Page 103 - Revista da Armada
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avistamentodocasco do Navio de Mogno nas dunas a OBste   Um  arquedlogo  maritimo  do  Oeste  australiano,  Mr,
          de Warrnambool.  Chamavam-lhe o navio naufragado, mas   McCanhy,  disse que eflcontrar em terra os restos de um
          anos depois foi apelidado de Navio de Mogno devido a cor   neufrâgio devia apresentar enormes problemas de identifi-
          escura das suas madeiras.                           cação. Discutiu a técnica de sensores a distância usados no
             O chefe das pesquisas (tr~s) em busca do navio, Mr. lan   sau Estado e sugeriu que Warrnsmbool talvez tenha que
          McKiggan. de Melbourne, comunicou ao simpósio ter havi-  esperar pelo desenvolvimento tecnológico futuro para aju-
          d041 relatos de testemunhasocularesantesde 1880, quan-  dar apesquisa do Na vio de Mogno,
          do  ainda  não  tinha,  provavelmente,  sido  coberto  pelas   Vm membro da Associação do Navio de Mogno de Mel-
          areias.                                             bourne, dr. Murray Johns, chamou a atenção para as possi-
                                                              bilidades oferecidas pela tecnologia, propondo usar-se um
             No mesmo jornal («The Standardn) e na mesma data, Ri-  novo radar de subsolo na pesquisa das dunas.
          chard Goodwin escreveu o seguinte artigo:
                                                              UMA CARTA DO AUTOR DO LIVRO
                                                              . THE SECRET DISCOVERY DF AUSTRALLIA.
          A  BUSCA DO NAVIO DE MOGNO CONTINUA
                                                                 Bob Eckersley, de quem já falei na "Nota de Abertura»,
                                                              teve a gentüez8 de enviar ao comandante Leiria Pinto os re-
             A  Investigação cientifica e histórica está-se aproximan-
          do de desvendar o mistério do Navio de Mogno de Warr-  cortes de jornal com os artigos traduzidos. acompanhados
          nambool -  mas os resultados nem sempre vêm em apoio   de uma carta onde d iz que as conclusões do Segundo Sim-
          da possibilidade de ser um navio naufragado enterrado nas   pósio, a que nos vimos referindo, s6 serão publicadas poste-
          dUllas a oeste da cidade.                           riormente.
                                                                 Esperamos que nos as envie ta mbém, por intermédio do
             Uma grallde parte de investigaç6es sobre o  Navio  de
          Mogno,  umas novas outras revistas,  foram  apresentadas   comandante Leiria Pinto. para delas darmos conhecimento
          num  simpOsio.  num  fim-de-semana.  onde estiveram pre-  aos nossos leitores.
          sentes maIS de  60 pessoas  vmdas de  todas as panes da   Entretanto, Mf. Kenneth Gordon McIntyre, distinto au-
          Austráhs.                                           tor do livro . The Secret Discovery of AustraliaN, escreveu
             Nos cinco anos decorridos desde o primeiro simpósio   uma carta ao comandante Estácio dos Reis, adjunto do Mu-
          australumo sobre o assunto, que teve lugar no Instituto de   seu de Marinha, seu conhecido de quando esteve no nosso
          Educação Avançada de Warrnambool, a variedade de espe-  pais,  que julgamos de muito interesse divulgar também.
          cIalistas ln vestigando o sssu nto alargou -se.     Dizoseguinte:
             O evento deste ano, organizado pela Comissào do Navio   Muito  agradeço os recortes  da  "Revista  da  Armada »
                                                              que achei muito interessantes. Fiz cópias coloridas da iJus-
          de Mogno, teve lugar na sala de sessões da Câmara Munici-
          pal.                                                traçlio da capa com a representação do naufrâgio do navio
             Mr. Bill Richardson,  leitor de espanhol e  ponugués na   de  mogno.  A  concepçâo australiana  do sucedido com os
          UJlIversidade deFJinders, em Adelaide, refutou as opiniões   trés navios de Cristóvão de Mendonça tem sido sempre a
                                                              de um navio isolado que deu a costa num local abandonado
          multo espalhadas de que os mapas franceses do século XVI
          representavam  um  esboço do contorno da  costa leste da   e os outros fora da  vista e incapazes de prestar auxilio. A
                                                              vossa figura prevé que os outros dois navios regressaram
          Austrália  que  teria  sido  reconhecida  pelos  navegadores
          ponugueses. Os chamados mapas de Dieppe, representam   depois do temporal para confirmar o naufrãgio e embarcar
          uma  vasta ârea de terra do hemlsferio sul chamada Java   quaisquer sobreviventes. Penso que esta concepção é mui-
          Grande. Os peritos que aceitam a opinião de que uma cara-  tomais satisfatória. Como os navios, ao regressarem, terlo
          vela portuguesa naufragou perto de  Warrnambool,  numa   provavelmente removido as peças de artilhan'a, além de ou-
          expecJJçào  de  1522,  fundam-se  sobretudo nesses mapas,   tros artigos de valor, isso talvez seja a razão pela qual os de-
          lias quais acham  grandes semelhanças com a  conhecida   tectores de metal ainda não encontraram nada debaixo das
                                                              areias.
