de  que   impossível prever tudo de momento.
            necessit:lmos.                                        .. RA .. Sem dúvida que slio grandes os trab .. lhos em queestüo
              «RAlO - Qual o custo da caravela .. São Cristóvão,.? Ou .. 1 o   cnvolvidose a .. Revista da Armada,. só deseja que oentusiõlsmo
            financiamento prcvislO  para a sua construção c  para a  viagem   para levar a cllbo tlio interessante {'roiecto nunca vos falte.
            ao Cabo?                                              No cntanto. hli  uma  pergunta que desejamos fazer.  A via-
              PC -  Bom.  Não é fácil  dizer quanto vai  custar a caravela   gem será exclusivamente ã vela? E as calmarias? E as enlradas
            "Siio Cristóvão ...  pois muitos componentes do custo não serão   nos portos'! E 11 segurança?
            contabilizados em termos financeiros. É ocaso do projecto. são   PC -  Bom.  Se  Bartolomeu Dias e os seus  homens fizeram
            as madeiras que foram oferecidas. s;io os transportes. é a cons-  a viagem:l vela. não vejo riLz;io para que não possamos fazer o
            t rução que. provavelmente. será efectu .. da no Arsenal do Alfei-  mesmo agora que dispomos de muito mais  recursos e conheci-
            te. c o  aparelho que será  fornecido  pela  Fábrica Nacional de   mentos.
            Cordoaria e montado com miio-de-obra da Escola dc Marinha-  A c:ml\'eI:l  er:l  um  e'(celente veleiro. na  opinião de Cada·
            ria. Julgo. no entanto. que oorçamentode um estaleiro particu-  mo~to.
            lar para a construção da caravela limitado ao casco c aparelho   Sem lhivida que" m:mobm do \"et.\me  é  algo complicada.

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