Page 104 - Revista da Armada
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AQUILO QUE A GENTE NAO ESQUECE (15)




            A guerra do ar condicionado






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           C     alor  e  humidade  são coisas  que  os  Serviços   Sua Excelência dignou-se também visitar o Serviço de
                 Meteorológicos  podem  prever  diariamente
                 na Guiné.
                                                               como todos os outros, estava prOvido de um aparelho
              Muito transpirou este corpinho durante dois anos   Assistência  Religiosa  e  o  gabinete do capelão que,
           e pouco que porlápassou.                            de ar condicionado. Timbrava o citado chefe por uma
              Certamente, outros poderão queixar-se mais do    certa austeridade de palavras. Contudo, nesse dia, foi
           que eu. E.  para atenuar os efeitos do calor intenso,   pródigo em considerações e aproveitou a oportunida-
           abençoado  seja  o  progresso,  foram-se  instalando   de para lançar esta piada humorística: Muito bem,
           aparelhos de ar condicionado em quase todos os de-  estou  vendo  que  V."  Rev. c.i ..  é  não  só  o  capelão
           partamentos públicos e nas instalações citadinas das   D'ELMAR  mas  também  D'EL  TERRA  e  D'EL  AR
           Forças  Armadas.  E  a  icguena»  começou  aqui.  No   CONDICIONADO.
           mato, dizia alguém, não havia ar condicionado para     A  pouca  gente  que  estava  presente  expandiu
           os homens destemidos que por lá se batiam heroica-  numa gargalhada que se fez ouvir a  distância. E  eu
           mente. POI isso mesmo, os chefes militares não viam.   não fui dos que riram menos.
           com muito bons olhos o avassalar de aparelhos de ar    Aproveitei mesmo para, no programa radiofónico
           condicionados nos gabinetes de trabalho. Mas lá que   das Forças Armadas, programa esse vulgarmente co-
           eram  necessários  para um  melhor  rendimento dos   nhecido por uPifasn, de que era director o então major
           serviços, isso eram, ninguém o punha em causa.      Ramalho Eanes, tecer largas considerações sobre os
              A certa altura constava que, em reuniões de altos   abnegados homens do  mato e  sobre as suas priva-
           comandos, o  ar condicionado era mandado desligar   ções, numa rubrica que durante muito tempo esteve
           por quem tinha autoridade para o fazer, como teste-  a meu cargo e se intitulava ((Pausa Para Meditaçãon .
           munho de abnegação e  sacrificio que um teatro de      Não faltou quem, em dias seguintes, frequentasse
           guerra exigia.                                     o meu gabinete mais do que era habitual, na mira de
              Certa vez, o referido militar visitou as Instalações   observar se o aparelho de ar condicionado estava ou
           Navais de Bissau (INAS). Depois de passar revista ao   não ligado,
           pessoal em parada resolveu dar também uma olhade-      Claro que sim, que estava ligado, pOis que estas
           la às dependências de cada um dos serviços.         coisas do progresso, se elas são boas, há que aprovei-
              Convém aqui referir que sendo eu capelão da Ma-  tá-Ias. Mas que a piada foi fina, ai isso foi.  Direi mes-
           rinha na Guiné me foram atribuídas, no entanto, di-  mo, vinda de quem veio, ela foi elegante, e é daquelas
           versas unidades do Exército sediadas em Bissau, com   que nunca mais esquece.
           a anuência e apoio do citado chefe militar. O Coman-
           do-Chefe, instalado na Amura, o Batalhão de inten-
           dência, o Batalhão de Serviço de Material, o Depósito
           Base de Intendência e a Polícia Militar eram algumas
           dessas unidades a que eu dedicava um pouco do meu                                   Delmar Barreiros,
           trabalho.                                                                     cape}fjo graduado em cap. -trago

           Formação profissional de jovens





               Decorre no Arsenal do Alfeite (AA) uma acção de   apoio, no caso do AA a Escola Secundária Emídio Na·
           formação  profissional,  denominada Acção-Piloto  de   varro, de Almada.
           Formação Profissional de Jovens, iniciada no ano lec-  Procura-se, assim, complementar a  escola com o
           tivo de 1980-81, que tem vindo a  produzir assinalá-  trabalho.
           veis resultados.                                       Intervêm  nesta  acção  três  entidades  distintas
              Trata-se duma acção de formação em que jovens    como suas patrocinadoras: o Ministério da Educação,
           dos 14 aos 17 anos, para além da aprendizagem duma   que assegura o pessoal docente da área formativa ge-
           profissão (três disciplinas, tais como tecnologia, de-  ral;  o  Ministério  do  Trabalho,  que suporta o  paga-
           senho e práticas oficinais), continuam a desenvolver   mento de subsidios de formação aos jovens (1.0 ano,
           a sua formação geral, ministrada no próprio estaleiro   5 contos; 2. 0  ano, 6 contos; 3. o ano, 7,5 contos) e ofere-
           por  professores  do  ensino  oficial  duma  escola  de   ce preparação pedagógica a monitores; as empresas
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