          costa leste da Austrâlia. Contudo discordam sobre o extre-
          mofma/ do mapa que uns entendem representar a costa de   A  ilustração do vosso artista é  muito boa, mas ele, por
          Vitória e outros o lado leste da TasmAnia e ainda outros a   engan o,  mostra  uma costa rochosa.  Ora a  costa de Warr-
          ponta da Ilha None da Nova ZelAndia. Mr. Richardson disse   nambool recorda-me as dunas e lagoas de A veiro, pelo que
                                                              ti de presumir estar o casco naufragado enterrado em qua/-
          que esta falta de consenso devia  ter alenado as pessoas
          para  a  Improbabilidade  da  Java  Grande ser realmente  a   quer sitio debaixo daquelas areias,
                                                                Oeditorialpublicado é também muito interessante, Mas
          Austrâlia. Afirmou que a transcrição dos mapas era de pou-
          ca confiança, nessa epoca, por váriOS razões, sendo uma de-  lião posso concordar com o autor quando dIZ que entre 1519
                                                              e  1527 nada conseguIU apurar sobre as actividades náuti-
          las a difIculdade de traduzJf português para francês.
             O eSCfJtor e cartógrafo bngadelro Lawrence Fitzgerald   cas do navegador. Hã referenCias 8  Cnstóvão de Mendonça
          dIsse ao sImpósio que os traços essenciais dos mapas do sé-  em IIDécadas da Índia ", de João de Barros (ine/uindo a sua
          culo XVI correspondIam a geografia do leste da Austrália.   partIda de Malaca, em 1522, para explorar as Ilhas do Ouro),
          Sustentou que esses mapas eram um produto das viagens   que eu examinei no capituloXVIl do meu livro.
                                                                Dá-me muito prazer ver que continua a  haver interesse
          do portugués Cristóvão de Mendonça, que se enquandram
          na mesma categoria heróica das viagens de Magalhães e   pelo assunto de QUEM DESCOBRIU A AUSTRALIA ?( .. .).
          Colombo.
            O geólogo Mr. Edmund GiJJ sugeriu que o Navio de Mo-
          gno tinha chegado ao largo de Warrnambool durante mares
          tempestuosos e fora arrastado por ondas de alguns metros
          de altura. Embora tivesse ficado vislvel nas dunas baixas de
         areia que havia há 150 anos, a costa alterou-se muitodesde
          entAo.
                                                                                                    M. do Vale,
            O leItor sénior de quimica da WIAE, dr. John Sherwood,
                                                                                                         c/alm
          mformou que havia sete camadas de depósitos sedimenta-
         res nas dunas, incluindo um depósito pantanoso com 1100
         anos. Disse que o navio tinha que estar na segunda cama-
         da, formada por areia calcárea (?) (calcarenite sand) e lem-  (') Em «Os Descobrimentos Portugueses". deJaime Corresão,
                                                             vaI. fi. págs. 226 e227: O mapa do DelfIm, com a legenda: A Austra-
         brou  que o  seu  tamanho era  diminuto comparado com  a
                                                             lia (7) no mapa anónimo dito do DelfIm de cerca de 1536  (Está  lIa
         área a pesquisar. Disse que ele e um colega, Mr.  Colin Ma-  Biblioteca do Museu Brtãnico, ref. ADD 5413-N T.J.
         gi/ton, estavam a fazer análises para procurar vestígios de
         metal na areia -na expectativa de serem produtos da cor-
         rosAo de peças do navio.                            ••••••••••••••••••••••••••••••
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