Page 195 - Revista da Armada
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meio de  comboios.  constituídos  por grande  número de   gumas das quais apenas tiveram execução depois da sua
          navios  mercantes.  escoltados por navios de guerra.  Em   morte. ocorridll em 1795(''').
          1769.  Pombal  mandou evacuar Mazagão, <I  última praça   De referir que em 1774 foi extinta a classe de guarda-
          que  possuíamos em  Marrocos,  e  foi possível  fazer a paz  -marinha . por  ii  maioria deles não ter revelado aptidão
          com  este  país.  cujos  navios deixaram  de  nos hostilizur.   para a promoção a tenente-de-mar. ConlUdo, aguns des-
          Por outro lado. esqu:ldras portuguesas passaram a cruzar   tes guardas-marinhas foram notáveis oficia'is da Armada.
          no  estreito  de  Gibraltar,  para  impedir  a  vinda  para  o   nomeadamente  António  ]anuário  do  Vale.  Pedro  de
          Atlfmtico de pirut<ls arge1in.os e tunisinos.  Deste modo. a   Mendonça e  Moura e outros.  Em  substituição dos guar-
          n"vegação para o Brilsil  passou a fazer-se sem perigo. por   das-mllrinhas foram então criados os voluntários exerci-
          meio de  navios soltos. protegidos li  partida e à chegada   tantes. rapazes de doze a dezasseis anos que embarcavam
          <lOS  portos por esquadras de guarda-cosia, as quais tam-  em número de seis em cada fragata e tinham os vencimen-
          bém cruzavam nos Açores. por onde passavam os nossos   tos de grumete. Os que demonstravam aptidão nos exer-
          navios  no  regresso do Brasil  e  do Oriente. Segundo um   cícios e manobras de bordo eram promovidos a sargentos-
          escritor  contemporãneo.  a  actividade  comercial  com o   ·de-mar-e-guerra e tinham depois lIcesso a oficial. Maseste
          Brasil  atingiu entflO  um  grau de prosperidade jamais al-  sistema . inteiramente prático. de formação de oficiais da
          cançada. Os nossos navios passaram a f"zer duas vi<lgens   Armada. também não se revelou satisfatório e. mais tllr-
          para o  Brasil em menos de  um  uno. enquanto no tempo   de, jã no reinlldo de O. Maria I, voltou a ser criada a classe
          das frotas  se  faziam  dois comboios em três anos.  Além   de guarda-marinha. sendo estes integrados numa compa-
          disso. os prazos  de  crédito foram  encurtados e  começa-  nhia  que  tinhll  O seu quartel n ..  Sala do Risco do antigo
          ram a utilizar-se no comércio letras de câmbioe).   Arsenal da Marinha(H).
             Francisco  Xavier de  Mendonça  Furtado foi  ministro   Segundo alguns autores. o  marquês de  Pombal  teria
          dil  Marinha até à sua  morte. em  1769.  Para o substituir.   a intenção de dotllr a Marinha de Guerra com trinta naus
          foi nomeado Martinho de Melo e Caslro. em 4 de Janeiro   de linha , além de fragatas e outros navios menores, pro-
          de  1770. Este  for:1  durante dezoito anos embaixador de   jecto que  n[lo  chegou  ii concretizar por, entretanto. ter
          Portug,,1 em Londres. Paris e Haia e cedo começou a fazer   abandonado o poder. Contudo. cm 1766. a nossa Armllda
          críticas à administração despótica de  Pombal. Contudo.   não teria mais de dez naus e  vinte fragatas.  Estes navios
          foi forçado a submeter-se à autoridade do marquês, cujo   eram  todos  construídos  com  boas  madeiras  e.  naquele
          prestígio junto de  O.José lião cessava de aumentar. Os  ano. foram lançadas ã água duas naus. uma de 74 e a outra
          seis  primeiros anos de governo de  Martinho de  Melo e   de 72 peças, de construção admirável. pela sua resistência
          Caslro foram  por isso de expectativa e de grande prudên-  e duração('!).
          cia. para procurar manter a confiança do rei e de Pombal.
          Somente depois da exoneração deste. em  I de Março de                    Henrique Alexandreda FOI/seca,
          1777. se iniciaram as notãveis reformas deste ministro. al-                                   ClJp.·m.-g.


             (") «R«o,da(iNs. oh. (";1.                          (") Dtcrt /O dt 14 dt Dt ltmbrodt 1782.
             ('") . Mar,itrho dt  Ml'lo  j  üwro.  N",d.·t/ Ministro do  Mo,i"hlh.   (lO) "Ewt Prbtnl dll  Royullmt dt Por/ligaI ~n /'onntt 1766,., do gt-
          " Rf"isla tllI Armfldll .. " .'" 149/Fn'. IIt84.    Ir{',al DII/1l(J/lr;fl .



                 Terminolo  ia Naval







          •  PEITO DE MORTE -    Botão cruzado que serve para   •  PÉLAGO- Mar alto; mar profundo.
          abotoar dois cabos ou hastes de madeira em cruz.
                                                              •  PELO OLHO -   Direcção da popa à proa, através da
                                                              linha longitudinal do navio.
                             +                                •  PELO REDONDO -     Em direcção normal ao sentido

                                                              da cocha do cabo.

          •  PEITO DO BEaUE -    Peças curvas de madeira que   •  PELOS CABELOS -    Diz-se da posição da âncora
          constituem a face inferior do beque.               quando fora da água, suspensa pelo anete.


          •  PEIXES (DAR DE COMER AOS) -     Em calão naval,   •  PELO TRAVÉS -   Em  direcção normal à quilha do
          vomitar, por motivo de enjoo.                      navio.

          •  PELA BARBA - Pela proa.
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          •  PELA COCHA -Porentreos cordões de um cabo.                                              cap.-m.-g.AN

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